Diogo Jota (1996 - 2025)

Diogo Tomás

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Tenho que vir aqui outra vez escrever qualquer coisa porque a cada visionamento de notícias sobre o Diogo e sobre o irmão André fico com os olhos marejados e a tentar pensar na vida e na morte mais em profundidade e para além do "garantido" que achamos que temos todos os dias. O que não é bom.

Eu sou uma pessoa amante da ciência e dos factos. Não acredito no além nem num deus tradicional como ele é concebido pelas religiões. Acredito que o universo é um lugar tão incrível e as suas leis são tão belas e "bem feitas", e os "acasos", por vezes, parecem ser de uma perfeição tal que tendo a creditar que isto tudo foi feito com um propósito e por algo inimaginavelmente superior aos grãos de areia que somos. Um arquiteto do universo, vá. Ou arquitetos. Se isso é deus então se calhar, afinal, sou crente. Ou estou a caminhar para lá no sentido de achar que este caos do nosso universo é só uma ordem escondida que não temos e, se calhar, nunca teremos capacidade de entender.

Infelizmente, do que sabemos daquilo que a ciência nos mostrou até aqui, quando as pessoas partem nada delas resta a não ser as memórias dentro dos outros que conviveram com elas. É uma ideia muito bonita pensar-se noutra dimensão, noutro patamar de consciência, noutro lugar para onde quem parte acaba por chegar. Reconforta. Eu não acredito mas, nestas alturas, invejo quem acredita porque sei que estão um bocadinho mais amparados do que eu.

Dito isto, se a mim me bateu assim, que não o conhecia pessoalmente, nem quero imaginar o choque que os mais íntimos dele e do irmão devem estar a sentir. O cérebro tem mecanismos extraordinários que nos protegem dos traumas. O tempo é outro aliado. Mas por dentro, aquelas pessoas nunca mais serão as mesmas, em muitos casos não conseguem recuperar até voltarem a levar uma vida "normal". Mas depois de uma coisa destas nada será outra vez normal.
Para os familiares, não consigo imaginar nada pior do que isto, uma morte súbita e inesperada, sobretudo em alguém tão jovem. Até um cancro de grau 4 é preferível, porque pelo menos há sempre a esperança de uma recuperação, ou pelo menos a oportunidade de a família se habituar à perda e se despedir.
Uma morte acidental, para a família, é como levar uma paulada daquelas que nos deixam afectados para sempre.
 

sirmister

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Para os familiares, não consigo imaginar nada pior do que isto, uma morte súbita e inesperada, sobretudo em alguém tão jovem. Até um cancro de grau 4 é preferível, porque pelo menos há sempre a esperança de uma recuperação, ou pelo menos a oportunidade de a família se habituar à perda e se despedir.
Uma morte acidental, para a família, é como levar uma paulada daquelas que nos deixam afectados para sempre.
Acho que estas a ver mal a coisa, mas é irrelevante para o caso, são ambas más..
 

Devenish

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Sim, não se pode nascer em casa (pelo menos na geração dele, os meus pais nasceram em casa). Não há nenhuma maternidade pública ou privada em Gondomar.
eu nasci em s.nicolau - porto hospital s.francisco e nunca morei nessa freguesia exceto os dias que estive no dito hospital mas na cédula diz natural de S.Nicolau. Agora pode-se nascer num lado e registar noutro, no meu tempo não. não sei o caso dele mas para aparecer natural de Massarelos na net é porque o registaram lá.
 

Devenish

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Sim - mas no Porto quase toda a gente nasceu em Massarelos (Maternidade Júlio Dinis), hoje em dia já mais dividido entre o S. João e os privados.

Eu também nasci lá mas nunca vi no "Porto" propriamente dito. Apenas em Gondomar e Valongo.
vou-te responder o que respondi ao outro;
eu nasci em s.nicolau - porto hospital s.francisco e nunca morei nessa freguesia exceto os dias que estive no dito hospital mas na cédula diz natural de S.Nicolau. Agora pode-se nascer num lado e registar noutro, no meu tempo não. não sei o caso dele mas para aparecer natural de Massarelos na net é porque o registaram lá.
 

FoxPorto

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Escrevi para mim mesmo:

Hoje, a 3 de julho de 2025, morreram Diogo Jota e o seu irmão, André Silva.

