Só mencionas o direito. Mas todo o direito foi baseado na moral. Concordas que uma criança não pede para nascer (logo assegurar o bem estar), mas do outro lado concordas que pode não ter esse direito, o de nascer.
Eu conheço os argumentos todos, os pró e os contra. Mas não é tão linear como isso.
Se fosse não haveria a objeção de consciência mesmo perante os profissionais. E não são só os "religiosos".
A minha mulher sempre me puxou a mão para sentir os bebés a mexer... Mesmo eu que não sou crente, soube na hora que estava ali um ser senciente. Sabes o que é um ser senciente certo ? Podes escolher por conforto moral não quereres reconhecer isso...que um feto não é ainda um ser...mas é.
E acredito mesmo que deve custar muito a muita mulher fazer um aborto.
Primeiro de tudo, não venhas com essas tretas de experiências pessoais porque a conversa é objetiva e não exige a invocação desse tipo de circunstâncias.
Sei que na Internet há esta coisa do anonimato e não nos vemos cara a cara, mas há que ponderar se o nosso interlocutor passou ou não por certas situações.
Por mero acaso, até estás a falar de alguém que foi "prejudicado" com a questão da IVG. Quando tinha 22 anos, tinha uma namorada e ela engravidou. Recomendei que mantivesse o bebé, dei-lhe todas as garantias de que teríamos condições, ainda que jovens, para ter um filho, embora apoiasse qualquer decisão que tomasse. Ela decidiu abortar, tive de fazer terapia e acabamos por seguir caminhos diferentes. Passado uns tempos, entendi perfeitamente a razão pela qual o fez, mas não precisava de entender, era um direito dela.
Se tivesse na posição dela, não teria abortado, porque eu, caso tivesse a chance de enfrentar algo do género, não seria a favor do aborto exceto em caso de violação, de malformação do feto ou de risco de morte. O ponto, porém, é o seguinte: NUNCA enfrentarei uma situação dessas, portanto a minha opinião particular é irrelevante, posso no máximo recomendar e apoiar.
E não confundo o meu entender pessoal com o meu entender em geral, que é ser a favor da IVG até às 14 semanas.
Eu vou ser pai em breve, portanto sei perfeitamente o que é colocar a mão na barriga e sentir algo. Isso não é um argumento, é um apelo à emoção que deve ser completamente destruído numa discussão destas.
Baseado em direito? Queres algo mais moral do que uma obrigação de alimentos em favor do filho? Que o filho não tem culpa das querelas entre pais, que é a parte mais frágil entre os três e merece que os seus interesses sejam acautelados? Que raio de direito tem um pai ou uma mãe a não pagar a pensão de alimentos? O interesse é do filho, a criança precisa.