PERFIL || O nome dele é Jorge. Mas ninguém lhe chamava assim. Chamavam-lhe só o “Bicho” — e ele não se ofendia: aceitou o nome como se aceita um instinto. O Bicho nunca foi homem de meias palavras ou de gestos vazios. Nasceu numa Foz sem vista mar mas com vista bairro. Lá, tal como sempre fez...
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PERFIL || O nome dele é Jorge. Mas ninguém lhe chamava assim. Chamavam-lhe só o “Bicho” — e ele não se ofendia: aceitou o nome como se aceita um instinto. O Bicho nunca foi homem de meias palavras ou de gestos vazios. Nasceu numa Foz sem vista mar mas com vista bairro. Lá, tal como sempre fez nas velhas Antas e no novo Dragão, jogava como quem defende a vida: de alma em riste, corpo inteiro, “o grito audaz da tua ardente voz”
No princípio não era a relva.
Cresceu com os pés no alcatrão da Previdência. E quando não gastava das sapatilhas as solas, é porque a bola, dele melhor amiga, repousava na ombreira da porta, não entrava mas também não se afastava demasiado.
Era o que na gíria do bairro se chama um ruço, loirinho de caracóis e olhos de um claro azul. Tinha mais quatro irmãos, ele era o mais novo. Era diferente. “O único com uma altura acima da média dos portugueses”, disse ele uma vez,
em entrevista ao Expresso, revolvendo na meninice. Não era diferente só no corpanzil. Era dos cinco o único “que nasceu com olhos claros”, os restantes Costa Almeida tinham “cabelo preto, olhos pretos”. “Não tem nada que ver comigo. A minha mãe não vai gostar muito que diga isto mas a verdade é que sou completamente diferente deles.”
Só se lhe conheceu uma alcunha, já tardia, já adulto: o “Bicho”. Mas em casa, menino, era só Jorge. Cresceu nesse bairro, a Previdência, que fica na Foz. “Mas não era a Foz que as pessoas normalmente associam, era a Foz do bairro social”, explicou ele, fez questão de explicar, de se desaburguesar, ao Expresso. O pai era um vendedor do que se dizia “materiais de pedreira”, mais especificamente capacetes, martelos pneumáticos — saía de manhã, voltava à noite. A mãe não saía de casa, costurava para fora. Havia dinheiro contado, mas nunca faltou nada. “Eu tive uma infância feliz no bairro. Eu tinha o que comer, tinha bicicleta também. Tinha acima dos mínimos. Hoje tenho essa consciência dos sacrifícios que os meus pais fizeram. Mas como era o mais pequenino, e era até um puto giro, era muito paparicado”, revelou noutra entrevista,
à Sábado.
Se pela mãe fora “paparicado”, o pai era o ídolo naquela primeira infância. “O meu pai era uma pessoa muito distinta, ele falava muito bem, muito calmamente. Era alguém com um discurso muito fluente, lúcido, educado”, revelou à Sábado. Foi talvez por isso que, mesmo sem grande vocação para livros — “não gostava da escola, mas hoje gosto de ler” —, sempre falou com clareza — nas entrevistas, nos balneários, nas reuniões. Sabia estar. E sabia sair.
Quase foi jogador de voleibol, quando andava com os amigos em Cortegaça, no campismo: “O Miguel Maia, o Filipe Vitó, o Carlos Filipe, havia ali muita malta do voleibol”. Diz que era “enorme” a paixão pelo voleibol. “A minha sorte foi que, um mês antes de começar o campeonato de voleibol, fui atropelado.” Partiu a clavícula, acabou operado duas vezes e perdeu mobilidade, “alguma”. Mas será isto uma sorte? Sim. “Porque me dediquei exclusivamente ao futebol.”
