Se a policia te mandar parar a ti e a todos da tua etnia e deixar os outros passar, anos a fio.... tu aceitas na boa, é isso?
Desculpa a demora na resposta mas, curiosamente, fui mandado parar na estrada pela polícia.
Eles pediram os meus documentos e da viatura e para bufar ao balão. Não atendi ao pedido, fugi e acabei por incendiar dois autocarros e 3 ecopontos. Na verdade só incendiei um mas a sociedade continua a encostar uns aos outros e aquilo pegou aos três.
Estou a brincar!
Falando a sério, não sei como te responder.
Estás a colocar a questão duma forma demasiado extremada como se houvesse perseguição a etnias e isso é algo que não concordo nem por um bocadinho.
No entanto, posso-te contar um episódio da minha adolescência que pode ajudar a compreender o meu ponto.
Nos meus early twenties saía com um amigo que tinha um Honda Civic.
Este mas em vermelho.
Para quem é da geração sabe o que vou dizer. Honda Civic é o pai do Seat Ibiza mas sem andar a cagar fumo.
O carro do guna. Não havia hipótese. A polícia via um destes na rua e mandava logo encostar. E se fosse um gajo novo lá dentro era certinho como a morte.
O dono - um gajo da minha idade mas com barba sempre por fazer mesmo à cigano (e não era cigano - eu e mais dois amigos (um deles preto) costumávamos parar num spot aqui por Gaia, à noite, a queimar umas ganzas.
Disclaimer: não fumo mas sou 100% liberal na matéria.
Uma ocasião passa uma carrinha do Iraque carregada de polícia lá dentro onde estávamos parados. 4 marmanjos à uma da manhã num Civic? Ainda por cima no escuro?
Saíram logo e claramente com ar apreensivo e na defensiva. Quem sou eu para julgar? Era o carro típico de gandim que anda na faculdade da vida. Há quem lhe chame preconceito, eu chamo experiência.
Eles pediram para sair do carro. Saímos. Identificamo-nos. O dono do carro mostrou os documentos da viatura. Explica-mos que estávamos apenas ali a fumar um charro. Eu não mas os meus amigos sim. Chibei-me logo não fosse aquilo correr mal!
Eles pediram para mostrar o que tínhamos. Mostramos. Eram dois meios contos. Fomos revistados. Sempre a colaborar.
Eles começaram a perceber que éramos apenas jovens a ser jovens e começaram a baixar a guarda. Ao ponto de que acabamos a noite a rir-mos com os agentes com a figura do dono do carro porque só tremia quando o os colegas estavam a revistar o carro. Parecia que trazia um cadáver no carro. Só visto.
Deitaram-nos as ganzas ao lixo, deram o discurso da praxe e tal e que na próxima teriam de nos levar para a esquadra.
Resumindo, tudo correu bem.
Assumimos as nossas responsabilidades, aceitamos a decisão dos agentes da autoridade. Que são pessoas com medos e receios como qualquer um de nós e tem de lidar com estas situações de stress em que se o nervosismo aumentar podem-se tomar decisões precipitadas e desproporcionadas.
Mas lá está. Éramos apenas jovens a ser jovens. Sem más intenções.