Tens a certeza que qualquer pessoa pode votar antecipadamente? Nas últimas eleições (autárquicas) votei antecipadamente por motivos profissionais e tive de ter justificação para tal.
Nas presidenciais inscrevi-me para o voto antecipado sem qualquer motivo para além da suposta comodidade que achava que iria ter.
Não tive porque as filas foram enormes o que levou à celebre frase do Cabrita "festa da democracia. Parece o 25 de abril"
Nas autárquicas aprendi a lição e não experimentei. Não sei se a justificação era necessária.
Pelo que li nas noticias (possibilidade de 20% votarem antecipado) presumo que se possa como nas presidenciais.
Quanto ao resto, eu vejo o valor do voto doutra forma. Para mim a importância é extrema.
O problema não é a forma como uma pessoa vê a importância do voto.
É o facto de milhares de pessoas terem feito sacrifícios por motivos que consideram mais urgentes do que as do voto.
Essa mágoa está bem presente na sociedade que ainda patrulha a vida dos outros que arriscam mais (bares, restaurantes, vida social), que tem demasiada repulsa aos não vacinados.
Se eu fosse conselheiro do Ventura punha-o a buzinar com a dualidade de critérios. Pessoas que foram multadas por andar na rua, mandadas inverter a marcha, pessoas que por isolamento faltaram a A,B,C, perderam D,E,F.
Se ele falar a essa mágoa, se mexer nessa frustração e nesse recalque, dizendo que o poder politico está a mandar infectados contactar com os pobres desgraçados que estão nas mesas de voto insultando todos os portugueses que fizeram sacrifícios e ficaram presos quando estavam saudáveis para dar um passeio, ir a um funeral dos pais, responder a uma encomenda vital para o seu negócio, trabalhar para pôr dinheiro na mesa dos filhos vai ganhar muitos votos.
Basta que acerte no caso de quem o está a ouvir e reacenda a chama dessa indignação.
Por isso o foco não pode ser "na importância do voto", mas sim na "nova situação pandémica" se se quiser abrir excepções.
Acho que pôr infetados na rua porque o voto é muito importante fará mais mal do que bem à democracia, paz social e disciplina no comportamento face à pandemia.
Quanto à menor gravidade da doença, acho que isso é uma coisa óbvia nesta discussão. Com a vacinação, a doença atualmente permite discutir isto ( e outras coisas). Nós nesta altura nem somos contacto de alto risco se não se tratar de cohabitante (e mesmo aqui o caso muda com 3 doses). Queres mesmo discutir se isto também é científico ou partimos do pressuposto que há esta abertura por causa da muito menor gravidade atual da doença?
De acordo com quase tudo. O que reitero é que será muito difícil que boa parte da população entenda e aceite que infetados sairão à rua só porque votar é importante.
Por fim, as ideias para esta exceção estão sempre relacionadas com um isolamento destas pessoas do resto das pessoas que vão votar. Não é um levantamento à sorte. Só assim posso perceber essa medida.
Eu não sei se acho bem, mas acho muito bem que se procurem todas as soluções possíveis.
Tens milhares de pessoas que estão em mesas de voto que representam a sociedade. Vejo muito difícil essa possibilidade.
Repito a melhor solução. Voto antecipado livre que resulta em 2 domingos em que qualquer pessoa pode votar.
Qualquer infetado com COVID assintomático ou ligeiro/moderado poderá votar se acautelar essa possibilidade porque o tempo de isolamento não apanha 2 domingos.