Começou tarde no futebol, aos 14 anos. Não tinha pressa de começar. Só começa porque os amigos foram todos ao Futebol Clube da Foz, ao campo da ervilha, ele também foi. Ficaram todos no clube. Jogou por lá um ano e, nesse ano, num jogo contra o FC Porto, marcou e destacou-se. O FC Porto chamou por ele por ele chamar à atenção. Também o Leixões e o Boavista chamam, no ano de 1987. Mas ele não teve dúvida alguma. Era portista de berço: “Era uma democracia em que era mandatório sermos portistas”. Foi ao Foz, ao clube, reunir-se com o presidente. “Eu fui com o meu empresário, o senhor Lino Costa. O meu pai”, gracejou, ao Expresso, uma vida mais tarde. “O presidente aconselhou-me a ir para um clube com menor exigência, para poder continuar os estudos. No final o meu pai disse 'eu percebo isso tudo, mas a decisão será do meu filho, o que ele quiser é o que será feito'". E, como é evidente, eu disse logo ‘então não há dúvidas’. Foi o FC Porto.”
Foi ao primeiro treino no FC Porto, ao segundo não lhe apeteceu. Disse que tinha ido ao dentista. “Mentira.” O treinador, Costa Soares, não gostou da manha. “Vê lá se te adaptas senão meto-te no 78 e mando-te para o Foz de volta.” Não tinha só manha, tinha pinta. Usava um cabelo à Elvis, rockabilly. O treinador, Costa Soares, não gostou da pinta. E mandou-o cortar. “Dizia-me que devia vir com a cabeça de fora do elétrico.” Aos centrais não se quer isso de pinta, quer-se medo, que metam medo.
Mas podia nem ter sido um central desses que amedrontam. Nos juvenis jogava a central mas com a camisola 10. “Porque eu era o craque da equipa.” Gostava até mais de jogar no meio-campo mas meteram-no atrás: “Porque lá acharam que se calhar era demasiado para mim jogar no meio campo”. Quando os jogos eram fáceis punham-no a ponta-de-lança. “Fazia três ou quatro golos por jogo. Não pela técnica mas porque era bem mais alto do que os outros”, contou ele ao Expresso.
Jogava e estudava. E na escola era um bom aluno — “embora não fosse excelente”. Até não conseguir mais estudar. Reprovou uma vez por causa do atropelamento “da sorte”, o que o retirou do voleibol. Depois vieram os estágios da seleção, da seleção de Queiróz, “o professor”, em Lisboa, a preparar o Mundial de sub-20. “Passámos muito tempo em Lisboa. E pronto. Se me perguntarem se conseguiria ter conciliado, acho que sim, acho que conseguia ter terminado o 12.º ano. Mas foi uma opção. Optei por aquilo que me era mais confortável”, justificou, à Sábado.
A decisão deu bom resultado, pelo menos no campo desportivo. No FC Porto ascendeu depressa. Estreou-se pelos seniores com breves 16 anos. “Tremia por todos os lados.” Lembra ao Expresso o primeiro treino na primeira equipa. “Lembro-me perfeitamente. Foi um treino de finalização. E levei um ‘arranque’ descomunal do Artur Jorge. Cheguei ao meu treinador dos juniores [Augusto Inácio, à época] e disse: ‘Mister, eu não quero ir mais’.” Mas foi. Os “arranques”, ou ralhetes, ou duras, ou piçadas, fazem parte. “Hoje percebo, como treinador, que às vezes é preciso dar um abanão e escolhe-se o primeiro que vier — e eu se calhar tive o azar de ser o primeiro. Ele provavelmente dá-me esse arranque para acordar os outros todos. Hoje percebo tudo. Na altura, custou.”
Aos 20 anos foi campeão do mundo de sub-20. O ano era o de 1992. Depois disso, a pré-época com o Porto. Seria agora a afirmação definitiva, sem “descomunais arranques” dos treinadores portistas — Artur Jorge ou quem for, que no caso era Carlos Alberto Silva. Mas não. Andara emprestado, Penafiel primeiro, mas regressa num jogo-treino e joga cinco minutos. Não gostou. Bateu à porta de Carlos Alberto Silva: “Mister, peço desculpa pelo atrevimento, mas diz que me quer ver, viu-me 10 dias a correr esta semana e na altura em que há jogo só jogo cinco minutos — não me parece que o mister me queira ver”. Foi para o Marítimo, mais um ano emprestado. Fez-lhe bem.
