Certo... Nem trabalho na área de R&D, nem lido com investigações, patentes e bases científicas constantemente.O teu problema, no essencial, é que ainda não compreendeste como a Ciência (TM) pode ser capturada e controlada pelo big money.
Presumo que fales com base em conhecimento técnico direto, não apenas porque viste isso num vídeo qualquer, espero.
A "pseudociência" que foi fundamental para evitar milhões de mortes por doenças como a varíola, polio, sida, todos os tipos de hepatite, HPV, entre outras?E isto pelo menos desde o princípio do século XX, quando os interesses da indústria química/petrolífera trataram de promover uma pseudo-ciências chamada virologia (se quiseres bibliografia sobre o assunto, estás à vontade).
Vais ter mesmo de me revelar a tua área de especialização, que te permite aferir e generalizar o caráter de todas as pessoas que dedicam décadas de estudo e pesquisa a uma especialidade, sujeitando-se ao escrutínio constante dos seus pares, de organizações e agências de transparência, e que veem as suas experiências a serem replicadas um pouco por todo o mundo até terem as suas conclusões finalmente reconhecidas.Como a ciência hoje já não é feita individualmente por génios, como até ao século XIX, mas por equipas e no seio de instituições, ela está dependente de financiamento privado ou estatal. Dependência essa que cria pressões, que de científicas podem não ter nada (e muitas vezes não têm).
Primeiro: não existe consenso científico. Existe sim um conjunto de conclusões semelhantes de diferentes estudos que podem ser replicados e que permitem levar a um entendimento generalizado. Pega nas vacinas por exemplo, já que é um tema que gostas.E quem financia as universidades e os estudos ditos científicos tem o poder de determinar o chamado "consenso científico," que depois a CS e o público encaram como Verdade Absoluta e irrefutável. A partir desse momento, quem contestar essa "verdade científica" (TM), passa a ser visto como um herege nos tempos da Inquisição (os termos oficias hoje são "negacionista", "conspiracionista" ou "desinformado"), mesmo que esse contestário seja um cientista doutorado no assunto e até dê aulas em Oxford-ó-caralho. O que é o contrário do espírito científico, mas que safoda.
A vacina da gripe é eficaz para prevenir casos graves em indivíduos vulneráveis. Esse é o entendimento generalizado, baseado em, por esta altura arrisco dizer, milhares de estudos sobre o tema. Depois disso, há questões relacionadas com a eficácia da vacina tendo em conta as diferenças genéticas de diferentes populações e comorbidades, existem questões relacionadas com a durabilidade da vacina, já que aparentemente a imunossenescência pode reduzir a sua eficácia. Existem dúvidas relativamente à eficácia da vacina para diferentes mutações do vírus, há quem debata que, e aliás isto até é geral dentro da área, se a utilização do vírus inativado é ou não preferível ao vírus atenuado. Ou seja, o único "consenso" aí é que a vacina é melhor do que nada. A partir daí, tens imensos debates oriundos de diferentes estudos feitos anualmente que demonstram que existem variações de incidência, que levam alguns médicos a não recomendar a vacina para certos grupos.
Segundo: Em qualquer área, se partíssemos do pressuposto de que tudo o que foi feito anteriormente é falso e que teríamos de começar tudo do zero, cientificamente seria um caos. Não terias um telefone na mão porque ainda estaríamos a debater se o selénio e a sílica são ou não semicondutores, não farias mergulho submarino porque não saberias quanto oxigénio seria necessário colocar na garrafa, não tratarias metade das doenças que já erradicaste atualmente, porque ainda estaríamos a discutir se a molécula de DNA tem ou não hélice dupla. Partes dos princípios que compõem a ciência atual e com isso crias tecnologia que funciona. Mesmo que às vezes não saibamos bem como. Por exemplo, o analgésico mais comum do mundo, o paracetamol, ainda hoje não sabemos bem como funciona. Mas funciona, não foram ainda descobertos efeitos secundários graves e, portanto, vai sendo utilizado. Até em excesso, diria eu.
Terceiro: O financiamento de qualquer pesquisa tem de ser discriminado. De dark money pouco tem, são processos transparentes. Qualquer instituição atualmente tem comissões de ética, responde a conselhos regulatórios, a agências fiscalizadoras e as próprias revistas exigem a toda e qualquer publicação a lista de fontes de financiamento. Ninguém quer ser o novo Wakefield.
Acusas-me de algo que pareces fazer.Tu não precisas de ouvir os argumentos dos cientistas contrários porque já sabes que eles estão "errados", visto que não fazem parte do "consenso científico" caucionado pelo Templo da Ciência (vulgo universidade) e difundido pela máquina de propaganda chamada CS. Escolheste a priori o teu lado, que é o "trust the science", portanto nunca vais poder em questão nada. Isso é uma atitude científica? Não me parece. Mas também não tem mal. Pelo contrário, todos os estudos antropo-bio-sociológicos mostram que, numa espécie social, seguir a verdade oficial é a atitude mais prudente e mais saudável. Hoje como no tempo de Sócrates, Galileu, Espinosa ou Semmelweis, os espíritos críticos tendem a dar-se mal na vida. E quem é que precisa disso?
Eu tenho um hábito com vários anos: Há quem goste de ouvir música no ginásio. Eu sempre preferi documentários, podcasts, no mínimo notícias. Em qualquer plataforma, e é isso que os algoristmos me apresentam. E apanho de tudo, inclusive o tal filme que já colocaste antes no tópico das alterações climáticas, o qual suponho que subscrevas. E vejo (maioritariamente ouço) as coisas, porque não me incomoda minimamente ouvir opiniões contrárias, mas sou capaz de ouvir e interpretar o que ouço, reconhecer as forças e as fraquezas e tirar as minhas próprias conclusões. Como já te disse, se quiseres falamos disto:
Já concordámos na questão do dark money. Partilhamos de alguns ressentimentos relacionados com algumas indústrias que priorizam o lucro em detrimento do bem-estar social. Agora, perdes-me quando falas de conspirações globais, questionando a integridade de milhões de pessoas, e de extremos de que todas as autoridades, instituições, fundações e associações são corruptas e todos os intervenientes estão envolvidos em algum tipo de conluio. Já disse, é insultuoso para as pessoas, nas quais me incluo, sugerir que estão a esconder alguma verdade universal só porque sim. Mas fico contente que tenhas referido Galileo. Posso assumir que o teu desafio às autoridades não chegou ao terraplanismo.