Tudo certo com o que disseste, mas as alternativas realistas que se apresentam a Montenegro também se poderão qualificar como "chicos-espertos trafulhas". Mesmo antes de Montenegro, tivemos PM que cometeram não só imoralidades, mas também ilegalidades e que foram reeleitos (Sócrates); PM que cometeram comprovadamente ilegalidades referentes a períodos antes de ocuparem o cargo (PPC); PM que cometeram ilegalidades, públicas antes de ocuparem o cargo e comprovadas por escutas, continuando a ser alvo de fortes suspeições durante a governação e sucessivamente reeleitos (Costa); PM em que recaíram suspeições fortes e que foram eleitos para outras funções (Cavaco, Soares); etc, etc.
O ponto é que se dúvidas - válidas - existem acerca da idoneidade de Montenegro, então também existirão sobre outros candidatos, deixando-nos, conforme essa perspetiva, com três putativos candidatos: Paulo Raimundo, Rui Tavares e Rui Rocha. Sobre todos os restantes recaem sérias indagações.
A única questão válida que se poderá colocar (quer dizer, agora já não, visto que a Solverde e a empresa familiar terminaram o contrato por mútuo acordo) é a do conflito de interesses. A questão dos apartamentos necessita de mais informações para daí se retirar alguma conclusão e os clientes já foram revelados.
Certo é que Montenegro cavou a sua própria cova, e que toda a instabilidade política que se vive é culpa do mesmo. Podia ter acabado facilmente com todas as suspeições, mas deixou a situação arrastar-se.
Só nos resta esperar para existirem esclarecimentos definitivos sobre estes tocantes, porquanto, até ver, não existem informações sobre um conflito de interesses concreto (a Solverde até perdeu uma ação contra o Estado, por recurso deste, durante a governação de Montenegro). As investigações estão em curso e é isso que interessa.
Entretanto, os portugueses poderão escolher novamente, com os dados que possuem, o novo partido do governo, seja o mesmo, seja outro. No entanto, parece-me que a escolha será mais uma avaliação à ação do governo do que propriamente uma questão de aferir a ética de Montenegro.