O Estádio das Antas, assim como o pavilhão Américo de Sá, têm lugar de destaque nas minhas memórias de infância.
Nasci a meio da década de 80 e por isso não assisti a muitas aventuras ali vividas, mas foram mais que suficientes para poder dizer que se vivia muito mais activamente o clube do que nos últimos 10/12 anos, ou seja, desde que mudamos para o Dragão e principalmente desde que o futebol se tornou sobretudo um negócio.
Comecei a ir às Antas muito cedo, com o meu pai que ia religiosamente a todos os jogos para a mítica Superior Sul, com o afamado "Tribunal das Antas". Tão jovem era que não faço ideia qual foi o primeiro jogo que ali vi. Talvez um jogo de festa do título, em que chegamos umas duas ou três horas antes do início, como a grande maioria dos adeptos faziam.
Recordo o final de carreira do João Pinto e a "passagem de testemunho" ao Jorge Costa, a despedida do Baía quando foi para Barcelona, a raça do André e do Paulinho, a classe do Aloísio, a máquina goleadora que era o Jardel, o pé esquerdo telecomandado do Drulovic, os primeiros passos do mágico Deco.
A classe do Bobby Robson, a forma meia louca como o Oliveira arriscava nas substituições, o bater no fundo com o octávio, os primeiros passos da mítica caminhada com o Mourinho.
A possibilidade de espreitar os treinos entrando pela porta 10, passar no parque de estacionamento exterior para ver as máquinas dos craques e ainda cumprimentar esses ídolos quando passavam para o treino.
Entretanto o meu pai decidiu mudar-se para os cativos, e eu pela Superior Sul fiquei, com breves passagens pela Arquibancada quando queria ir com alguns amigos.
Sentados no cimento com os lugares pintados mas que dava sempre para apertar e meter mais alguns, e depois nas cadeiras que entretanto colocaram nas restantes bancadas, pois antes era privilégio apenas dos cativos. Bilhetes pagavam os adultos, até aos 12/13 anos pedíamos aos pais ou a um qualquer velhote simpático que pedissem para nos deixar entrar com eles alegando que éramos filhos ou netos deles.
Toda a gente levava cachecol e muitas vezes bandeiras do FCPorto, dando um colorido muito maior ao jogo.
Não podemos criticar a mudança para o novo estádio. Era necessário acompanhar os novos tempos, novas experiências, novas mentalidades. Mas numa altura em que tantas queixas há de falta de mística no plantel, é mais que certo que esta falta tanto ou mais nas bancadas, nos adeptos e sócios do nosso clube. Saudades das Antas!