benHur78 disse:
Também é demolidor, que exceptuando alguns raros clubes, os clubes estão falidos! Citando o presidente do Sporting, nunca houve tanto dinheiro a circular no futebol, mas os clubes estão falidos! Explica lá isso.
O modelo que defendes, é o modelo das comissões e não é sustentável, porque cria dívida em cima de dívida! Há coisa de alguns anos em Portugal, ainda eram os bancos que suportavam isto à nossa custa, os clubes pediam empréstimos que nunca pagaram, estamos nós hoje a pagar por isto tudo. Hoje a torneira fechou.
Eu e alguns aqui, não defendem uma equipa total baseada apenas na formação! Nem tanto a terra nem tanto ao mar! Também não defendo que desportivamente temos de ganhar sempre porque isso é impossível! Na base do meu raciocínio, defendo que em primeiro lugar, está a saúde financeira da organização. É impossível teres sucesso desportivo sustentavelmente, se financeiramente és um desastre! Isto é verdade de la palisse.
Os clubes estão falidos em Portugal. E estão falidos em Portugal não é por causa dos modelos adoptados, é por incompetência do dirigismo desportivo em geral e pelas vicissitudes do próprio país. Curioso teres citado o Sporting porque o Sporting é o clube que passa a vida a fazer gala da formação. Faz isso há anos e há anos que é um falido crónico. Explica lá isso.
Quer isto dizer que um modelo que dê primazia à formação é necessariamente um modelo ruinoso do ponto de vista financeiro? Não. Isso depende da forma e da competência como for executado. Da mesma forma que um modelo que assente na aquisição e na valorização de jogadores, tendencialmente, entre os 20 e os 25 anos não é nada insustentável. Muito pelo contrário. É o único viável em termos desportivos para equipas de classe média e nós fomos a prova disso e, de certa forma, ainda somos. Que a certa altura esse modelo seja mal aplicado ou tenha sido subvertido é outra conversa; que as mudanças que inevitavelmente ocorrem por esse mundo fora obriguem a ajustes, também é outra conversa.
Agora, do ponto de vista desportivo, há uma coisa que é certinha: uma política de formação representará um downgrade gigantesco na qualidade dos plantéis e uma décalage ainda maior para os adversários na Europa. E aqui já nem falo dos tubarões, falo mesmo nas outras equipas de um patamar inferior.
Não reconhecer isto é ingénuo e, isso sim, é um argumento de fé. Ou seja, a mesma narrativa que tu condenaste, só que apontaste para o lado errado porque quem usa argumentos de fé são aqueles que estão na tua linha. Os do meu lado, chamemos assim, limitam-se a fazer a constatação da realidade. E a realidade é que o único país europeu onde os clubes em geral têm tido na formação o seu core business é a Holanda (e a Bélgica, mas esses raras vezes deixaram de ser irrelevantes a nível de clubes por coincidência). Resultado: os feitos desportivos aparecem de longe a longe. Não é algo consistente, como as nossas constantes participações na Champions. A excepção, infelizmente para o Porto, foi este ano; tal como a excepção para o Ajax foi a época passada porque o normal é nem sequer passarem a fase de grupos.
Também já conheço esse argumento de que os defensores do primado da formação não defendem uma equipa constituída a 100% ou 80% por jogadores da casa. Da mesma maneira que eu também não quero que um bom valor da formação seja dispensado ou não tenha oportunidades na equipa AA. O que nos distingue é que na hora de avaliar um jogador do Porto, para mim é completamente indiferente se ele é da formação ou não. Eu sou o primeiro a malhar no fraco rendimento do Danilo e até do Alex Telles até agora. E fui o primeiro a achar que o negócio do Nakajima foi um disparate e que, além disso, ele não tem demonstrado nada de especial. O que não vou é, por exemplo, fechar os olhos às performances menos conseguidas de um futebolista que venha da formação, nem fazer dele aquilo que não é. Exemplo: o André Silva não é um mau jogador, aqui pelo quintal consegue marcar os seus golinhos e é abnegado; o André Silva não é nenhum craque mundial, está a léguas disso. Outro exemplo: o Otávio fez um excelente jogo em Portimão e com o Young Boys; aproveitou a lesão do Baró (que estava a cumprir minimamente, mas sem ser exuberante) e superou-o claramente. No domingo, contra o Sta. Clara, espero que o Otávio seja titular em vez do Baró. Já sei é que isso vai ser um "ai Jesus" para muita gente daqui, mas se fosse ao contrário até cortavam os pulsos se o português não tirasse lugar ao brasileiro.
benHur78 disse:
Já usei este argumento aqui várias vezes, tu nós ultimos 6 anos, ganhaste um campeonato! Aí está o sucesso desportivo do teu modelo! No entanto, gastaste muito dinheiro! Quem beneficiou com isso?! Não foi de certeza absoluta o Fc Porto como instituição! Se tivesses um modelo misto, com alguns jogadores da formação e algumas contratações, o pior que te podia acontecer (é esse o teu receio), seria não ganhares nada! Mas olha, também não ganhaste muito, pois não?!
