Barrigana disse:
Ridículo é pensar que num mercado como o português, altamente dependente de vendas de jogadores para liquidez, o treinador nada tem a ver com os resultados financeiros.
Não vendes se a equipa não ganha e joga mal; não tens se o treinador não deixa sair certos jogadores no momento certo.
Eu sou extremamente crítico do trabalho do Sérgio Conceição em relação ao futebol praticado pela equipa, mas não consigo imputar ao treinador responsabilidade por estes resultados financeiros muito negativos.
O trabalho de decidir quem fica, quem sai, quais serão as contratações, quais serão as vendas, é um trabalho que deve ser feito em conjunto e cuja palavra final tem obviamente de ser da SAD, sendo que a grande preocupação do treinador deve ser a vertente desportiva, lutar por melhores condições para desenvolver o seu trabalho e a SAD deve preocupar-se em gerir o clube de forma saudável e equilibrada, dar liberdade ao treinador para tomar certas decisões, mas também impor determinados limites em determinadas situações.
Compreendo perfeitamente que o Sérgio Conceição achasse que ficar com o Brahimi e o Herrera, os dois no último ano de contrato, em vez de os vender, seria desportivamente benéfico para si e para o seu trabalho. Do ponto de vista da continuidade do trabalho, óbvio que à partida manter 2 jogadores que faziam parte do 11 base seria muito melhor do que ter que introduzir dois jogadores novos e ter que criar novas dinâmicas e adaptar novos jogadores ao 11. A função da SAD seria dizer "caro Sérgio, em termos financeiros é demasiado arriscado manter dois jogadores no seu último ano de contrato, a probabilidade de não renovarem é muito alta e portanto, é obrigatório vender, até porque na próxima época, para além destas duas saídas, o FC Porto terá sempre que vender mais um ou outro jogador e caso não sejamos campeões, a nível financeiro poderá ser absolutamente desastroso."
Dentro do modelo de jogo do Sérgio, também compreendo que jogadores como Marega sejam de extrema importância, mas já não consigo compreender como uma SAD não se impõe e acaba por fazer a vontade ao treinador e recusar uma proposta de 27M do Aston Villa pelo Marega, aqui é função da SAD e dos responsáveis directivos perceber que uma proposta deste tipo nunca mais se iria repetir e que 27M representariam um encaixe financeiro importante.
É óbvio que o treinador tem influência nas finanças do clube, mas não consigo de forma nenhuma atribuir responsabilidade ou co-responsabilidade a um treinador pelo estado das finanças de um clube. A percentagem de responsabilidade será sempre muito pequena em relação à percentagem de responsabilidade da SAD.
E também convém que os adeptos parem com a lenga lenga do portismo, do bater no peito, etc., os treinadores seja o Sérgio Conceição ou o Villas Boas, estão completamente a cagar-se para a situação financeira do clube, querem é ter as melhores condições possíveis para desenvolverem o seu trabalho, mesmo que isso implique um prejuízo na gestão do clube, a sua carreira será sempre a sua principal preocupação. Sempre.