Tantas foram as vezes que me julguei insensível à morte, que olhava o inevitável fim como libertação individual e o colapso total da dor. Ainda me julgo insensível neste quesito, mas não hoje. Não porque o Diogo e o André tenham jogado no nosso clube, isso é o de menos, por muito que influencie o carinho que lhes tenho, mas olho para fotos do Jota e simplesmente não me parece real. Não me parece exequível que ele tenha morrido. A morte confunde-me e sempre me será estranha, e a morte de dois jovens, de 28 e 25, mais estranha me é. E é natural que este caso choque todos, mas atingiu-me especialmente, it hit too close to home. Que destino cruel foi traçado a ambos, mas igualmente aos que os rodeiam? Como é que é suposto pensar na morte deles sem pensar na dor dos pais que vão enterrar os seus dois filhos, que a mulher do Jota viuvou após 10 dias de casamento, nos 3 filhos que agora ficaram órfãos? E, para além disso, como é que é suposto viver sabendo que em um momento somos reis e no outro momento somos um enfeite de cova? Como é que é suposto conformar-me com a morte do Jota antecedida de tanto sucesso recente, do seu casamento, e tudo isso ser agora méritos de quem já deles não pode usufruir? Como é que esses grandes mas humildes homens morreram carbonizados, irreconhecíveis, algo que outrora fora alguém e agora é uma mistura de pó e vísceras? E que má altura a minha para ser ateu, acreditar que, no fundo, estarão num sítio melhor agora, que estão a ser protegidos por Deus, mas tudo o que consigo pensar é em como esse ser nos proporciona única e exclusivamente dor, porque ninguém pediu o nosso consentimento para nascer, enquanto legitima que soframos, que construamos uma torre de areia de forma a que a mínima onda seja capaz de a mandar abaixo, e não só a torre mas todos os pequenos grãos de areia erodida que envolvem a torre sofram de igual forma com este desmantelar. Pois, se Deus existe, existem vários pedidos de desculpa a serem dados, vai precisar de me dar explicações, mesmo que eventualmente me ache indigno de ir para o céu, eu ardo de bom grado no inferno se conhecer as verdades, mesmo que esta já não seja punição suficiente. Pois, posso até ser insensível à morte, mas não sou insensível à dor e angústia, ao sentimento de injustiça, aos azares que me juram ser calculados.

Magoa… magoa e nem sei o que me dói, mas sei que algo está a contorcer a minha pele, a agulha está a rodar no meu estômago, a morte de duas pessoas como quaisquer outras pôs tudo em perspetiva - curtos dias têm uma vida.
 

peterbarros

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Para os familiares, não consigo imaginar nada pior do que isto, uma morte súbita e inesperada, sobretudo em alguém tão jovem. Até um cancro de grau 4 é preferível, porque pelo menos há sempre a esperança de uma recuperação, ou pelo menos a oportunidade de a família se habituar à perda e se despedir.
Uma morte acidental, para a família, é como levar uma paulada daquelas que nos deixam afectados para sempre.
Percebo o teu ponto de vista, mas pode não ser bem assim.
 

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Escrevi para mim mesmo:

Hoje, a 3 de julho de 2025, morreram Diogo Jota e o seu irmão, André Silva.

Tantas foram as vezes que me julguei insensível à morte, que olhava o inevitável fim como libertação individual e o colapso total da dor. Ainda me julgo insensível neste quesito, mas não hoje. Não porque o Diogo e o André tenham jogado no nosso clube, isso é o de menos, por muito que influencie o carinho que lhes tenho, mas olho para fotos do Jota e simplesmente não me parece real. Não me parece exequível que ele tenha morrido. A morte confunde-me e sempre me será estranha, e a morte de dois jovens, de 28 e 25, mais estranha me é. E é natural que este caso choque todos, mas atingiu-me especialmente, it hit too close to home. Que destino cruel foi traçado a ambos, mas igualmente aos que os rodeiam? Como é que é suposto pensar na morte deles sem pensar na dor dos pais que vão enterrar os seus dois filhos, que a mulher do Jota viuvou após 10 dias de casamento, nos 3 filhos que agora ficaram órfãos? E, para além disso, como é que é suposto viver sabendo que em um momento somos reis e no outro momento somos um enfeite de cova? Como é que é suposto conformar-me com a morte do Jota antecedida de tanto sucesso recente, do seu casamento, e tudo isso ser agora méritos de quem já deles não pode usufruir? Como é que esses grandes mas humildes homens morreram carbonizados, irreconhecíveis, algo que outrora fora alguém e agora é uma mistura de pó e vísceras? E que má altura a minha para ser ateu, acreditar que, no fundo, estarão num sítio melhor agora, que estão a ser protegidos por Deus, mas tudo o que consigo pensar é em como esse ser nos proporciona única e exclusivamente dor, porque ninguém pediu o nosso consentimento para nascer, enquanto legitima que soframos, que construamos uma torre de areia de forma a que a mínima onda seja capaz de a mandar abaixo, e não só a torre mas todos os pequenos grãos de areia erodida que envolvem a torre sofram de igual forma com este desmantelar. Pois, se Deus existe, existem vários pedidos de desculpa a serem dados, vai precisar de me dar explicações, mesmo que eventualmente me ache indigno de ir para o céu, eu ardo de bom grado no inferno se conhecer as verdades, mesmo que esta já não seja punição suficiente. Pois, posso até ser insensível à morte, mas não sou insensível à dor e angústia, ao sentimento de injustiça, aos azares que me juram ser calculados.

