Claro que a atitude no fim do jogo colheu a aceitação de muitos adeptos.
Claro que o apontar para o símbolo derrete corações.
Claro que chamar nomes a um gajo que nunca nos gramou (como vários outros) é uma atitude popular.
Claro que arranjámos material para incutir o espírito de revolta que provavelmente nos garantirá umas vitórias na garra no futuro.
Claro que a atitude teve o efeito de desviar a crítica à péssima prestação do líder na 2a parte. Sempre teve esse efeito e por isso se repete.
A vitimização virou estratégia de gestão (há muito tempo). Não há melhor forma de manipular os imensos adeptos que se alimentam do lado bélico da bola e de desviar o foco do caos interno.
Queixamo-nos quando somos roubados porque é tão legítimo e necessário quanto fácil.
Queixamo-nos quando não somos roubados porque dá jeito para desviar as atenções de erros próprios e para dar força ao mote do "contra tudo e contra todos".
Estou-me a borrifar se a minha opinião é impopular. O que me move aqui é o meu clube.
Ao contrário do que aparenta ser a forma de agir da maioria, eu não retribuo as alegrias que o meu clube já me deu com uma gratidão que me inibe de apontar o que considero serem erros/defeitos/desvios à identidade.
Eu retribuo com a preocupação e o esforço de ver a coisa por uma perspectiva o mais distante e menos emocional possível. Sinto que devo ao clube que tantas alegrias me deu, o meu contributo no apontar de erros que considero que nos desviam do caminho que me deu as tais alegrias.
Acho que virámos uns queixinhas. Uns calimeros. Por interesse. Por estratégia.
Continuamos a ser os mais perseguidos mas continuamos a querer ser os mais perseguidos. Sempre vivemos dessa revolta, mas nos últimos anos andamos dependentes dela ao ponto de se tornar a única estratégia de gestão visível. Até porque temos um treinador no banco que se sente ultra confortável e integrado como rosto dessa estratégia.
Continuamos a ser os mais prejudicados pelos árbitros mas continuamos a ser os que mais procuram ser beneficiados pelos árbitros. Pelo menos, procuramos mais ser beneficiados pelos árbitros do que alguma senti no meu clube.
Vejo muito teatro, muito queixume, muito mergulho e muito choro, na tentativa de chegar à vitória por vias travessas. Quando funciona, nem um pio e temos omeletes sem ovos. Quando não funciona, até porque não faltam árbitros que não nos gramam, lá surge a vitimização para desresponsabilizar erros técnicos e de gestão, para servir como fonte de motivação tão necessária no tipo de futebol que praticamos, e para manipular o típico adepto de futebol orgulhosamente irracional.
O Presidente e o Treinador estão e sempre estiveram na mesma página. São as caras de uma estratégia de gestão emocional e de curto prazo na qual se sentem como peixes na água.
De tal forma, que um arrisca-se a ser reeleito após anos e anos de uma gestão incompetente que seria inadmissível a qualquer outro gestor de uma organização com a pujança da nossa, e o outro é tido como um exemplo de portismo de cada vez que insulta "como qualquer um de nós faria" um árbitro após um jogo em que comete um rol de erros que não teriam sido perdoados a um qualquer Luís Castro que por cá já tenha passado.
Continuem com paninhos quentes, a assobiar para o lado ou para o árbitro, entrem na onda e desfrutem. Sejam verdadeiros dragões. Não sejam mansos. Vejam 24 vermelhos e de preferência com um baixinho careca ao lado.
Pelo meio, insultem quem vem aqui pontualmente dar o contraditório e lutar contra a maré. Quem, com independência, se sujeita a ser chamado de lampião por querer acrescentar para o debate com uma visão que destoa da da maioria. Tenham a classe dos vossos ídolos e usem e abusem do Portal para martelarem a vossa ideia até fazer ferida.
A discussão crítica em torno do clube que se **** como o Godinho.