Claramente, o jogo contra a Suiça foi um outlier. Pensei que tivesse sido ponto de viragem, mas estava enganado. Olhando para trás com mais tranquilidade, acho que foi um jogo em que tudo o que podia correr bem, correu bem. E também acho que a Suiça adoptou uma estratégia totalmente errada.
Não tinha a ver com Ronaldo, tem muito mais a ver com Fernando Santos.
As diferenças do jogo da Suiça para o jogo de hoje? A Suiça a partir do golo de Portugal deu muito espaço, principalmente na zona central onde Portugal metia Otávio, Bernardo, Félix, Bruno e Gonçalo. Foi um massacre porque tudo saiu bem, porque havia muito espaço e porque a Suiça errou em tudo o que podia errar.
Hoje Portugal foi com a mesma estratégia para o jogo com Marrocos. Com o Rúben a titular porque o Nando lá pensou que eles iam estar fechados e íamos precisar de circular mais. Só que Marrocos fechou o corredor central, para além de ter jogadores nas alas que são muito melhores que os da Suiça. Félix ia para dentro, Bruno ia para dentro, os laterais tentavam subir, mas não conseguiam. Futebol de Portugal completamente anulado. Félix tentou cair no corredor esquerdo, mas sem conseguir ter sucesso, não é o seu forte. Marrocos anulou, Portugal uma vez mais não soube o que fazer com bola.
Uma coisa é certa, este Mundial expôs Bernardo Silva, nunca fez nada na selecção, nunca assumiu o risco, nunca pegou no jogo. Sempre pela certa, sempre com o passe para o lado para jogar por fora do bloco adversário. Portugal tem que criar alternativas. Bernardo Silva não pode jogar por decreto como jogou neste Mundial. Otávio foi muito melhor, só que o estatuto do Bernardo pesou. Estatuto esse que nunca justificou na selecção.
Na ausência de Ronaldo, é Bruno Fernandes quem assume. E o próprio Otávio entrega-se muito mais ao jogo que Bernardo.