"Há muita coisa que o Governo não fez, das medidas que podiam ter sido tomadas: a implementação da reforma da floresta, ações que visam prevenir, ter meios de combate. Há medidas que só cabe ao poder executivo tomar. (…) O Governo não pode sacudir responsabilidades”
Faz precisamente amanhã 3 anos que alguém proferiu esta frase.
Um doce a quem adivinhar.
E a frase é verdadeira. Tão verdadeira que se aplica agora, só que o autor não deve mais concordar com ela.
Existe em Portugal uma coisa muito estranha: a oposição normalmente faz boas críticas e tem boas medidas, mas quando chegam ao poder defendem e fazem o contrário.
Ou seja, o PSD na altura do Costa fazia bons apontamentos e agora o PS faz bons apontamentos ao Montenegro.
A minha singela opinião? Na altura, o relatório da comissão independente apontava responsabilidades à linha de comando no terreno, à Proteção Civil, à polícia, aos autarcas e ao governo. No entanto, não houve quaisquer responsabilidades, políticas, civis ou criminais.
Deve ser formada uma comissão independente este ano. A mesma deve elaborar um relatório que aponte as responsabilidades. Desta vez, espero que esse relatório tenha consequências práticas - duvido muito.
Duvido porque, ao contrário do que vi aqui, os incêndios deste ano não devem ter um grande agravamento doravante. Na segunda quinzena de agosto, normalmente os focos acalmam-se e a área ardida vai estabilizando. Houve anos excepcionais, mas grosso modo sempre foi isto que aconteceu.
Significa isto que este governo, a ter responsabilidades na gestão defeituosa dos incêndios, não terá qualquer consequência prática.
Com eleições só daqui a 4 anos, os próprios eleitores não terão em consideração os incêndios, tal como não tiveram no passado. É triste, muito triste, e evidencia o porquê de estarmos tão atrasados.