Na Madeira, no Funchal, começou a cozinhar. Morava com Fernando Brassard, outro menino de Queiroz que pouco sabia de cozinha. “Ligava para a minha mãe a perguntar como se fazia o arroz.” Quando não ligavam, comprava no quiosque revistas de culinária. Aprendeu. “Agora cozinho todos os dias. Saio do treino de manhã e passo no supermercado, vejo na hora o que é que quero e o que vou fazer para jantar — e isso descontrai-me. Não sei se é uma terapia, mas vejo todos os programas culinários para tirar ideias e fazer coisas novas — e gosto muito.” A especialidade? Revelaria no Expresso, na entrevista: “Cabritinho assado no forno a lenha”.
Regressado do Marítimo, regressado ao FC Porto, a culinária vinha consigo. Tornou-se o miúdo das chamuças. Explica o próprio, tão deliciosa é a história dele: “Ao sábado havia o treino, havia o banho e massagens — e saíamos por volta do meio dia para estágio. Eu era um miúdo e o João Pinto, o Jaime Magalhães e o André, essa malta, diziam: ‘Miúdo, vais ali à pastelaria Primazia, já lá está feita a nossa encomenda e trazes’. E fui, obviamente, porque eles mandavam e eu obedecia. Meti as chamuças no carro, estava a chegar às Antas e havia um hotel ali perto onde tinha acabado de chegar o Nacional. Resultado: trânsito — e começo a stressar. Quando cheguei ao Parque das Antas estavam todos - jogadores, treinadores - já dentro do autocarro à minha espera. Eu só tinha duas hipóteses: ou deixava as coisas no carro e entrava ou assumia. E pensei: 'Não os posso deixar ficar mal’. E entrei no autocarro a pedir desculpa pelo atraso e eles lá atrás a rirem-se e bater palmas. Mas não aconteceu nada e ganhei pontos ali porque viram que afinal o ‘Bicho' era de confiança”.
“Bicho” fora o nome que lhe colaram — e colado ficou. Foi Fernando Couto quem o chamou assim pela primeira vez. Não por malícia nem por troça, mas porque não havia outra forma de o descrever. Jorge Costa treinava-se como jogava e jogava como vivia: com intensidade animal, com uma fome de território que não se fingia. Chegava primeiro às bolas divididas. Protegia os seus com o corpo e com os dentes. Com o que viesse, viesse quem viesse. O nome nasceu, pois, no balneário e espalhou-se como lenda. De tal forma que deixou de ser alcunha para ser identidade. “Ainda hoje mais de 90% dos meus ex-colegas, companheiros e amigos me chamam ‘Bicho' e não Jorge”, revelou ao Expresso. Era um nome que dizia tudo — a força, a urgência, a natureza bruta. Mas também o instinto de pertença, o sentido de matilha, a fidelidade aos que suavam ao lado dele. Bicho não era epíteto, era modo de estar.
Desfiamos mais histórias de balneário. Das desconhecidas. No velho Estádio das Antas teve a sua própria casa de banho. Não era uma exigência contratual nem um capricho de estrela — era apenas um recanto, um refúgio. E respeito. Na porta, colaram-lhe uma fotografia sua, como se fosse um aviso discreto: aqui dentro está o capitão. Ninguém ousava entrar. Nem os mais novos por distração, nem os mais velhos por brincadeira. O que é que fazia? Demorava-se. “Demorava. Era o meu poiso. E lia os jornais”, recordou ao Expresso. Queria silêncio — o possível num balneário.
No campo falava. Falava muito. Não gritava nem provocava — falava com método. Escolhia as palavras como quem posiciona o corpo: sempre de frente para o adversário mas com um olho na jogada seguinte. Falava para baralhar, para ocupar o espaço da cabeça dos outros enquanto tomava o do relvado. “O Nuno Gomes, por exemplo, gosto muito dele, somos amigos. E dizia-lhe durante o jogo: ‘Então a família está bem? Os miúdos estão bem?’”, contaria à Sábado. Não era ironia, nem maldade. Era estratégia. “Era uma forma de os ter perto de mim. De os distrair do essencial.” Sabia que uma finta podia ser evitada, uma pergunta bem colocada — íntima, inesperada — podia deixar um avançado a meio do drible.
