Por falar em política, temos um primeiro-ministro que se diz portista, mas assim que foi eleito para o cargo fez questão de dizer que o seu clube é a selecção nacional.
Nunca o vi sequer no Dragão.
Enquanto isso, o seu antecessor, fazia questão de demonstrar o seu benfiquismo sempre que podia e pavoneava-se no estádio da luz.
É o que temos. Uma comédia.
É matemático. são mais logo garantem maior probabilidade de voto. Não é segredo nenhum que ser do benfica é vantajoso politicamente. Sempre foi assim. E acredita que existe mais contenção agora em manifestar benfiquismo do que antes porque já não são 6 milhões ou 80% da população, como antigamente. Mas ainda são a maioria.
A título pessoal posso contar uma história engraçada que me foi partilhada por alguém muito próximo, que fez assessoria do Min Fin no executivo do Costa.
Quando o Centeno presidiu o Eurogrupo (ao mesmo tempo que era ministro das Finanças cá) estava a preparar terreno para lançar uma candidatura ao BCE quando o Draghi saísse. E inicialmente até era visto como um dos favoritos porque estava a fazer um brilharete nas contas cá e porque no Ecofin toda a gente gostava muito dele (é um tipo carismático e simpático dentro do seu meio embora profundamente arrogante para os subordinados).
A coisa até estava bem encaminhada e até tinha bastante apoio numa fase inicial mas a sua imagem acabou por começar a degradar-se lá dentro por diversos motivos e um deles era... o futebol.
As reuniões mensais do Eurogrupo eram quase sempre às segundas-feiras e a maioria dos ministros dos outros países viajava para o Luxemburgo (onde são as reuniões) no domingo e pernoitava lá. O Centeno chegou a atrasar-se e atrasar o início de alguns meetings porque às vezes voava só na segunda-feira de manhã. Coincidentemente, alguns desses voos de segunda à última da hora eram quando o benfica jogava em casa ao domingo.
Uma outra vez, numa reunião que tinha uma ordem de trabalhos bastante extensa (antecedia o semestre europeu) e estava-se a alongar bastante, o gajo decide suspender a reunião sem haver deliberações finais. Aquilo era um problema porque no dia seguinte havia ECOFIN e havia decisões a tomar. Alegou cansaço de generalizado e tal e remarcou a agenda para 3ª de manhã. A reunião de facto já durava há muitas horas, mas guess what, nessa segunda-feira jogava o benfica e ele viu o jogo no hotel onde ficava.
Aquela obsessão dele com o benfica era conhecida lá e como às vezes interferia com a ordem de trabalhos, deixava os ministros dos outros países bem fodidos. Nunca ninguém deu com a boca no trombone porque isso daria uma imagem muito pálida institucional da UE, que está sempre debaixo de fogo, mas lá no conselho era visto como muito pouco profissional da parte dele.
Não foi obviamente isso que o queimou na UE mas foi algo que só lhe deu conotação negativa.
Quando começou a perder estatuto e apoio lá dentro, desistiu da ideia de ir para o BCE e depois acabou por ter o Banco de Portugal como prémio de consolação.