Magoa… magoa e nem sei o que me dói, mas sei que algo está a contorcer a minha pele, a agulha está a rodar no meu estômago, a morte de duas pessoas como quaisquer outras pôs tudo em perspetiva - curtos dias têm uma vida.
Não metas religião nisto e eu sou ateu convicto mas é uma faca de dois gumes a morte - todos os dias morre gente de acidentes, de fome, etc. até crianças ao nascer, dias depois ou meses anos após. Deixa ter convicções religiosas "numa outra vida" quem se sentir ou acreditar bem assim nem metas Deus nisso há milhões de interpretações dele como se cada pessoa viver ou morrer tivesse intervenção dele, eu já não me interrogo sobre o nascer e o morrer, não te martirizes com isso ou tens um problema existencial como tinha por exemplo Saramago - em termos simples e talvez cruel "não penses nisso" - eu já pensei e livrei-me disso é duro viver assim e libertei-me disso quando vi milhares morrer à minha frente, podia-me ter calhado não aconteceu e sei lá como vou acabar, quando for já não me lembro mais mas outros ficarão e terão recordações minhas - a vida é assim.
 
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Não metas religião nisto e eu sou ateu convicto mas é uma faca de dois gumes a morte - todos os dias morre gente de acidentes, de fome, etc. até crianças ao nascer, dias depois ou meses anos após. Deixa ter convicções religiosas "numa outra vida" quem se sentir ou acreditar bem assim nem metas Deus nisso há milhões de interpretações dele como se cada pessoa viver ou morrer tivesse intervenção dele, eu já não me interrogo sobre o nascer e o morrer, não te martirizes com isso ou tens um problema existencial como tinha por exemplo Saramago - em termos simples e talvez cruel "não penses nisso" - eu já pensei e livrei-me disso é duro viver assim e libertei-me disso quando vi milhares morrer à minha frente, podia-me ter calhado não aconteceu e sei lá como vou acabar, quando for já não me lembro mais mas outros ficarão e terão recordações minhas - a vida é assim.
Agradeço o conselho meu amigo, mas ainda não aprendi a viver sem questionar tudo...
E acima de tudo não quero que alguém se ofenda com isso de alguma forma, só partilhei o que escrevi para mim mesmo em desabafo.
 
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Devenish

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Passadas umas horas sobre este trágico momento será talvez o momento de relembrar DIOGO JOTA porque ele partiu mas ficará na nossa memória.
Aqui vai um post curioso que retirei do facebook.

DIOGO JOTA, PARA MIM, SÓ SE REFORMOU... NADA MAIS!
Eu sou um confesso ateu, e em vez de isso tornar a morte em algo mais tenebroso, torna-a mais leve, porque no grande esquema cósmico das coisas, a morte dissipa toda e qualquer vida, por mais longa que ela seja.
Por isso, não vou aproveitar a morte de Diogo Jota para, como uma carpideira cibernética, lucrar visibilidade com isso.
Mas vou aproveitar a carreira de Diogo Jota para o fazer.
E o que tenho a dizer sobre o legado do jogador que hoje terminou carreira?
Singrou onde poucos avançados, ou extremos, portugueses singraram: na melhor liga do mundo.
E fez um percurso a pulso.
Começando no modesto Paços de Ferreira, pescado pelo Atlético de Madrid, mas nunca aproveitado, emprestado ao Porto, mas não aproveitado, e pescado e aproveitado pelos Wolves, onde explodiu a grande altura, levando-o ao grande Liverpool.
E porque é que é ele depressa se foi do Paços?
Porque era intenso, com e sem bola.
Porque era objetivo, mesmo sem uma criatividade por aí além.
Porque era letal.
Basicamente, Diogo Jota era um jogador dos tempos modernos, com grande explosão, forte nas diagonais e com uma soberba relação com a baliza.
E quando falo intenso com a bola, falo de um jogador que não tinha uma visão de jogo por aí além, mas que em movimento permanente dava opções aos seus colegas, para se ver no melhor que fazia, detrás para a frente, em frente à baliza.
No final desta carreira, mesmo que não tão longa como seria de esperar, quem o viu pode dizer: este gajo foi dos melhores jogadores portugueses da sua geração, e fez uma carreira melhor que muitos mais exuberantes tecnicamente que ele.
E para mostrar isso, ficam também os números que mais impressionam, que não sendo tudo no futebol, ajudam a explicar a razão por que o considero um dos melhores portugueses da sua geração:
- Em 5 épocas no Liverpool, fez 64 golos e só numa época não chegou aos 30 jogos, sendo que numa chegou aos 55. Tirando Nani e Ronaldo, qual foi o avançado português a fazer algo do género num grande clube inglês?
Ou seja, Diogo Jota reformou-se hoje, mas o seu legado não!
PS. Sim, Jota, são números malucos, e são teus!
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deco macau

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29 Outubro 2014
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  • Campeão Nacional 19/20
Uns pais que perdem 2 filhos.

3 filhos que perdem um pai.

Uma esposa que perde o seu esposo.

Parte um Homem que era uma boa pessoa, um bom ser humano...

Inimaginável esta tragédia.


Como uma família recupera disto??

Chocado..
Tudo mau de mais. Adorava saber a resposta a essa pergunta.


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