Muito sinceramente, estou sem grande vontade de comentar o que quer que seja. Permitam-me apenas um pequeno desabafo.
Estes últimos dias deixaram-me com sentimentos contraditórios e têm sido de reflexão. Arrebatado pelo desaparecimento precoce e trágico de uma das grandes figuras da história do FC Porto. Contente pela forma praticamente perfeita como o FC Porto e a sua administração, principalmente através de André Villas Boas, fizeram tudo ao seu alcance para homenagear devidamente o Jorge Costa. Também feliz pelas manifestações de carinho e gratidão por parte da esmagadora maioria dos Portistas. Triste por ver o típico vazio e a superficialidade da sociedade moderna também presente neste espaço, nem quero imaginar nas redes sociais, com o sensacionalismo e voyeurismo em torno da morte, o escrutínio do luto dos outros, sem qualquer respeito pela individualidade, como se existisse um manual universal de 'como se deve chorar'. O luto é essencialmente um fenómeno de introspeção e recolhimento e não de performance social, o que seriamente me faz duvidar da autenticidade da emoção de certas pessoas. Poucas horas depois do funeral, abre-se também uma discussão supérflua sobre quem será o substituto no cargo como se se tratasse de uma qualquer contratação de 'silly season'. Já nem vou à escória, àqueles que não têm qualquer tipo de dignidade e que aproveitaram a tragédia para se autopromoverem e mandarem indiretas porque esses não merecem nada.
Espero na segunda-feira que possamos demonstrar todos, em família, o carinho que sentíamos pelo Jorge, celebrar a sua vida e honrá-lo com uma vitória.