Na minha experiência pessoal, de todos os conhecimentos que tenho, só conheço duas pessoas que foram infectadas: o meu cunhado, cerca de 40 e picos, através de uma colega de trabalho que estava assintomática e sabia que estava positiva mas foi na mesma trabalhar (presumivelmente por ter medo de perder o emprego se faltasse) e um colega meu (que está em teletrabalho tal como eu), ainda muito jovem, 19 anos, que foi jantar com com um amigo, assintomático, sem saber que estava infectado e que só o soube mal fez o teste depois de ver que esse meu colega, amigo dele, e mais amigos dele com quem esteve em contacto, começaram a ficar doentes.
Portanto, temos aqui duas situações, uma no trabalho (neste caso evitável porque a pessoa sabia que estava infectada) e outra de contacto social (neste caso obviamente evitável mas a pessoa não sabia que estava infectada). Custa muito mas o ideal seria não haver contacto social com ninguém a não ser se for mesmo imprescindível. Nada de jantares com amigos ou familiares, nada de socializações indoor com pessoas que não sabemos se podem ou não ter o vírus. Eu percebo a necessidade de estarmos com as pessoas - está na raiz da natureza humana e 8 meses é muito tempo - porque eu próprio estou isolado em casa desde março em teletrabalho saindo apenas para comprar comida e pouco mais, se bem que, desde o regresso das aulas e como a minha mulher é professora corro risco através dela. Já nem falo no que ela tem que passar todos os dias para ir trabalhar. Seria outra longa história.
E, por isso, evito contactos sociais de jantares e afins há 8 meses e agora ainda mais. Isso pode dar cabo do teu ânimo e da tua saúde mental. É algo que te vai corroendo por dentro, pinga a pinga. Tens de ocupar a mente, tens de ir falando com as pessoas através das tecnologias que tens disponíveis e nós, nesse aspecto, somos uns privilegiados apesar de tudo. Compreendo que depois do relaxamento das medidas no verão muita gente tenha caído na tentação de pensar que estava tudo bem e a regressar ao normal. Não está, infelizmente. Até porque o ser humano comete erros e é pouco disciplinado.
Em que é que estas medidas podem evitar a propagação do vírus? Não podem, na minha opinião. Vão abrandar, sim, mas mal as restrições acabem tudo voltará ao mesmo porque, primeiro, há muita gente assintomática sem o saber e também há alguns assintomáticos que, pelas mais variadas razões, cometem o erro de entrarem em contacto com outros estando infectados.
Seria absolutamente vital criarem uns testes rápidos semelhantes aos testes da gravidez que se pudessem comprar na farmácia a preços muito acessíveis.