Em honra ao treinador poeta
“O campo não é campo, é mundo,
onde correm homens que sonham ser miúdos,
uma bola que não é bola, mas destino,
e o tempo, que sempre foge, aqui se demora,
como se o jogo pudesse vencer o relógio,
como se a vida coubesse num grito de golo.
São onze contra onze, mas não há onze,
há um povo inteiro no pé de cada remate,
no suor que escorre como rios sem nome,
na relva que se gasta como histórias repetidas,
e no céu que assiste em silêncio, cúmplice,
porque sabe que aqui se constrói o infinito.
O árbitro apita, mas quem o ouve?
O jogo continua em cada canto da memória,
em cada criança que chuta uma pedra na rua,
em cada velho que conta jogos que nunca viu,
em cada mãe que reza por um filho que dribla a sorte,
porque no futebol, como na vida, todos jogam,
mesmo quem nunca calçou chuteiras.
E a bola gira, porque girar é o seu destino,
vai, volta, perde-se, encontra-se,
como nós, que corremos atrás dela
como quem corre atrás de um amanhã melhor,
um amanhã onde o marcador seja justo,
e o golo, mais do que um ponto, seja um poema.
No fim, não há fim, só recomeço.
Porque o futebol, como a vida,
não é sobre ganhar ou perder,
mas sobre continuar a jogar.” By ChatPoeta