Portugal apresentou-se bem em campo, com grande agressividade e a pressionar alto. A Espanha - como já tinha mostrado anteriormente com a Itália e Croácia - não é "a" equipa que tanto se fala e com a pressão Portuguesa não conseguiu qualquer fluidez no seu jogo, chegando a mandar bolas para a frente, coisa pouco vista. Mas se Portugal na pressão esteve bem, com a bola não conseguiu criar grande perigo. Não houve grande compostura. O Coentrão e o João Pereira são absolutamente horríveis a cruzar a bola. Inacreditável a ineficácia de Portugal nos cruzamentos.
Já tinha referido que a Espanha joga com demasiados jogadores sem verticalidade, demasiados 'jugões', tornando o jogo Espanhol extremamente previsível e "fácil" de defender se as equipas rivais não os respeitarem em demasia e estiverem concentrados. Ontem mostraram isso mesmo. Só foi mesmo com a entrada de jogadores que abriram o jogo nas linhas e eram mais objectivos que os Espanhóis começaram a criar perigo real.
Durante a segunda parte o Del Bosque foi mexendo e o Paulo Bento ficou quieto. Acabou por tirar o Almeida que fez um jogo razoável, mas mostrou grandes limitações na hora da decisão, teve três remates bastante fracos, mas ajudou bem na defesa e notou-se a presença dele em campo. O Paulo Bento acabou por tirar o Almeida e colocar o Oliveira... que ninguém viu em campo. Simplesmente este jogador não tem o mínimo de categoria para estar numa competição destas. Esteve seis vezes com a posse de bola, nas seis vezes perdeu a bola. Desculpo-lhe duas delas. Para além disso, não ofereceu nada em termos de pressionar os Espanhois ou numa luta corpo a corpo. Acabou - não é a primeira vez - a jogar à esquerda. A pergunta impõe-se novamente. Como é possível não colocar o Varela em campo mais cedo? É melhor a defender e é melhor a atacar que o Oliveira. Absolutamente inadmissível que um jogador que mostrou estar em grande forma - em minutos limitados - nos dois primeiros jogos, depois só volte a jogar na fase final do prolongamento contra a Espanha.
Portugal teve dois momentos em que revelou a falta de compostura, classe... e calma para dar a estocada mortal na Espanha. Houve uma jogada em que um melhor passe do Moutinho teria deixado o Nani isolado na direita. Nesta jogada, o Xavi dá mão na bola, sendo rigorosos, era penalti. Ele meteu as mãos à frente do peito. Depois, mais grave... o contra-ataque aos 90'... 4 para 2... Meireles, demasiado lento a decidir e depois a fazer um mau passe... o Ronaldo arriscou um remate de um ângulo dificil e com o pior pé. Naquela situação... deveria ter trabalhado para ter um remate melhor... procurando vir para dentro, encarando o Piqué. Naquela jogada, ele tinha de acertar na baliza. O Ronaldo teve depois 2 ou 3 livres onde falhou. É frustrante como se continuam a gastar livres laterais daquela forma. Portugal tem de melhorar a marcação das bolas paradas e melhorar os cruzamentos. Portugal tem menos qualidade que Espanha, por isso, é imperioso ser mais rigoroso nos lances de bola parada para tentar aproveitar essas jogadas de melhor forma.
Portugal tinha dois dias a mais de descanso, mas o que vimos foi, o nosso "animal" Ronaldo totalmente queimado no prolongamento e mais alguns jogadores esgotados. Enquanto a Espanha à base do Alba, Pedro e Navas tinham grande energia e dominaram completamente o prolongamento. O Paulo Bento geriu mal as substituições, especialmente ao gastar uma num jogador inútil. Com o jogo partido, Portugal limitou-se a "jogar" ou melhor, sobreviver, para chegar aos penaltis. Faltou mais fibra, faltou aproveitar os espaços abertos nessa fase do jogo. Faltou Nani, faltou Ronaldo, faltou alguma coisa para irem mais além. Nos penaltis - que não são apenas sorte - os Espanhois acabaram por ser algo felizes e não há muito a dizer. Os homens têm tido uma série de 4 anos inacreditável, à base de muita sorte também, penaltis, prolongamentos... resultados pela margem mínima. Enfim, sorte a deles.
Na verdade, foi desperdiçada uma grande chance de eliminar a Espanha e marcarem a presença numa final. Acho que não há grandes vitórias morais a retirar do jogo. Portugal teve a Espanha à mercê, em diversos períodos partida e Portugal simplesmente foi incapaz de materializar esse ascendente que teve em chances. Não basta apenas anular o adversário, é preciso fazer mais com a bola também.
Apesar de termos menos qualidade que algumas equipas, acho que não faz grande sentido Portugal ficar demasiado satisfeito com vitórias morais. O objectivo deve ser o de vencer as competições. Competições de dois em dois anos, durante um mês, uma espécie de lotaria, Portugal tem desperdiçado algumas oportunidades de se imortalizar e chegar às meias finais acaba por ser pouco. Espero que consigam manter o espírito que tiveram neste Euro para serem competentes na qualificação para o Mundial, desta vez, sem sobressaltos e como primeiros do grupo.