O Vítor Bruno terá obrigatoriamente de ser muito mais julgado pela forma como reage a um jogo destes do que pela derrota em si.
Do onze apresentado em Guimarães rodou três jogadores. Só três. Galeno por Iván Jaime, Pepê por Gonçalo e Varela por Grujic. Isto não é nada.
Muito menos algo predestinado ao desastre.
Temos jogos complicados já na próxima semana, antes de nova paragem para as Seleções. Fez todo o sentido encarar o jogo na Noruega - e também o próximo com o Arouca - de uma forma que permita gerir os jogadores que têm tido mais minutos para estarem ao menor nível para o United e para o Braga, ao mesmo tempo que se tenta manter os reforços em adaptação num contexto competitivo.
Quer a equipa apresentada na Noruega dava garantias de poder conseguir um bom resultado, quer uma equipa que poupe um Nico e um João Mário - com Vasco e Martim a entrar no onze - no próximo domingo também o fará. Fica bonito vender a imagem de que os jogos são todos para ganhar mas é preciso ter a noção de que um empate na Noruega era bom. Não que tenham tentado empatar, mas forçar em demasia uma vitória (usando os melhores jogadores) num jogo em que a mesma não era essencial, podia colocar em causa uma melhor condição física em jogos que, aí sim, ganhar é quase imperativo. Com o United porque mais do que ganhar fazemos com que eles percam (o novo formato da Liga Europa assim o determina), com o Braga porque é a competição mais relevante e a que tem de ser a prioridade.
Este ano não vamos ter as condições de 2003 e de 2011 em que tinhamos o campeonato decidido para poder apostar as fichas todas na Europa. E da mesma forma não temos plantel para rodar como já fizemos noutras épocas. Dando o exemplo de 2011, tinhamos Cebola, Hulk, James e Varela para duas vagas. E ainda Fernando, Guarín, Moutinho, Belluschi, Rúben Micael e Souza para três vagas. Contratamos imensa gente para o banco, mas com perfil para o tipo de jogo que pretendiamos. Este ano o banco é quase todo feito por jogadores com perfil muito distinto dos titulares. Samu/Namaso, Moura/Zaidu, Djaló/Otávio, Varela/Grujic, etc. O rodar torna-se mais complicado não só pela diferença de qualidade como pela diferença de perfil que faz com os os automatismos, já frágeis numa equipa em construção, possam vacilar ainda mais.
A pressão e a exigência absurda que se anda a colocar à volta da equipa depois de um (muito) mau jogo parece esquecer tudo isto. Foi UM mau jogo, que pouca influência irá ter no progresso na Liga Europa. O que deveria interessar neste momento é a forma como a equipa vai reagir em termos de atitude e não a criação de ultimatos que em nada favorecem a equipa.
Espero que os planos para estas duas semanas antes da paragem para seleções, em termos de gestão de esforço, não sejam colocados em causa por causa de uma derrota. Alterar o que está planeado neste momento pode fazer com que a condição física no final da próxima semana não seja a melhor, sendo que a derrota na Noruega já ninguém a retira.
A gestão até aqui tem sido, a meu ver, correcta, e conto que esta se mantenha no domingo. Na quinta-feira e no domingo, aí sim, é para entrar com tudo.