Nos últimos seis anos jogaste numa realidade completamente viciada. Parem de se queixar do polvo para depois, quando não interessa, falarem dele como se não existisse. Ou pior, desfaçam esse mito de que dantes o polvo era igual. Não, não era. É falso. O argumentário dos títulos recentes é absurdo, tendo em conta a conjuntura em que vivemos. Ou achas que com mais miúdos da formação tinhas dado a volta à teia do Luís Filipe Vieira?
Se não houvesse polvo, a esta hora, eras tricampeão e ainda tinhas o título de 2015 para juntar. E se assim fosse o que é que acontecia? Não acontecia nada, provavelmente persistias na mesma narrativa. Como persistiam outros como tu, quando fomos tetra com o Adriaanse+Jesualdo ou quando arrasamos tudo no ano do AVB. Sempre a mesma conversa, por mais que as evidências sejam contrárias. É quase como discutir com um militante do PCP o desastre democrático e socioeconómico do comunismo. Está à vista de todos em todos os países nos quais esta ideologia vigora e vigorou, mas ainda há quem ache que esse é o caminho e que a culpa é do povo porque não é bom o suficiente.
benHur78 disse:
Sinceramente, não consigo perceber, porque vocês insistem num modelo, que o que faz na realidade, é endividar os clubes, é enriquecer algumas pessoas, e serem autênticos zeros a nivel de projecto desportivo (a maioria dos clubes não ganha nada)! E os clubes que ganham, Barcelonas, City, etc, cabem quase todos numa mão, financiados não se sabe muito bem como, russos, arábes, autênticas lavagens de dinheiro. Agora em França estão todos chocados pelo dono do PSG ter referido que não via problema em fazer negócios com a familia Bin Laden! Pois, mas quando o tipo injectou os milhões, nunca se questionaram de onde o dinheiro vem....
loool E tu achas o quê? Que o modelo da formação, hoje em dia, não faz enriquecer essas mesmas pessoas também? O que o Lage fez com o Leipzig foi algo de patético e aberrante; uma competição como a Champions tem de ser encarada com os melhores jogadores do plantel. Mas não duvido que aquele onze que ele apresentou teve um empurrãozinho do Vieira e do Mendes, que estão mortinhos por valorizar e vender mais alguns jogadores, sem se importarem com os custos desportivos para o clube. Ou achas que os futebolistas que começam a brilhar nos juniores (e às vezes até bem antes) não são logo atados pelas gestifutes desta vida? Claro que são e essas entidades depois querem que eles vão para a montra logo. E a partir daí tratam do respectivo marketing.
A propósito, sabes o que está a acontecer ao Valência? Despediu o Marcelino, que trouxe de novo qualidade e resultados àquela equipa. E sabes porquê? Porque ele, que é o treinador e é quem tem de decidir quem joga, entendia que ainda não estava na hora de apostar em determinados atletas da formação. Atletas esses que eram agenciados por quem? Surpresa das surpresas, Jorge Mendes. Resultado: técnico sério e competente para a rua já com a época em andamento.
Dizes que a maioria dos clubes que não segue essa tua filosofia não ganha nada. Bem, isso é factualmente falso. E é factualmente falso porque não me consegues dar exemplos contrários. A não ser, lá está, o Ajax no ano passado e inserido num campeonato em que todos privilegiam as camadas jovens, logo não há contrafactual. Depois tens toda uma série de equipas que não fazem nada disso: as dos petrodólares (PSG, City, etc), as economicamente poderosas e que se mantêm sob poder autónomo (Barcelona, R. Madrid e Bayern) e outras que, sendo posse de outrem, não têm o dinheiro dos seus rivais (Tottenham, Atlético de Madrid, etc).
Ou seja, mais uma vez, o que tu fazes é virar o tabuleiro ao contrário. O retrato negro que traças a nível desportivo é o reflexo da política que tu defendes e não o inverso.