Destinam-lhe demasiada animosidade.
Conceição acabou por ser uma figura fundamental, destacando-se no mais conturbado período da história recente do clube. Numa fase de declínio, rareando os títulos e esboroando-se as finanças, Conceição devolveu-nos a competitividade e conduziu-nos de regresso às conquistas. Campeonatos, taças, supertaças... presenças nas grandes competições, uma ou outra grande noite europeia (um ou outro pesadelo). De nada valerão as objecções de que, no passado, se vencia mais. Esse Porto era outro, e o momento que se vivia no futebol português também.
Conceição deixou-nos várias polémicas e uma imagem final difícil de digerir. Errou ao associar-se a uma das campanhas à presidência, quando a sua posição aconselhava equidistância. Aos sócios o que é dos sócios. Abdicou porém do contrato assinado e das suas prerrogativas, apesar do fim conturbado. Se, durante a sua liderança, actuou com excesso de poder ou poder indevido... a responsabilidade não foi sua, mas sim da presidência, da estrutura e, em última análise, dos próprios sócios, que tarde despertaram para a situação insustentável do clube e da administração.
Tudo pesando, fecho os olhos e encolho os ombros ao que de mal fez. Por cá permaneceu durante um longo período, nem tudo foi bom. Mas estas desilusões e falhas não eclipsam o que de positivo conseguiu. Nunca saberemos o que teria sucedido com um outro treinador. Sabemos sim que o Porto voltou a ganhar com ele, e, quando não ganhou, competiu várias vezes até ao fim ou perto disso.
Que tenha sucesso em Itália e que o tempo suavize os seus erros.