Rodrigo Mora

hadeskabir

Tribuna
29 Abril 2019
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FC PORTO Rodrigo Mora: o «adiantado mental» que faz história no Dragão

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Promessa do FC Porto é o mais jovem de sempre a marcar nos escalões profissionais do futebol português
Rodrigo Mora está a ser um dos melhores jogadores portugueses no Campeonato da Europa sub-17, tendo bisado e feito uma assistência hoje diante da Inglaterra (4-1) na segunda jornada da competição. Para muitos, pode ser uma surpresa, porém há muito que A BOLA o segue. Este artigo, publicado a 26 de novembro de 2023, diz-lhe tudo o que precisa saber sobre o talentoso jogador do FC Porto:
Do alto dos seus 168 centímetros de altura, Rodrigo Mora cresceu para a história (uma vez mais) no passado dia 11 de novembro. Já era o mais jovem de sempre a jogar nos escalões profissionais do futebol português – estreia pela equipa B do FC Porto em janeiro, aos 15 anos, 8 meses e 10 dias de idade -, agora tornou-se o mais jovem de sempre a marcar, na Liga 2, com 17 anos, 1 mês e 23 dias de vida.
O jovem dragão nem precisou saltar para o golo marcante de Penafiel, até porque o jogo aéreo nem será a maior virtude, mas quem o conhece bem garante que a diferença está mesmo na cabeça. «É um jogador diferenciado, especial, com uma enorme inteligência. É um adiantado mental, como eu costumo dizer».
A curiosa análise é de Nuno Pimentel, agora treinador da equipa B e dos sub-23 do Santa Clara, mas que em 2021/22 treinou Rodrigo Mora nos sub-15 do FC Porto. «Já o conhecia de escalões inferiores. Na época anterior ele era sub-14 e fazia treinos de conjunto contra a minha equipa. Depois, quando o treinei, notei logo uma característica imprescindível para atingir o topo: é apaixonado pelo jogo. Adora jogar e treinar. Contagia toda a gente com esse prazer», recorda o treinador de 43 anos, em conversa com A BOLA.
Nuno Pimentel destaca em Mora a «enorme capacidade para antecipar o que vai acontecer, aliada a um refinado reportório técnico». «Joga e faz jogar. Pela forma como se movimenta, como antecipa, como cria espaço para ele e para os colegas», complementa.
Um 10 à antiga ou… moderno?
Ler o jogo antes de todos os outros. É isso que permite que o jovem dragão esteja à frente do tempo, como subscreve também Francisco Guedes. Poucas pessoas conhecerão melhor o mundo de Rodrigo Mora do que o agora jogador dos sub-23 do Torreense. Esteve 11 anos na formação do FC Porto e, para além disso, é namorado da irmã da promessa portista.
«O Rodrigo tem uma técnica incrível, de fazer inveja a muitos jogadores da Liga, mas aquilo que me atrai mais é a forma como ele vê o espaço, como antecipa cenários. Isso tem sido muito importante na Liga 2, para que ele, que tem apenas 16 anos, evite os duelos físicos», refere o médio, três anos mais velho.Um 10 à antiga ou… moderno?Ler o jogo antes de todos os outros. É isso que permite que o jovem dragão esteja à frente do tempo, como subscreve também Francisco Guedes. Poucas pessoas conhecerão melhor o mundo de Rodrigo Mora do que o agora jogador dos sub-23 do Torreense. Esteve 11 anos na formação do FC Porto e, para além disso, é namorado da irmã da promessa portista.«O Rodrigo tem uma técnica incrível, de fazer inveja a muitos jogadores da Liga, mas aquilo que me atrai mais é a forma como ele vê o espaço, como antecipa cenários. Isso tem sido muito importante na Liga 2, para que ele, que tem apenas 16 anos, evite os duelos físicos», refere o médio, três anos mais velho.
Em conversa com A BOLA, Francisco classifica Rodrigo como um «10 à antiga». «Gosto muito do estilo dele, daquilo que dá à equipa. É muito diferente do que vemos hoje em dia. Muitos treinadores prescindiram desses jogadores, desse papel, mas vejo o Rodrigo assim. Liga o jogo, é muito bom no último passe, e tem uma leitura de jogo incrível», resume.
Nuno Pimentel não discorda, mas faz questão de afastar a ideia de que o antigo pupilo jogue de ‘cadeirinha’. «Ele tem compromisso defensivo. A inteligência permite-lhe perceber os momentos de pressão, mostrar sacrifício. É um jogador contínuo, rotativo, de grande compromisso. Eu diria que é um 10 atual: comprometido, intenso, que entende os vários momentos do jogo», considera o técnico.
O pilar que sabe do que fala
