É verdade. E isso só reforça o ponto: não é a primeira vez que o FC Porto tenta um perfil “fora da caixa” — e nem sempre corre bem.
O caso do Del Neri é talvez o mais claro.
Veio rotulado como um treinador metódico, organizado, com um estilo italiano rígido mas promissor, com bons resultados na Serie A.
Chegou com boas credenciais, mas não durou sequer até ao arranque da época.
Porque percebeu-se logo que não encaixava no clube, no balneário, nem no contexto competitivo do futebol português.
E foi uma escolha com lógica, atenção. Tal como agora.
Tinha ideias. Tinha currículo. Parecia uma aposta moderna.
Mas ideias não chegam se não forem bem passadas, bem treinadas, bem recebidas.
E se o treinador não percebe onde está, o que se exige, e o tipo de grupo que tem à frente — não há tese tática que resista.
É isso que está a acontecer com o Anselmi.
Não se trata de ser novo, moderno, posicional ou diferente.
Trata-se de não conseguir aplicar nada disso com sucesso.
A equipa joga mal, repete os mesmos erros, e não evolui.
O problema, portanto, não é ser “um projeto” — o problema é não estar a mostrar que vai a lado nenhum.
E como no caso de Del Neri, o FC Porto tem de perceber quando uma tentativa correu mal e é preciso corrigir a tempo.