Depois há George Weah. No túnel das Antas, uma cabeçada às escuras e o nariz do “Bicho” partido. Jorge Costa nunca lhe perdoou — mas também nunca o disse com raiva. “Não sou ninguém para perdoar. Se esqueci? Nunca na vida vou esquecer. Mas só quando me fazem a pergunta é que penso nisso.” O episódio ficou atravessado. “Porque ele não teve a dignidade de assumir que errou.” Nunca houve um pedido de desculpa. “Bate e foge?” A agressão perdoa-se — mas cobardia não.
Saiu do Futebol Clube do Porto em 2002. Era treinador Octávio Machado.
Foi para o Charlton com um nó na garganta. Não queria ir. Sentia-se desterrado do clube que era casa, do lugar onde ainda queria provar mais. A saída foi uma consequência de um episódio mal digerido: acusaram-no de ter atirado a braçadeira de capitão ao chão quando, garantiu mais tarde, só a tentara passar ao Capucho e ela caiu. Exigiram-lhe um pedido de desculpa público. Recusou. E saiu. “Estava no avião com o meu empresário a olhar para o Big Ben e a dizer: ‘O que é que eu estou aqui a fazer?’” Foi para Londres contrariado, com uma única condição para aceitar o contrato: poder voltar a casa no Natal. Queria ver a família, os filhos. Mas o que começou como castigo transformou-se em reencontro. Com a paixão do jogo. “Foi uma das melhores experiências que tive. Ainda tenho algumas garrafas de champanhe porque no final do jogo o ‘man of the match’ levava uma garrafa de champanhe. Fiquei nos três melhores estrangeiros de sempre da história do Charlton. Aquele era um campeonato à minha imagem. Qualquer carrinho, qualquer lance mais disputado no ar, para os adeptos ingleses era como se fosse marcar um golo e eu era como peixinho na água. Foram seis meses fantásticos.
Regressa ao FC Porto em 2002. Era treinador José Mourinho.
“Eu já conhecia o Mourinho e quando me liga disse-lhe ‘Zé, conheces-me bem, sabes a minha vida, sabes que é que eu quero, sabes o que sinto pelo Porto e vou mas não vou passar pelo que passei [castigado], se for para isso deixa-me ficar em Inglaterra que estou bem’. Ele garantiu-me que queria que eu fosse”, recordou, ao Expresso. Quando voltou, a braçadeira estava no braço de Vítor Baía. Era símbolo de liderança mas também de confiança. Mourinho faz uma reunião para debater, entre outros, o assunto do capitão: manter ou mudar? O gesto que se seguiu foi talvez o mais silenciosamente comovente de toda a carreira do Bicho. Em plena reunião de pré-época, sem aviso, Baía pediu da palavra. “Disse ‘se vamos a votação, o que eu vou dizer acho que vai ajudar a tomar uma decisão - o meu voto vai para o Jorge Costa’. E já não houve votação. O que foi ótimo porque nesse ano, num clube rival, houve alguns problemas com ciúmes por causa da escolha do capitão”, relembrou aquele que até acabar a carreira nos portistas (haveria de fazer uma derradeira temporada no Standard, da Bélgica) não mais não foi capitão e de braçadeira no braço ergueu todos os troféus nacionais e estrangeiros.
Retirado de jogador, haveria de ser um treinador. Foi-o em sete clubes portugueses, sempre entre a corda bamba e o desejo de alguma estabilidade. E depois partiu — como quem procura outras geografias, outras línguas, outras urgências ou outras serenidades. Passou pela Roménia, pela Tunísia, pela Índia, por França, por Chipre. Mas foi em África que se encontrou, que encontrou um capítulo novo, diferente. O Gabão não era só um destino exótico num currículo repleto — foi casa. E foi amor. “Apaixonei-me, casei-me com uma portuguesa que trabalhava lá”, contou à Sábado. A vida deixou de ser apenas táctica e balneário, passou a ser savana, calor, bichos a sério. “De cada vez que íamos para a selva tínhamos contacto com animais. Elefantes, tartarugas – havia espécies de 900 quilos que procurei na baía das tartarugas mas que nunca tive a felicidade de ver, só o estrago que faziam. O chefe de Estado, senhor Ali Bongo, tinha um zoológico quase privado, que era delicioso”, recordou à Sábado.
