Ivan Kaviedes: 32º aniversário em clínica de reabilitação
Ivan Kaviedes celebra, neste sábado, o seu 32º aniversário. Seria num dia para festejos intensos, um pouco por todo o Equador, país que continua a recordar um dos maiores talentos locais. Contudo, o antigo avançado do F.C. Porto desapareceu das capas dos jornais. Numa fase de desespero, pediu ajuda a amigos e deu entrada numa clínica de reabilitação. Álcool, drogas e depressão. Um quadro preocupante.
Em Setembro, um ano depois de ter participado no seu último jogo oficial, Jaime Iván Kaviedes Llorenty bateu no fundo mas decidiu reagir. Procurou ajuda e entrou em contacto com a Clínica Nueva Luz, em Guayaquil. Seguiria posteriormente para o Quito, em busca de privacidade. O melhor marcador mundial de 1998 sucumbiu na recta final da carreira.
«Entrevistámos o Ivan e ele demonstrou o seu desejo de mudar. Está a receber ajuda. Ele será submetido a processos de desintoxicação corporal e a psicoterapia. Escutará testemunhos de pessoas que procuram resolver os seus problemas. Isso será uma grande ajuda», disse, na altura, o coordenador da Clínica Nueva Luz, Christian Diaz.
Raúl Noriega, antigo jogador, decidiu ajudar Kaviedes com o apoio da sua mulher, Zaida. «Ele quer sair do mundo em que caiu e por isso pediu-me ajuda. Actuei como sua representante e serei eu a decidir quando tempo ficará internado na clínica do Quito. Ele pode voltar a jogar mas, para já, o mais importante é a sua recuperação como pessoa», explica Zaida Noriega.
«É preciso ter estrutura mental»
Pena conviveu com Ivan Kaviedes no F.C. Porto, ao longo da temporada 2001/02. O avançado equatoriano disputou apenas uma partida, na Taça de Portugal, sob o comando técnico de Octávio Machado. Desiludiu nas Antas, mas ainda deixou a sua marca nos Mundiais de 2002 e 2006.
«Lembro-me do Kaviedes, mas não havia na altura sinais de que pudesse vir a ter essas dependências. Infelizmente, há jogadores que se deixam levar pelo dinheiro, pelas mulheres, pelo álcool e as drogas. É preciso ter estrutura mental para resistir, e nisso a família é muito importante. Eu também cresci num meio difícil, com muita coisa má à volta, mas nunca mexi em drogas, nunca cheirei. Apenas bebo o meu vinho de vez em quando», explica Pena, ao Maisfutebol.
Estrutura familiar. Algo que Kaviedes nunca teve. Os pais do jogador morreram quando este tinha apenas seis anos, num acidente de automóvel. A avó procurou compensar as ausências, mas a imprensa do Equador garante que o avançado nunca ultrapassou a perda, apesar da fama.
No final do mês de Setembro, após semanas de isolamento, Ivan Kaviedes reapareceu em público, num jogo de futebol de rua. O Equador aplaude o esforço e incentiva o antigo ídolo. Resta saber se «el Nine» vence este jogo. «Se não me conheces, não me julgues», lê-se numa tatuagem, no braço esquerdo do jogador.
in Maisfutebol