Creio que muito se deve ao produto do (bom) trabalho que ainda se faz na formação do FC Porto.
Há muitos erros na formação do FC Porto, alguns só ultrapassáveis pela construção de uma academia, outros não, mas creio que a percepção da não urgência da construção da academia se deve, sobretudo, ao bom desempenho da formação do FC Porto apesar das circunstâncias e, depois, a uma política de intoxicação propositada dos seus sócios e adeptos para desvio do FC Porto do seu modelo de negócio e entrar forte e feio no "comissionismo". Relembro, tão só, o que disse Antero Henrique, à altura, sobre a formação do FC Porto.
Creio que tocas num dos vectores principais: logística. A academia do FC Porto deve ser uma resposta logística às necessidades do FC Porto e nunca se transformar num problema logístico.
Hoje em dia, olho para os projectos de academias como olho para carros de luxo. Todos os clubes/federações/associações procuram construir um Ferrari maior e "melhor" que do vizinho. Mais campos. Mais balneários. Mais.
A dada altura, uma solução logística passa a ser um problema logístico. Porque exige manutenção/renovação de um espaço enorme (materiais, funcionários, consumíveis) e porque tem taxas de utilização baixas para tanta disponibilidade de equipamentos.
O FC Porto deveria olhar para as suas necessidades. Elas passam, a meu ver, por uma enorme necessidade de incrementar a sua capacidade de alojamento e de apoio. Apoio ao treino (ginásio, centro médico integrado, piscina) e apoio à rotina diária (refeitório, integração escolar, apoio ao estudo).
Primeiro, cumprir estas metas. Campos? Qb. Não sei quantificar, mas só sei que não desejo nem meio campo a mais do que aquilo que for realmente preciso.
Quanto à questão colocada pelo
@jorgcastro , é o outro vector fundamental da questão: centralidade.
Aqui a questão não é a distância quilométrica em relação ao centro de uma cidade, mas a facilidade de acesso. Quando se projecta uma academia para a formação, o seu alvo são os pais e os atletas. Qual a facilidade de acesso dos mesmos?
Pegando no exemplo a sul, embora não seja o melhor. Posso afirmar que o Seixal é duplamente mais próximo que Alcochete. Não só é mais próximo em quilómetros como é em acessibilidade. O Seixal não fica desterrado numa zona rural e tem mais transportes (autocarro, barco) e com maior frequência. Ainda assim, há já quem ache no regime que é preciso trazer a formação de volta a Lisboa.
Não é por acaso que o regime tem um protocolo com os pupilos do exército para a utilização dos seu campo que fica relativamente próximo do seu estádio. Também já ouvi dizer que planeiam a construção de outro campo junto ao estádio (já lá têm um).
De igual forma, os calimeros aquando da construção do pavilhão, construíram um campo de futebol 11 junto do mesmo e 2 campos de futebol de 7. Não satisfeitos, "ocuparam" quase todos os campos do estádio universitário de Lisboa, logo do outro lado da 2ª circular.
Porquê? Por uma questão de centralidade. Porque nos escalões de iniciação é um vector determinante.
O pólo do Estádio Universitário de Lisboa é o principal alimentador dos escalões de iniciação dos calimeros, assim como o pólo dos pupilos do exército é o principal alimentador dos escalões de iniciação do regime.
O FC Porto deve aprender com estes exemplos. Já que parte mais tarde, ao menos, que vá com a lição sabida.
É por isso que não me faz confusão nenhuma que o futebol profissional continue no olival, se com essa redução de volumetria (campos e estruturas de apoio que teriam de ser alocados ao futebol profissional) garantir maior centralidade à formação.
Também já li aqui no fórum que as modalidades deveriam ser consideradas na academia. No plano ideal, sim. No real, preferia uma solução como a natação do FC Porto. Um protocolo com um(dois) pavilhão de excelência na cidade e colocar ali toda a formação de modalidades e não abdicar da centralidade da formação do futebol.