Podes explicar porquê?
Termos o Olival não obriga sempre a um remendo? Ou consideras a proximidade equipas profissionais/formação ou a existência de uma estrutura única pouco relevante?
As condições do Olival para as equipas profissionais são ótimas ou, pelo menos, absolutamente suficientes?
Preferias um remendo daqui a 2/3 anos ou uma academia top daqui a 10? Ou uma estrutura integrada, uma cidade desportiva, daqui a 30?
Eu continuo sem opinião definitiva (também não tenho os vossos conhecimentos como concretos da matéria...) e tendo a dar o benefício da dúvida a quem está a decidir...
Acho muito bem que se aprenda com os exemplos dentro e fora de portas. Que se conheçam tendências, o estado da arte, o que se faz de bem e mal feito. No entanto, tenho que perceber o meu clube, as suas especificidades, as características do nosso futebol (de formação) e os enquadramentos sociais/demográficos/geopolíticos.
Um exemplo simples: perceber qual a atractividade do clube nas diferentes regiões do país. Tomemos o Real Madrid. Tem um poder de atração enorme em praticamente toda a espanha. É replicável no FC Porto? Não. Esse poder deriva, em parte, do seu sucesso desportivo. Aqui, à escala, não estamos mal. Mas também, de um factor geográfico. Madrid está (quase) o centro geográfico da espanha e faz uso dessa rápida acessibilidade a todo o território. O FC Porto não goza dessa centralidade. Pode criar uma, mas isso já é outra discussão.
Serve esta introdução para reflectir que é bom conhecer outras realidades, mas é essencial perceber o contexto e reflectir se esse contexto permite alguma adesão à nossa realidade.
Eu, ao contrário da maioria, não considero tão benéfico ter tudo concentrado numa estrutura única. Acho que o retiras de bom não supera o que tens de mau no contexto FC Porto.
As equipas profissionais e a formação têm interesses divergentes, até antagónicos, no que se refere à estrutura de treino. E onde há divergência, normalmente, quem ganha são os profissionais. É normal.
A formação procura centralidade. A estrutura profissional procura isolamento. Antagónico.
A formação procura centralidade para estar próxima dos maiores eixos urbanos, fácil acessibilidade, múltiplas acessibilidades. De preferência, na confluência de áreas metropolitanas. Mesmo que seja no meio de algum tráfego. Acessibilidade para os pais dos meninos, ponto de encontro de várias rotas, proximidade a vários agrupamentos escolares.
Os profissionais procuram isolamento. Mesmo mais longe, sem tráfego é uma vantagem. Dependem deles mesmos para a deslocação. São todos maiores de 18, encartados e com veículo próprio. Não têm obrigações escolares. E como se vê um pouco por todo lado, há uma tendência para adquirir habitação em zonas que lhes permitam fácil acesso, pois têm poder económico para isso e nada mais os prende (nem outras obrigações profissionais, etc…).
A formação procura partilha de espaços (não de campos!). É útil ter dois escalões a treinar em campos contíguos. Pode haver meninos a transitar entre treinos. A começar num e a acabar noutro. Equipa sub17 e equipa sub16, por exemplo. Mesmo entre sub17 e sub19. Para já não falar nos escalões mais baixos da iniciação onde a permute pode e deve ser constante.
Os profissionais, uma vez mais, procuram isolamento. Tranquilidade. Fechamento. Segredo. No olival, quando a equipa A treina, mais ninguém treina nos outros 2 relvados de treino. Não há a mesma dinâmica de partilha. São grupos muito mais estanques.
É altamente divergente, para não dizer antagónico.
Sou transparente neste assunto. A localização do moinho de vento da Maia é dentro daquilo que o FC Porto deve procurar para si. Primeiro, coloca o FC Porto na margem certa. Nada contra a margem sul do Douro, mas a margem Norte tem uma malha urbana mais interessante. Segundo, estaríamos na confluência de duas áreas urbanas: Porto e Braga (e Braga é a cidade mais jovem do país). Rápido acesso de todo o grande Porto (mesmo de Gaia), rápido acesso a todo o Baixo Minho e até à zona litoral do Alto Minho. E muito próximo do aeroporto. Com uma concorrência crescente nesta área (Braga, Vitória, Famalicão), o FC Porto deve assegurar que não a vantagem da centralidade.
O Olival tem custos de manutenção, mas o arrendamento está garantido por muito anos e é um custo irrisório. Enquanto estrutura para o futebol profissional, na minha opinião, até tem características muito boas. Com algumas adaptações e pequenas obras, creio que chegava e sobrava para todas as equipas profissionais.
Mais à frente, até acho que FC Porto deveria constituir aqui um polo da formação no Olival para facilitar o acesso às famílias da margem sul do Douro. Um pouco como o polo Estado Universitário de Lisboa para os calimeros, para não forçarem famílias a levarem meninos de 10 anos para Alcochete todos os dias. Mas isso, já são conjecturas.
Bem sei que o CAR é menos oneroso que uma Academia de formação. Mas já será um investimento muito considerável e que limitará de forma definitiva o FC Porto algum dia construa uma academia para a formação numa centralidade muito mais interessante.
Não estou a ver um dia haver Olival, CAR e Academia para a Formação. É utópico.
Tirando o pavilhão para as modalidades, não vejo onde o CAR traga uma vantagem substancial em relação a um Olival renovado/reprogramado para o futebol profissional. E iremos ficar com um Olival curto, tacanho e deslocalizado para a formação.
Prefiro esperar mais alguns anos e ganhar para a formação um espaço concentrado de treino, onde tenha espaço suficiente para todos os treinos dos seus escalões, sem encavalitamentos. Um espaço central, urbano, com excelentes acessos. E uma capacidade de alojamento que não limitasse jamais o recrutamento (o maior calcanhar de Aquiles).