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A equipa do cagão que não sabe os básicos cria quase tanto como a super equipa lagarta...
O nosso problema é defensivo.
Esse é um dos maiores problemas que estamos a enfrentar neste momento passa pela evidente falta de trabalho tático defensivo. Nota-se que os jogadores têm dificuldade em posicionar-se corretamente e em reagir de forma rápida e coordenada às movimentações do adversário. A nossa equipa parece lenta a reconhecer as ameaças e a fechar os espaços quando o adversário avança, algo que, num clube com a exigência do FC Porto, não deveria acontecer.
É importante perceber que estas lacunas não são apenas uma questão de qualidade individual ou de esforço – trata-se de aspetos que devem ser treinados e trabalhados de forma intensiva. A leitura de jogo, a capacidade de antecipar e reagir às movimentações do adversário e a forma como a equipa se organiza defensivamente são tudo processos que têm de ser desenvolvidos com repetição e com um plano tático claro. Sem um trabalho bem definido na defesa, qualquer equipa ficará exposta, por melhores que sejam as individualidades.
Outro aspeto que tem prejudicado muito o nosso rendimento é a falta de intensidade na pressão sem bola e, em particular, na reação à perda de posse. Sempre fomos um clube conhecido pela intensidade e pela garra em campo, mas ultimamente, essa identidade parece ter-se perdido. Quando a equipa perde a bola, nota-se uma reação lenta, sem a agressividade necessária para recuperar rapidamente a posse ou, pelo menos, forçar o adversário a erros. Esta falta de pressão organizada permite que o adversário construa com tempo e espaço, explorando as nossas fragilidades e abrindo buracos na nossa defesa.
A pressão sem bola, a reação rápida à perda e a coordenação defensiva são pilares fundamentais de qualquer equipa de topo hoje em dia. Não basta querer recuperar a bola, é preciso ter processos trabalhados que permitam reagir de forma eficaz e em conjunto. Esta falta de intensidade está a custar-nos jogos e pontos e é essencial que a equipa técnica comece a dar atenção a estes aspetos básicos, mas críticos, para que possamos voltar a ser uma equipa que impõe respeito.
Para um FC Porto competitivo, a organização defensiva e a intensidade na reação à perda são obrigatórias.
Ofensivamente, é evidente que também falta trabalho. Os processos de construção e finalização ainda não estão devidamente desenvolvidos, o que é especialmente grave considerando que já estamos numa fase avançada da época. Contudo, sejamos honestos, com o nível de qualidade individual que temos e o talento de um avançado como o nosso – que, aliás, tem sido mal aproveitado e poderia ser muito mais potenciado – conseguimos ultrapassar adversários mais acessíveis. O campeonato tem um nível relativamente baixo, o que nos permite ir vencendo estes jogos. O problema surge nos jogos de dificuldade média ou alta, onde estamos a ser completamente expostos defensivamente, sofrendo golos por falhas em processos básicos.
Outro ponto crítico é a saída de bola, que continua a ser um desastre. Tentamos praticar uma saída desde trás, mas sem qualquer critério e qualidade, o que compromete a equipa e causa erros evitáveis. Este é um aspeto que já devia ter sido corrigido há muito tempo, especialmente depois da primeira parte vergonhosa contra o Arouca, em pleno Dragão, onde a falta de soluções ficou evidente.
A verdade é que há muito trabalho básico por fazer. Não estamos a falar de sistemas complexos ou de aspetos de alta exigência tática – são princípios básicos de jogo. Mas a realidade é que, até agora, nada disso foi consolidado, e sem uma mudança radical na forma como estes princípios são trabalhados, é difícil ter confiança de que a equipa vá melhorar a curto prazo.