Lembrar que em 3 dos últimos 4 Campeonatos disputados, todos sob a batuta de SC, o FC Porto foi destacado a defesa menos batida do Campeonato.
O que mudou?
A lesão/saída de Danilo, não explica tudo, mas é parte significativa da resposta.
Acima de tudo, será um processo coletivo que a equipa técnica terá de saber resolver, mas falta-nos u médio que seja voz de comando, pêndulo em zona nevrálgica do terreno, especialmente quando em transição defensiva.
Será Grujic a chave para este problema?
Penso que o que mudou terá sido o somatório de diferentes variáveis.
Primeiro a ausencia de um medio mais posicional, como dizes, um pêndulo. Mesmo neste esquema os jogadores nao perdem as suas características e valências natas. Danilo era muitas vezes acusado de lento e pastelao porque não ia em correrias, como Herrera, mas como tinha cultura tactica de trinco, sentia o buraco e tenha a tendência para refrear o avançar uns metros e se desposicionar. Grujic será a meu ver um excelente 8, a juntar a um pensador e a 6 posional num meio campo a 3.
Segundo o facto dos adversários terem percebido que o segredo para nos enfrentarem é passar a primeira linha de pressão, o que sendo complicado no inicio dos jogos, à medida que a pressão diminuir torna-se mais fácil. Por isso jogam com 3 centrais + dois laterais, porque permitem trocar a bola e procurar sair da pressão. Não é curioso como poucas equipas batem na frente a reposição de bola do gr e preferem sair a jogar? Parece que tal é porque sabem que precisam para manter posse de sair em zona onde tem superioridade numérica. Depois de passarem a primeira pressão (2 avancados mais 1 ala em regra) se conseguirem sair desse lado e o meia interior nao fechar podemos ter dois para um na lateral. Aqui a nossa opção tem sido apostar nos duelos e na recuperação dos elementos que fazem a pressão acima. O problema é o do desgaste.
E aqui parece-me o terceiro factor. São muitos anos de um jogo de desgaste fisico e mental. A procura de recuperar posse é tão obsessiva que para certos jogadores parece que não sabem o que fazer com a bola em certas situações no ataque controlado (como Zaidu), quase preferindo despacha-la. Tudo é montado para recuperar a bola rápido e em dois, três passes finalizar. O que é ótimo. Por isso penso mesmo que a ideia dos pontapés na frente é detectar zonas onde, com ressalto ou toque de cabeca, se fique em posição de tal. Isto também será a ideia das saídas de jogo, para as quais toda a gente está preparada também. Parece uma saida de rugby.
Falta é um jogo de controlo, mas com este esquema e dinâmicas duvido que se consiga. Por exemplo, com Brahimi na equipa, que também saia da caixa das ideias de SC por vezes conseguiamos mais jogo interior, em posse.
Mas admito que é um assunto que gostava de ver discutido e explicado.