A Rússia por exemplo.
Uns tentam impor com dinheiro. Outros com balas.
Sim, e era pior no tempo da União Soviética, quando dois países tentavam controlar meio mundo.
Nessa altura nem existia a China como há hoje.
Como li ontem, esta guerra é uma tempestade, mas a China é a mudança climática.
Todos nós vemos o mundo através de lentes, cada um à sua maneira, a desinformação serve para influenciar essas lentes.
Uma das formas de ver o mundo é o etnocentrismo. Eu vejo e analiso a partir da minha perspectiva. Óbvio, porque é a que tenho.
Para tentar percepcionar o mundo através do ponto de vista do outro eu tenho que tentar por me no lugar dele, ver o que sente, como pensa, como vê o mundo.
Eu não concordo com invasões à Ossétia, à Crimeia ou à Ucrânia. Mas consigo perceber as razões (que para mim não justificam as acções) por detrás dessas invasões: são territórios vizinhos e a Rússia sente-se ameaçada, por razões várias. Tal como tento perceber o porque da ascensão da Nazismo, dos fascismos, etc. Temos de tentar compreender as suas razões e não apenas rotulá-los de loucos malucos ditadores, porque sabemos bem que não é assim, e se não compreendermos essas razões não as conseguiremos voltar a impedir no futuro.
E também percebo porque razão os americanos se metem em guerras do outro lado do planeta, mas aí é ainda menos justificável. Porque razão se metem eles no Iraque? Porque razão se meteram na Jugoslávia? Quem financiou o Mobotu no Congo? Quem forneceu as armas para matar o Trujillo na Republica Dominicana? Porque razão caucionaram a invasão indonésia de Timor (volto a frisar , era português)? Quem ajudou em golpes e contragolpes no Laos, Cambodja e no Vietname? Quem instalou o Pinochet, um ditador sanguinário no poder? Quem meteu o Vilela no poder na Argentina?
Tens também as guerras dos anos 80, proxy wars, Angola, Moçambique, Etiópia, a lista é enorme, ou os anos 2000, e para quem quiser, os wikileaks estão disponíveis.
Mas voltando às lentes e ao etnocentrismo, quando vejo o Brasil a dizer que não envia tanques para a Alemanha e não quer guerra mas sim paz, vejo a Índia a não condenar a Rússia, vejo a China ou a África do Sul a reafirmar o seu compromisso com a Rússia, vejo Angola, Moçambique, Paquistão, Síria, Índia, Indonésia, ou seja, quando vejo o mundo pobre, o Sul Global, a não tomar posição, isso leva-me a questionar a minha posição, a minha perspectiva.
Se calhar eles estão a ver algo que eu não vejo, da minha posição EUROcentrica, porque sim, sou europeu, fui criado a acreditar em democracia, na palavra da bíblia (felizmente hoje sou ateu), num conjunto de valores que julgo serem universais. Mas não são.
Grande parte da população mundial vive em países radicalmente diferentes, cultura religiao tudo, e essa parte do mundo, até bastante populosa, desconfia das soluções americanas (e europeias, mas a europa nao conta para o totobola).
Se essa parte do mundo, que foi durante largas centenas de anos explorada precisamente por europeus, não toma uma posição tão acentuada nem decisiva como esperávamos, isso devia dar que pensar não apenas a mim, mas a muita gente.
Aliás, o Macron já se começou a questionar:
https://www.france24.com/en/europe/...exposes-splits-between-global-north-and-south
Africans support the Ukrainian people, but centuries of experience also make us wary of ‘solutions’ by our former colonisers
www.opendemocracy.net
OPINION: Experience of Western war and colonialism in the Global South change perspectives on the conflict in Ukraine
www.opendemocracy.net
Será que a nossa forma de pensar é a mais correcta? Será que é a única? Será que é o certo? Será que não existem outras alternativas? Será que os povos cujos valores levaram a duas guerras mundiais e centenas de outros conflitos estão mais aptos a resolver este conflito do que povos que foram durante anos vítimas das suas políticas? Será que podemos confiar mais nestes valores e políticas do que p.e. nos Chineses, indianos, ou nos sul africanos, pátria de Ghandi, Mandela ou
Eu não estou seguro disso.