Vou ser muito honesto em relação ao meu sentimento para com o SC como treinador.
Aquilo que sinto, desde o inicio, é que o SC traz ao clube essencialmente as características emocionais inerentes à sua forma de ser e à sua personalidade. Isso pode ser importante em determinado momento da história do clube (e foi claramente naquele primeiro ano) mas esgota-se de forma rápida e com facilidade. Chega a um ponto em que esse grito, essa garra, essa vontade e toda essa personalidade forte (para não dizer mau feitio) é mais esgotante para os adeptos, para os jogadores e para ele próprio do que outra coisa qualquer. Essa gestão tem que ser muito bem feita e isso não acontece por uma simples razão: o SC não tem qualquer inteligência emocional e não consegue controlar os ímpetos.
Na minha opinião (e não quer dizer que esteja minimamente correcta, mas é o que sinto) isto é o que o SC traz ao Porto enquanto treinador e, tenho que ser honesto, foi fundamental para conquistar aquele primeiro titulo e quebrar o caminho de vitórias do benfica.
Para além disso que, como referi atrás, se não for bem gerido se esgota facilmente, o SC traz muito pouco.
Acho, muito honestamente, que em termos técnicos e tácticos é um treinador pouco mais do que mediano que não é capaz de evoluir no seu próprio trabalho e que, muito por causa de um feitio e ego que não lhe permite reconhecer e assimilar erros, é incapaz de corrigir as lacunas que tem e fazer a equipa dar o passo seguinte na procura de soluções mais eficazes. Isso explica a falta de evolução do nosso futebol nos últimos anos e os constante avanços e recuos na procura de algo diferente que nunca chega!
A nossa equipa não tem ligação (e infelizmente isso não é de agora), não tem identidade futebolística, não tem fio de jogo, não tem assimilação de processos. E não tem nada disso porque o treinador não tem capacidade para o implementar. O processo ofensivo é muito limitado e, tendo em conta as opções que temos, deveria ser muito mais consistente. O processo defensivo é como se não existisse e se fosse perdendo com o passar dos anos e à saída de cada jogador valioso que já estava no clube. Cada referência de qualidade que se perde torna ainda mais visível e a nossa fragilidade de processos e de ideias e isso, na minha opinião, é grave e de total responsabilidade do treinador.
Bem sabemos que a situação que o clube vive está muito longe de ser a ideal e que temos uma direcção que é de uma incompetência estratosférica. Ainda assim, as responsabilidades do treinador também existem, não só pelo poder que claramente tem dentro da estrutura futebolística do clube, como também por se perceber que há uma barreira de qualidade que não está a ser ultrapassada por incapacidade sua.
Honestamente e infelizmente, acho que esta barreira dificilmente será ultrapassada com o SC ao comando da equipa. A competência e a qualidade do treinador não lhe permitem ultrapassar essa barreira sem evoluir muito primeiro e, infelizmente, as sua personalidade, o seu ego, a sua teimosia e a sua dificuldade em aceitar criticas e reconhecer erros não lhe permitem evoluir para além do patamar em que já está.
Posso estar errado e até ser injusto mas acho que daqui a 5 anos (e podia dizer 10 que ia dar ao mesmo), a menos que a sua personalidade mude muito (o que não acredito) acho o SC será, técnica e tacticamente, o mesmo treinador que é hoje em dia!