O estado acordou muito tarde e só agora se tem visto concursos para habitação pública. Isto porque há zero incentivo para os investidores privados mesmo os locais que não andam à procura de dinheiro rápido, mas sim forma de contribuir e rentabilizar os rendimentos.Juntou-se mesmo a tempestade perfeita: juros altíssimos a atingir pessoas que até agora tinham uma taxa de esforço comportável, com o preço das casas a subir a preços absurdos, o aumento do turismo, que faz com que muita gente tenha alugado os seus apartamentos em AL, em vez de os ter no mercado para aluguer de longa duração, com a entrada de investidores estrangeiros que conseguem comprar casas em Lisboa e Porto a preços completamente especulativos. Por falar nisso, partilharam comigo ontem um T0 em Lisboa para alugar a 3400 euros por mês e um quarto, um mísero quarto numa casa partilhada, a 3000 euros/mês.
Apesar de ser vagamente liberal na economia acho que a situação só se resolveria com um forte investimento do estado em habitação pública (acho que somos um dos países da europa com menos habitação pública, 2% se não estou em erro) , com apoios reais à construção de novas casas (nomeadamente descendo impostos e facilitando a burocracia), limitando a venda de casas a estrangeiros (só para habitação própria, por exemplo) e limitando o aluguer de ALs ao máximo de um por pessoa, proibindo empresas de gestão de ALs, ou até tornando obrigatório, como em algumas cidades dos EUA, o aluguer de curta duração apenas em imóveis que sejam habitados pelos seus proprietários (exemplo, em NY as regras do AL apenas permitem alugar quartos em casas habitadas pelos seus proprietários, não casas completas). Ajudar as pessoas a suportar a sua taxa de esforço é uma panaceia que ajuda circunstancialmente mas o problema fundamental mantêm-se. Não há casas para vender/alugar e as poucas que há, são incomportáveis para os rendimentos dos portugueses.
Opá, o meu conselho para o pessoal mais novo e que está a trabalhar remoto é que tentem ver terrenos mais para o interior, a uma distância de no máximo 90 minutos de Lisboa ou Porto e que construam uma casa modular. Para os outros, não tenho grandes conselhos, lamento. O que ainda vai safando esta geração são as casas herdadas de pais e avós.
Não sugiro casas modulares quando há uma infinidade de construções muito mais interessantes que podem ser recuperadas a um custo razoável, com intervenções sensíveis para com os usos e técnicas construtivas locais que em alguns casos têm largos séculos de saber e assim asseguram a continuidade para com as gerações vindouras.