Tal como a maioria tornei-me do Porto por influência familiar.
Devia ter uns 6 anos quando tive a primeira admiração por alguém - Kostadinov.
Não entendia sequer o que era um fora de jogo mas o futebol já era parte de mim.
Na escola éramos quase todos do Porto, os recreios passava a jogar à bola, chegava a casa era igual mas quando chovia ia para dentro folhear a caderneta da Panini... Tinha da Liga portuguesa e do Mundial 94 (gostava da Bulgária).
Um dia nas Antas, devia ter 8/9 anos, vi o meu primeiro clássico. Com o Sporting, a chover torrencialmente. Fiquei ao lado dos adeptos deles. Era insultos de parte a parte, cuspidelas, polícia mais a chuva que não parava e de repente golo nosso. Chuva de copos de cerveja para o meio da Juve Leo. Fantásticas memórias.
Ver nas Antas os jogadores de cabelo e caras pintadas e no fim invasão, eu queria ir... Levar relva para casa como os outros estavam a fazer, mas não me deixaram, era muita confusão. E quando vi o meu primeiro jogo na arquibancada, lá no alto, não distinguia os jogadores mas deu em goleada ao Setúbal.
Em criança viver estes momentos transformaram me num adulto viciado em FC Porto!
Meu pai era ferveroso, como eu. Ele via o jogo na sala, eu via no quarto. Dois fervorosos mas com estilos diferentes. Ele criticava, o Capucho que não passava, o Domingos que era um fintinhas, já eu defendia até à exaustão os meus heróis.
Víamos separados e no fim celebravamos juntos.
Comecei a trabalhar, fiz me sócio. Não tardou muito, lugar anual. Bancada Super Bock, para viver com mais emoção. Não falhava um.
2012 emigrei e o que mais me custou foi deixar a rotina. A rotina de Porto. Foi duro.
Timidamente o polvo já ia exercendo a sua influência, e havia Jesus...
E como o meu pai detestava o JJ!!
Em Abril de 2013 meu pai faleceu e em Maio, eu distante, sozinho, só com umas cervejas, vi o Kelvin marcar aos 92, e foi a primeira vez que me lembro de chorar de alegria e tristeza ao mesmo tempo.
Ajoelhei, e como se tivesse sido eu a marcar, dediquei ao meu pai.
Chorei de alegria pelo meu Porto, e tristeza por o meu pai não poder ver o Jesus a ajoelhar. Como ele teria adorado!
Não me imagino sequer um dia, desligar-me do dia a dia do meu clube. É um orgulho imenso!
Desculpem o testamento, mas quando falo da minha paixão não me contenho