Luis Díaz na senda de Figo, Ronaldo e Futre: "Só precisa de tempo"
Em exclusivo a O JOGO, Carlos Queiroz compara a evolução do colombiano à de Figo, CR7 e Futre.
Dois golos, uma assistência e uma grande exibição fizeram de Luis Díaz a figura da eliminatória com o Coimbrões. O colombiano regressou à titularidade, depois de três jogos como suplente utilizado, e confirmou a subida de forma. Carlos Queiroz, selecionador da Colômbia, esteve atento à exibição do extremo e não ficou surpreendido com o rendimento de Licha, como gosta de o tratar. É uma questão de tempo até que chegue a regularidade, avisa.
O selecionador lembra que Luis Díaz só tem 22 anos e que está há pouco mais de três meses no futebol europeu. Mas gaba-lhe a tomada de decisão e a intensidade
Como avalia o rendimento de Luis Díaz nestes primeiros meses em Portugal?
-Tenho muitas esperanças de que o Licha possa ter uma evolução cirúrgica e meteórica em termos de alta competição e alto rendimento. Ele está numa fase progressiva de trabalho e de adaptação. Naturalmente que os ritmos de jogo e de treino que está a sentir agora obrigam o jogador a passar por uma fase menos regular, com alguns altos e baixos, mas a qualidade está sempre presente. Ele é um jogador que tem essa característica rara que é a fantasia, além de ter movimentos de rutura e de desequilíbrios, o que provoca situações de chamar a si sempre mais do que um elemento da equipa adversária. Ora, isto é uma vantagem para qualquer equipa, porque quando temos um jogador que chama a si dois jogadores já vai faltar alguém noutros lugares e, dessa forma, abre espaços na equipa adversária.
O jogador já sabe decidir no momento certo?
-O timing e as qualidades de decisão a alta velocidade são as características do seu jogo. Agora, numa fase de adaptação ao futebol europeu, vai aprendendo com um erro aqui e outro acolá, a exemplo do que aconteceu com outros grandes jogadores que tive ao longo da minha carreira.
-Estou a falar do Figo, do Cristiano [Ronaldo] e do próprio Futre. São todos jogadores que passaram por esses momentos de alguma indefinição, mas nós, treinadores, temos a obrigação de incentivá-los a tomar decisões de alto risco a alta velocidade. Vão cometer alguns erros, mas a nossa obrigação é dar-lhes confiança para que jogo a jogo e treino a treino consigam estabilizar decisões.
Para jogos mais complicados e contra equipas mais fechadas, pode ser um "abre-latas" ao serviço do FC Porto?
-É um termo que a gíria futebolística aceita como um paradigma dos jogadores fantasistas e criativos, como acontece com o Licha, mas para nós, treinadores, são jogadores que criam desequilíbrios em situações de um contra um, mas também momentos de rutura em espaço, tempo e número. São elementos importantes porque podem afetar esses desequilíbrios nessas três componentes. Se o conseguirem num só já é uma vantagem enorme para a equipa, porque ou ganham espaço ou ganham tempo ou ganham números. Ao fazerem isso oferecem à equipa situações de vantagem no ataque propícias à criação de oportunidades e com isso à concretização de golos.
"Jogadores como o Licha dão brilho e luz às suas exibições. Ele é o sal que dá sabor às decisões da equipa"
Acredita que tem condições para brilhar na Europa ao mais alto nível?
-Este tipo de jogadores estão sempre muito perto desses momentos de alta definição, porque são um perigo iminente, são um perigo constante. Só o facto de serem uma ameaça para os equilíbrios que se estabelecem num jogo permite-lhes que fiquem sempre muito perto de chamarem a atenção. Jogadores como o Licha dão brilho e luz às suas exibições. Diria que há o saber fazer e depois há como fazer e fazê-lo bem. Ele é o sal que dá sabor às decisões da equipa. Naturalmente, estes jogadores ficam sempre mais perto dos principais momentos de um jogo e até dos grandes títulos, porque são os jogadores que dão mais nas vistas.
Considera que o Luis Díaz já é um jogador de topo ou ainda lhe falta alguma coisa para lá chegar?
-Só lhe falta tempo na maturação. O Figo quando tinha 28 anos não era o mesmo de 18 anos; o mesmo aconteceu com o Cristiano. Há um tempo de maturação, de afirmação e isso só vem com a experiência e com o tempo. Isso acontece em todas as profissões. É apenas isso que falta a um jogador de apenas 22 anos que chega agora à Europa. Ele tem apenas três meses de futebol europeu, mas tem todas as condições para merecer a oportunidade de crescer.
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