Não é assim tão difícil cair na escadaria que leva à elite do futebol, mas Rodrigo Mora, que logo aos 9 anos trocou o Custóias pelo FC Porto, parece estar precavido para isso. A maturidade que revela em campo vem muito do equilíbrio familiar, até porque o pai percorreu esses tais degraus. José Manuel, agora com 52 anos, vestiu as camisolas de Leixões, SC Braga e Moreirense, entre outros.O pilar que sabe do que falaNão é assim tão difícil cair na escadaria que leva à elite do futebol, mas Rodrigo Mora, que logo aos 9 anos trocou o Custóias pelo FC Porto, parece estar precavido para isso. A maturidade que revela em campo vem muito do equilíbrio familiar, até porque o pai percorreu esses tais degraus. José Manuel, agora com 52 anos, vestiu as camisolas de Leixões, SC Braga e Moreirense, entre outros.
«O pai é o apoio mais importante na carreira do Rodrigo. Claro que a mãe e a irmã também estão próximas, dão opinião também, mas o pai, até pela experiência profissional que teve, chega de outra forma», explica o cunhado Francisco Guedes, que assume que «o futebol é sempre assunto lá por casa». «Se não é pelo Rodrigo, é por mim. A família leva sempre com o futebol, mas é tudo tranquilo, sem pressão. Só fazem ver ao Rodrigo que é ainda um miúdo, que é preciso equilíbrio. Tanto agora está muito bem, a jogar na Liga 2 pelo FC Porto B, e também na seleção sub-17, como amanhã pode estar mal, ou então até pode estar ainda melhor», acrescenta.
Em contexto familiar, Rodrigo é descrito como um miúdo «super engraçado, que está sempre a dizer piadas e a contagiar toda a gente, mesmo quando as coisas correm menos bem no futebol». «Fora desse ambiente é muito tímido e envergonhado», explica o cunhado, que revela ainda que Rodrigo Mora gosta muito de estar em casa, a jogar consola ou a ver séries. «Às vezes até tenho de forçar um bocado para ir a algum lado com ele», reforça.
Rodrigo Mora «joga como se já tivesse 20 anos», e mesmo se assim fosse, o caminho ainda seria longo. A realidade é que tem apenas 16, e tanto nesse trajeto que não pode controlar. Mas entre aquilo que depende apenas de si, transmite segurança a quem olha para ele como uma das maiores promessas do FC Porto e do futebol português.
«Digo-lhe para manter os pés na terra e fazer o caminho dele. Admiro-o muito, também por ser família, mas deve fazer o seu caminho, que assim vai chegar onde quiser, tendo em conta o nível que coloca no jogo e no treino. Não consigo imaginar o patamar a que ele pode chegar, mas o que lhe digo é para crescer, valorizar o que tem e pensar naquilo que quer. Tem de ser o melhor naquilo que faz», diz Francisco Guedes, sem esconder a parcialidade da opinião: «É um orgulho vê-lo triunfar, sinto-me um irmão mais velho.»
Nuno Pimentel tem a visão distanciada de um treinador, habituado a gerir expectativas, mas não hesita em dizer que Rodrigo Mora «é um jogador diferenciado, especial». «Um talento com valores, apaixonado pelo treino, pela competição. Claro que existe sempre subjetividade, mas acredito muito no potencial dele. Se cumprir as etapas com naturalidade, sem infortúnios, sem lesões, a curto/médio prazo pode ser mais um produto de excelência do futebol português», conclui o antigo treinador dos sub-15 do FC Porto, agora com a equipa B e os sub-23 do Santa Clara.
Em plena fase final do Campeonato Nacional de sub-15 de 2021/22, Rodrigo Mora esteve em risco de falhar o duelo com o Benfica, devido a um problema ocular. «Desabou em choro perante a possibilidade de falhar o jogo», recorda Nuno Pimentel, que era o treinador dessa equipa de iniciados dos dragões. «A chorar compulsivamente, disse ao médio que queria jogar, e que fazia tudo o que fosse possível. Acabou por usar uns óculos à Edgar Davids e foi a jogo. É de enaltecer esse sacrifício, essa paixão pelo jogo. Mostra o carácter dele, mesmo em tenra idade», acrescenta o agora treinador da equipa B e dos sub-23 do Santa Clara

Rodrigo Mora é descrito como um jovem extremamente competitivo. Até mesmo os treinos são levados muito a sério, quanto mais os jogos. Mas essa vontade de ganhar está bem vincada também fora do futebol, mesmo quando o ambiente é mais descontraído. «Na altura do covid-19 estávamos sempre a jogar consola um contra o outro, à distância, e ele ficava sempre chateado quando perdia. Dizia que o pai tinha tirado o comando, ou que a irmã tinha passado à frente da televisão. Hoje em dia ele ganha-me sempre, mas antigamente era o oposto, e ele arranjava sempre uma desculpa. Mesmo a jogar às cartas é super batoteiro, quer ganhar sempre. É muito engraçado», revela o cunhado Francisco Guedes, agora nos sub-23 do Torreense.

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