O governo de maioria absoluta caiu com estrondo com escândalos muito piores (envolvendo questões legais), com a vontade de Costa ir para a Europa e com um parágrafo assassino da PGR.O pessoal fala da comunicação social como se não houvesse um governo com maioria absoluta que caiu depois de meses de notícias diárias sobre casos polémicos, como se não tivessem andado a falar do caso das gémeas durante anos e consequentemente a destruir a popularidade do político mais popular do país, e como se não houvesse um partido de extrema direita que passou de 1 a 50 deputados em 3 ou 4 anos e cuja campanha é alicerçada unicamente em reagir às notícias mais polémicas do dia.
mas estou a curtir a discussão, como se houvesse puros no meio disto tudo e a esquerda, que se prepara para ter o pior resultado em eleições dos últimos 50 anos, controlasse esta merda toda.
Sobre o caso das gémeas: a reputação de Marcelo sofreu, a meu ver, pouco para aquilo que o mesmo fez. Sim, manchou o legado da sua presidência; no entanto, 50% (mais ou menos) dos inquiridos continuam a avaliar positivamente MRS. Ademais, a responsabilidade pela divulgação desse caso parte de uma pessoa: Sandra Felgueiras. O Expresso tentou varrer para debaixo do tapete - afinal, como conseguiriam aquelas informações quentinhas da famosa "fonte de Belém"?
O Chega de Ventura cresceu de duas formas: i) pretensão dos donos dos media de ter audiências - quem melhor que Ventura?; ii) uma posição claramente parcial dos jornalistas em relação ao líder do Chega, alimentando o discurso antissistema desta macabra figura.
Depois, repara que nunca falei em puros: o controlo dos media em Portugal varia conforme os tempos. O PSD já teve essa posição. A verdade é que, nos últimos 30 anos, o PS governou 22 (julgo), com duas maiorias absolutas pelo meio. Não é a esquerda que controla (o PCP até é bastante prejudicado), é o PS, e não são todos os meios de comunicação social. Falo precisamente no Expresso, que se vendeu completamente.