No Gabão treina a seleção nacional. “Conseguimos o apuramento para duas CAN, sem derrotas.” Quase morre. Conta assim,
no Zero Zero: “Estão a ver este buraquinho [na mão]? Estava dentro de água e fui picado por uma raia. Pensei que morria. Passados dez segundos já não sentia a mão, depois o braço, até já não sentir nada. Estávamos nessa península e tive de ser evacuado de barco para Libreville. Comecei a alucinar. Sangrava e tinha o corpo cheio de veneno. Estava só com a minha mulher. Três dias depois tive de ser transferido para Paris, já depois de ser observado pelo médico do Presidente do Gabão. Foi um grande susto mas safei-me.”
Como se safaria novamente em 2023. Já treinava novamente em Portugal, no Académico, em Viseu. Sofreu um enfarte. Isso mudou tudo. “Agora estou muito mais tranquilo. Parei de fumar. Tenho mais cuidado com a alimentação”, revelou à Sábado. Tentava aproveitar mais os bons momentos após tão grande susto. “Enquanto jogador não conseguia. A vida é tão intensa que não dá para parar, pensar, usufruir.”
Haveria de deixar os bancos. Nunca treinou um grande. Não sonhava com isso. “Sonhos não tenho. Eu quero é ser feliz. Treinar onde me queiram e valorizem.”
Haveria de deixar os bancos. Para dirigir um grande. Enquanto dirigente: André Villas-Boas convidou-o para diretor do futebol.
A derrota de Jorge Nuno Pinto da Costa nas eleições do FC Porto, em abril de 2024, foi um momento que sacudiu os alicerces de um clube que viveu 42 anos sob o comando de uma mesma pessoa. Jorge, o “Bicho”, um dos símbolos maiores do emblema e diretor do futebol vencidas as eleições por Villas-Boas, assumiu uma posição ambivalente na hora da vitória. “É um dia feliz, mas não deixa de ser, para os portistas de longa data, como eu, meio triste”, confessou, abrindo o coração aos sentimentos contraditórios que só quem sente o clube na pele consegue exprimir. “Este clube precisava de coisas novas, o clube pertence aos sócios e assim o demonstraram.” Numa noite de viragem, fez questão de deixar uma mensagem carregada de respeito e gratidão ao homem que moldou a história do FC Porto: “Foi o meu presidente durante anos e anos, ao qual devo muito da minha vida e enquanto portista pelo crescimento do clube. Estará sempre na minha consideração e não me alongo muito mais porque posso ser mal interpretado. Pinto da Costa será sempre o meu presidente”.
Quando, em fevereiro de 2025, Pinto da Costa morreu, Jorge, o “Bicho”, assumiu publicamente a perda com a dimensão histórica e emocional que o momento exigia. Disse assim, escreveu, breve e forte: “Eternamente na nossa história”. Aquele que fora um dos mais leais capitães do clube reconheceu que, apesar dos capítulos conturbados, o legado do ex-presidente nunca podia ser posto em causa. Pinto da Costa também nunca pôs o Bicho em causa. No livro “Azul Até ao Fim”, onde Pinto da Costa enumerava quem não queria no seu funeral, não excluiu Jorge.
Jorge Costa morreu a 5 de agosto de 2025. O craque que pedia a camisola 10 mesmo a jogar a central. O miúdo das chamuças. O homem da casa de banho com fotografia. O “Bicho”. Ficou-nos uma frase dele das tantas entrevistas nas quais se contou e que é uma frase que talvez conte tudo: “Sou educado, sou uma pessoa com princípios e a minha vida vai seguir naturalmente”.