Também me recordo bem desses 5 anos e como tudo aconteceu e porquê. E há quem se recorde do deserto antes anos 80, mas disso não me lembro.
Nós ganhamos tanto, que caimos na ilusão que podiamos fazer tudo, podíamos mudar o adn, transmutação! Hoje ainda estamos a pagar por esse erro!
Um clube não pode, nunca mas nunca, mudar o seu adn. É como pedires a um ser humano que mude a sua identidade.
Por isso quando vejo aqui pessoas com ilusões de xavi's como se, algum dia podemos ser um Barcelona, enfim. Se querem isso, vejam o Barça.
O nosso adn também deriva da nossa posição geográfica que temos. Eixo Porto Lisboa. E da história, do contexto económico, Porto foi sempre mais pobre que Lisboa. Isso não vai mudar nos próximos 50 anos.
Pinto da Costa percebeu isso como ninguém.
O nosso adn é o trabalho, é todos por um e um por todos, é morrer em campo, é raça, é sacrifício. Foi isso que nos levou longe.
Quando nos esquecermos disso, esqueceremos o que é o Porto. Sérgio resgatou nos disso e voltou a fazer nos sentir o que é.
Hoje tudo isto está muito extremado. Mas com o passar dos anos, é sempre assim na vida, tenho a convicção que o Sérgio vai estar para quem viveu isto, como o Pedroto esteve para o PC, anos 80 e muita gente ainda hoje, o recorda com saudade.
Concordo por inteiro com a ideia que nunca nos podemos esquecer do nosso ADN. Mas, não podemos ficar reféns de uma única ideia. Uma ideia que não muitas vezes clara e precisa à mente e à vista de cada um. Eu, por exemplo, prefiro pensar que no nosso ADN está na ideia que conseguimos fazer muito com o pouco que temos e isso não tem nada a ver com geografia. Essa ideia aplica-se a todo o país!
Na história recente do FCP falhamos, por exemplo, uma oportunidade de ouro para crescermos imenso e, tenho para mim, que aconteceu porque nos afunilamos numa retórica estéril de Porto vs Lisboa, entre outras coisas (quando fomos campeões europeus - o crescimento do número de sócios fui muito reduzido, face ao que podia ter sido, e isso deveu-se à incapacidade de vender a marca FCP de atrair novas pessoas ao clube). Essa ideia não irá trazer-nos nada, só trará populismo.
Eu morei muitos anos no Porto (em concreto, Valongo) e já moro há muitos em Lisboa e posso-te dizer que não é menos portista aquele que não tem raízes na cidade invicta. E há muitos, mesmo muitos! Pelo que, afunilarmos o futuro do FCP nas raízes e na história do Povo da Invicta só dá até certo até certo ponto, depois é preciso mais, muito mais.
Para o FCP ganhar será necessário muito trabalho de pessoas competentes. Só a competência nos permitirá ganhar. Foi a competência que o Sérgio mostrou que nos permitiu ganhar títulos e fazer boas campanhas europeias.
Porém, o reverso também se aplica. A incompetência prejudica-nos. A incompetência emocional do Sérgio prejudicou-nos em vários momentos ao longo dos últimos 7 anos e continua a prejudicar-nos. A incompetência na gestão financeira do clube do Sr. Fernando Gomes e outros que tal prejudicou-nos e continuará a prejudicar-nos. Termos escolhido jeitozinhos, mas amigos, prejudicou-nos e continua a prejudicar-nos.
O Sérgio não é Pedroto.
Pedroto houve um, assim como todos aqueles que inscreveram o seu nome da história do FCP pela sua competência.
O Sérgio ficará lembrado na história do FCP como um jogador que fez formação no FCP e depois voltou como técnico, esteve lá muito tempo e ganhou títulos importante, ganhando lugar no museu do clube. E, se a frase terminar por aqui, fico muito contente. Será sinal que até o final da próxima semana temos o problema resolvido.