E que eu saiba o direito à saude e à habitação tb existem. Colocar o meu ponto de vista do lado autoritário é pura hipocrisia. Aqui não estamos a falar de retirar direitos ou mantê-los. Estamos a discutir entre uns e outros quais deles devem ser prioritários. Ver esta discussão por outro prisma é inviesar a conversa.
Eu não escrevi que as tuas ideias são autoritárias.
O que escrevi e mantenho é que a tua argumentação é o alibi que lideres pouco democráticos usam para restringir direitos adquiridos e consagrados.
E voltaste a ir pela mesma linha que é a autoestrada dos ditadores.
Existem os direitos A,B,C.....Z
Se se entender que o mais importante de todos é o A então do B ao Z todos podem, paulatina e sequencialmente, ser suprimidos em nome do direito primacial A.
Lamento, mas esse argumentário não é típico de uma democracia.
Quando lideres políticos restringem o direito à propriedade e/ou à liberdade nunca o fazem com argumentos autoritários.
Não se diz propriamente: "Este tipo vai para a prisão porque está a dizer mal de mim e eu é que mando" . Há sempre uma proteção dum bem maior/melhor que justifica o acto altruísta de restringir aquele direito.
É sempre um exercício similar. Eu vou privar este individuo do direito à liberdade porque com o que ele está a falsamente a declarar está a promover a rebelião e a atentar contra a paz social. O preço de o calar é secundário face ao que eu conquisto (paz social /segurança e tranquilidade para o povo)
Eu vou privar-te da tua casa que tens no Centro do Porto que está desocupada porque há 5 sem-abrigo que estão a viver ao relento e o direito à saúde e à habitação tem a primazia sobre o direito à propriedade privada.
A propriedade privada é, grande parte das vezes, a vida das pessoas.
A tua casa pode ter sido roubada, pode ser herança, mas também pode ser fruto de milhões de horas de trabalho, de vidas não vividas com mulher/filhos para ter aquela parcela de terreno.
Pode também ser fruto dum endividamento que obrigará a que a mesma possa ser rentabilizável para que não caias numa situação similar aos que agora carecem dum tecto para viver.
Eu não tenho que saber porque é que aquela casa é tua. Se dependes dela ou não para a viver. Se a tens com suor ou esquemas.
É tua e basta.
Se o que viveste para conquistar o que hoje tens, pode ser posto em causa desde que exista algo que eu considere que é mais importante (vamos admitir que eu até sou um tipo sensato e sei hierarquizar bem direitos), o que vai acontecer é o que acontece sempre que não há segurança jurídica que proteja as conquistas económicas das pessoas.
Uma medida à priori sensata:
A. Casa desocupada do Senhor X
B. Uma família a passar fome e frio e a precisar de tecto.
=
C. Ocupe-se a casa do Senhor X mesmo que ele não concorde.
=
D. No longo prazo, sem um enquadramento jurídico que defenda o senhor X dessas arbitrariedades, neste país teremos cada vez mais familias a precisar de tecto e cada vez menos Senhores X a quem se possa sonegar a propriedade por um bem maior.