D10s disse:
Mas a diferença é que sempre foi difícil ser treinador do Fc Porto, mas nunca fomos um cemitério de treinadores como somos agora infelizmente!
O Paulo Fonseca tem qualidade mas falhou por impreparação e culpa própria. Podem falar de Licás e Josués mas onde ele se perdeu foi ao desestruturar o legado da equipa bicampeã (organização do meio-campo) entrando aqui como se o trabalho tivesse que ser começado do zero e com 100% do seu cunho.
A coisa degradou-se de tal forma que o despedimento era inevitável.
O Lopetegui é um bom treinador e conseguiu resultados no campeonato nacional ao nível médio dos últimos 10 anos no Porto. Quem duvidar que vá consultar percentagens de vitórias/pontos, etc.
Fez uma excelente primeira época não resistindo ao colinho mas restaurou algum do prestigio interno e externo que o FCP tem vindo a perder.
Na 2ª época estava a fazer uma temporada aceitável internamente e sofrível externamente quando não resistiu à pressão das guerras que travou (externas e internas).
Treinador estrangeiro (sempre alvo da tradicional xenofobia do status quo desportivo nacional) a rasgar o benfica e os seus podres semana a semana, a denunciar arbitragem, a fazer cara feia aos jornalistas e opinion makers do burgo, a meter o bedelho na gestão desportiva do FCP não tem espaço para o mínimo deslize.
Fizeram-lhe a cama de tal forma bem feita: frases como "O Porto tem um super-plantel" ou "PdC deu-lhe tudo" ou "Esta equipa com outro treinador é que jogava" foram ouvidas por todo o lado intoxicando a percepção do portismo e conduzindo à esquizofrenia de ver 90% de portistas a se comportarem como se os resultados desportivos fossem tenebrosos quando estavam longe de o ser.
Parecia que estava noutro mundo quando via o gáudio generalizado de "colegas de paixão desportiva" a 7 e 8 de Janeiro como se tivéssemos saído do mundo das trevas despedindo Lopetegui para entregar a equipa a Rui Barros ou "outro qualquer".
Eu a sentir que a coisa estava a ficar preta e todo o mundo feliz. Não me lembro de sensação tão estranha.
Foi mal despedido, aproveitando interesses internos com pressão externa e a única base para o "cemitério de treinadores".
O NES é das escolhas mais escandalosas. Estava disponível em Janeiro de 2016, é sabido que o Peseiro foi 6434ª escolha o que nos leva a deduzir que o NES estava de 6435ª para baixo ou que o NES não quis vir para não queimar o seu extraordinário CV ou ainda pior: A SAD quando despediu um treinador com o perfil de resultados Lopetegui (= nível FCP dos últimos 10 anos) entendeu que era hora de entregar a época tendo "melhores" opções disponíveis.
Se e quando for despedido não pode entrar na lista do cemitério.
Cemitério existe quando se despedem treinadores com qualidade, a meio da época e que tinham tudo para vingar aqui e não o fazem por culpa alheia.
Se o Porto despedir o NES amanhã e me contratar a mim logo a seguir porque tenho uma boa cunha por certo também falharei e a frase: "Lá está! O gero foi despedido o que prova o cemitério de treinadores em que nos tornamos!" será totalmente despropositada.
O problema não está na gestão dos treinadores depois de contratados. Há falhas (como Lopetegui) mas o que é realmente grave é a forma como eles são contratados.
Quando o PdC dava entrevistas interessantes sem dar palha a comer aos totós costumavam-lhe perguntar qual era o segredo do sucesso do FCP.
Decorei a resposta de tantas vezes que foi proferida: "O segredo é escolher os melhores".
A resposta é simples, é verdadeira e prova que o futebol não tem grande segredo. Basta escolher os que achamos serem melhores e apoiá-los no seu trabalho.
O Porto deixou de escolher os melhores. Não por erros de julgamento mas por opções de cariz mais politico, de relações privadas e individuais.
Basta pensar nas escolhas que o BdC fez no Sporting e que o PdC fez no Porto, fazer um flash-back e perceber que dado o ponto de partida do poder de cada clube o Sporting só chegou a LJ,MS ou JJ depois de o Porto os snobar para tirar as conclusões devidas sobre "o segredo é escolher os melhores".
Tudo isto é rematado com as principais justificações para a chegada do NES. "É da casa, reforço da mística às mãos do símbolo do Somos Porto."
Não há milagres. Se deixarmos que os outros escolham os melhores seremos sempre um cemitério dos piores.