Trazer o Corona à conversa e compará-lo ao Diogo Leite tem tanto de injusto quanto de descabido e por uma simples razão: um é extremo/lateral ofensivo, o outro é central. Posições opostas, exigências específicas opostas e mundos opostos.
A um extremo o que se pede é que desequilibre as defesas adversárias, que drible, que tire cruzamentos milimétricos e, se for possível, que ainda marque golos. Isto, naturalmente, é o mais difícil de fazer num jogo de futebol e não é possível que aconteça sempre. Por isso é que, potencialmente, um bom extremo é mais caro do que um bom central. Até o Quaresma ou o Hulk, que eram melhores do que o Corona, foram várias vezes acusados de serem inconsistentes e irregulares quando cá estiveram. Essa é uma crítica, aliás, quase sempre inerente à posição em si e só os realmente sobredotados é que não a ouvem.
Já a um central não se lhe pode pedir que saque uma trivela, que remate enquadrado de fora da área ou que finte dois ou três adversários nem que seja de tempos a tempos. Em contrapartida, nessa posição, são exigidas doses industriais de consistência e solidez defensiva.
Falando do Diogo Leite apenas e só, que é o que importa, o jogo com o Moreirense foi de longe o mais exigente que teve na época. E não lhe correu bem. Antes disto só fez 90 minutos contra adversários muitíssimo vulneráveis.
Nada disto representa uma sentença de morte para o rapaz, mas cada vez ficam menos dúvidas de que devia ter sido emprestado, como o Diogo Queirós. Ia evoluir, dar-se a conhecer melhor e conhecer-se melhor a si próprio, potenciar as qualidades, debelar algumas falhas e aprender a resguardar-se das outras. Assim, ainda por cima num campeonato em que cada jornada vale ouro, está provavelmente condenado a jogar pouco.
Disse-o em agosto e repito agora: eu teria ficado com o Osorio. Quando se tem uma dupla de centrais tipo Militão/Felipe(+Pepe) ou Mangala/Otamendi, o terceiro central pode ser um Mbemba ou um Maicon e o quarto pode ser um Jorge Fernandes. Pode e deve, até porque dificilmente terá minutos, a menos que haja alguma calamidade. No cenário desta época, eu teria ficado com Pepe+Marcano+Mbemba+Osorio. Deste quarteto, indiscutível só o Pepe e mesmo esse é quando não se lesiona e se não começar a acusar a fadiga natural dada à sua idade. Os outros três dariam para formar um grupo de defesas que, sem ser extraordinário, seria compacto e em que qualquer um deles poderia dar uma resposta satisfatória em qualquer situação.