Não conheço a Coreia do Sul nem a África do Sul, mas a Argentina vai ser um osso duro de roer.
Vi quase todos os jogos deles no recente Sul-Americano de Sub-20 e tem muito bons jogadores. Começaram mal a competição, com muitas trocas de atletas, foram melhorando e acertando agulhas e não fosse um péssimo último jogo (atitude competitiva inexplicável) teriam sido os campeões. São uma equipa demasiado dura e fartaram-se de ver cartões.
Jogam preferencialmente num 4x2x3x1, em que os 3 homens que jogam atrás do PL trocam constantemente de posições, uma das suas principais mais-valias, mas que também pouco defendem, uma das suas fragilidades.
O equipa base deles foi:
GR: Manuel Roffo (Boca Juniors)
DD: Aaron Barquett (Argentinos Juniors)
DC: Nehuén Pérez (Atlético Madrid) cap
DC: Facundo Medina (Talleres)
DE: Francisco Ortega (Vélez Sarsfield)
MD: Santiago Sosa (River Plate)
MC: Aníbal Moreno (Newell´s Old Boys)
ED: Gonzalo Maroni (Talleres)
MO: Julián Álvarez (River Plate)
EE: Pedro De La Vega (Lanús)
PL: Adolfo Gaich (San Lorenzo)
Também se destacou o Fausto Vera (MD/MC - Argentinos Juniors), sempre que jogou cumpriu e muito bem.
Um bom GR, com personalidade forte.
Uma defesa dura, relativamente baixa e algo permeável em que os laterais apoiam muito o ataque, por vezes abriram demasiados espaços nas costas, dois centrais fortes e tenazes, um destro e um canhoto. Gostei muito do Pérez, o patrão da defesa, e do Ortega, este até se lesionar era um dos melhores 3 DE do Sul-Americano.
O duo de meio-campo é outro ponto muito forte, com dois atletas de muita qualidade, Sosa é o patrão da equipa, omnipresente, com físico, classe e excelente cultura táctica, também desenrascou a DC em alguns jogos, e o Moreno um dínamo que aparece muito nas proximidades da área adversária e com uma capacidade de remate acima da média. Marcou um dos melhores golos do certame num grande remate de fora da área. O Vera esteve à altura destes dois sempre que foi chamado ao jogo.
A criatividade esteve a cargo do trio destabilizador, pela qualidade, movimentações e trocas posicionais. De La Vega e Álvarez estiveram em grande, fortes tecnicamente e sem medo de arriscar. O Pedro jogou quase sempre nos flancos e principal condutor de bola (assumia a responsabilidade e forte no 1x1, mas por vezes ainda exagera no individualismo), enquanto que o Julián geralmente começava como MO, às vezes quase um 2º AV, e com o desenrolar do jogo ia trocando de posição com os extremos, evoluído tecnicamente e veloz. Não gostei tanto do Maroni que mesmo tendo marcado dois golos desiludiu-me um pouco a nível exibicional e de regularidade. O Almada até esteve bem quando entrou nos jogos, mas teve poucos minutos de utilização.
Na frente utilizaram um panzer, Gaich (1,90 m), mas que tem muita qualidade com bola, nas movimentações, no apoio ao colegas vindos de trás e é surpreendente móvel, rápido e trabalhador para alguém com a sua estampa física. Começou com pouca confiança e fartou-se de falhar golos nos primeiros jogos, mas depois acertou agulhas e foi fundamental nos melhores jogos da Argentina, mesmo tendo marcado apenas 3 golos e todos no mesmo jogo. Um jogador muito perigoso e que o NGC deve ter debaixo de olho. Maximiliano Romero também foi utilizado com alguma regularidade, marcou 2 golos, mas esperava mais dele. Pareceu longe da melhor forma.
E ainda há outros jogadores de qualidade que não foram convocados para o Sul-Americano e que podem aparecer no Mundial (Agustín Almendra, Cristian Ferreira, Enzo Cabrera, Ezequiel Barco, Matías Pellegrini, Tomás Chancalay, Maximiliano Lovera, Julián Carranza, Gastón Verón, etc...).
Um adversário muito perigoso, mas com algumas debilidades a explorar.