A metodologia de Luís Castro
As equipas de Luís Castro são marcadas por uma estrutura rígida. O Jogo de Posição é o alicerce do seu estilo, um método que teve maior expressão durante a sua passagem pelo Shakhtar Donetsk, onde encontrou um ambiente propício para explorar este conceito.
A base para atacar é o 4-3-3, que se transforma em 3-2-5 na fase ofensiva. Defensivamente, organiza-se em 4-1-4-1, aplicando uma marcação zonal. Embora ocasionalmente promova saltos de pressão, a prioridade é apenas abordar os adversários que entram na sua zona de ação.
Os médios desempenham um papel central no seu modelo de jogo. Um deles é encarregado de gerir a saída de bola (alternando entre formações de 3+2 ou 4+2), enquanto os restantes realizam movimentos de rutura, procurando criar espaço nas costas da defesa adversária. Este padrão é frequentemente utilizado para ativar o conceito de terceiro homem, um elemento crucial no Jogo de Posição e fundamental na filosofia do treinador.
Laterais e extremos no ataque
Os laterais são instruídos a atacar simultaneamente e a manter-se abertos, permitindo aos extremos ocuparem zonas mais próximas da baliza. Quando a equipa se instala no meio-campo adversário, Castro procura povoar a área com três ou quatro jogadores, criando igualdade numérica para finalizar.
Os avançados sob o comando de Luís Castro, independentemente do número de golos que marcam, são encorajados a envolver-se no jogo associativo. Exemplos disto incluem Tiquinho Soares e Cristiano Ronaldo, que trabalharam bem neste sistema.
Limitações defensivas
A posse de bola é essencial para os seus planos, pois sem ela as suas equipas enfrentam dificuldades defensivas. Luís Castro exige uma pressão intensa pós-perda, mas quando a sua equipa é ultrapassada, o bloco alto e a estrutura em 4-1-4-1 frequentemente deixam grandes espaços entre setores. Esta vulnerabilidade torna o “correr para trás” uma ocorrência comum, algo mais evidente durante o seu período no Al Nassr, onde a liga apresentava menor nível competitivo e intensidade.
Estratégias nas bolas paradas
Nas bolas paradas ofensivas, Luís Castro posiciona a maioria dos jogadores na marca de penálti e aposta na estatura dos atletas para criar perigo. Defensivamente, organiza-se de forma mista, com predomínio da marcação zonal, e por vezes utiliza linhas de fora de jogo em lances laterais, embora a coordenação nem sempre seja perfeita.
Botafogo: um trabalho de transição
Curiosamente, no Botafogo, apresentou uma equipa mais focada em transições rápidas, passes longos e jogo pelas alas, um estilo diferente do seu habitual. Esta mudança pode ser explicada pelo perfil dos jogadores disponíveis ou pela exigência do apertado calendário brasileiro.
O trabalho de Luís Castro reflete o rigor e a metodologia da escola portuguesa de treinadores, adaptando-se ao contexto e revelando uma visão estratégica do jogo que o coloca entre os técnicos mais respeitados do futebol contemporâneo.