Actualidade Internacional

Moradona

Bancada lateral
18 Maio 2025
540
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Essa ideia de dividir o mundo em democracias e o resto ser uma cambada de tralha obscurantista é uma simplificação excessiva e pouco lógica por diversos motivos.

Primeiro, porque aquilo que conduz aos chamados estados liberais democráticos na europa e nos EUA são um conjunto de revoltas e progressos muito particulares destas sociedades, associadas não só à escravatura, como fundamentalmente às enormes desigualdades sociais geradas por elites abastadas que taxavam fortemente as populações, fomes e extensiva pobreza. Essas revoltas populares provocam pressão nas elites e obrigam-nas a reformular um sistema declaradamente opressivo e diretamente violento, para formas de governação igualmente opressivas, mas não tão de forma declarada e violenta. No fundo os opressores tiram o pé do pescoço das populações e colocam-no sobre as costas, aliviam ligeiramente o sofrimento, diminuem a revolta, mas continuam a explorar as populações. É uma luta histórica e constante pela obtenção de mais direitos sociais e laborais. Mesmo após a revolução industrial, em países democráticos, eram constantes confrontos brutais entre trabalhadores e a polícia, muitas vezes com várias mortes.

Os caminhos e contextos históricos de sociedades como a chinesa, a iraniana e outras culturas asiáticas são completamente diferentes. Os chineses, por exemplo, não estão interessados em ser uma democracia. E quando falo em chineses, falo do povo, existe uma cultura milenar com raízes profundas na psique das populações associada à figura do líder unificador. As pessoas têm perfeita noção que é impossível governar um país como a China com uma democracia. Além de que China, mesmo tendo sido durante uns bons milénios, o mais poderoso império do planeta, nunca procurou disseminar a sua influência pelo mundo. É um país com um historial de muitos períodos de paz e prosperidade e outros de intensas e sangrentas guerras, mas todas associadas a conflitos nas suas fronteiras entre tribos e etnias locais.

Eu também prefiro viver em democracia, mas não me acho a mim nem à sociedade onde vivo culturalmente superior a alguém ou a outra sociedade com uma evolução distinta da minha a milhares de km de distância.

Depois há também a questão do quão democráticas são realmente as democracias. As democracias liberais do chamado ocidente, também têm uma capacidade tremenda de serem totalitárias quando os seus interesses superiores estão em jogo. Tudo de diversos instrumentos dentro de cada democracia e de como funcionam. Os EUA sempre tiveram uma máquina de propaganda extremamente sofisticada. Quando é necessário fabricar uma mentira para dar consentimento a um abuso de poder, eles fazem-no sem hesitar. Há, por exemplo, toda uma indústria de propaganda em torno do setor militar. Praticamente todos os filmes de Hollywood sobre guerra são um instrumento de propaganda e glorificação das guerras dos americanos, eles são sempre os heróis salvadores do mundo e os outros os maus e os vilões. Se te juntas ao exército és automaticamente um herói, mesmo que vás lutar guerras que não sabes sequer qual é o motivo por estares a lutá-las. Mesmo sendo uma democracia liberal, os EUA sempre conseguiram mandar os seus jovens para guerras cujas justificações foram mentiras fabricadas.

Se me perguntarem se eu prefiro viver numa sociedade europeia ou num país com um regime autocrata como o Irão ou a China, eu prefiro viver onde vivo. Mas também é preciso ter noção que o nível de prosperidade económica e social que as nossas sociedades atingiram, têm como base uma profunda luta pela obtenção de mais direitos sociais por parte das classes trabalhadores no século 19 e século XX. Além, naturalmente, da exploração e opressão de povos de outras regiões do mundo, sendo o continente africano um exemplo claro. Em quantos países africanos impedimos o progresso das sociedades porque explorávamos ferozmente os seus recursos naturais e matérias-primas que eram o motor das nossas economias. Ainda hoje isso acontece. Enchemos os bolsos de ditadores para assegurar o nosso proveito.

Portanto, mais cuidado com essa ideia de que por vivermos em supostas democracias somos culturalmente superiores ou melhores quando sempre tivemos e temos uma capacidade muito significativa para praticar atrocidades contra povos mais fracos para proveito próprio.

E no caso do Irão, a "tralha" do regime islâmico só chega ao poder porque a CIA e o MI6 assassinaram um líder democraticamente eleito e instauraram um monarca absolutista no poder simplesmente para as empresas americanas e britânicas explorarem o petróleo iraniano de forma abusiva.

Há democracias e democracias. Os regimes liberais também os há totalitários, mas não pelos meios de uma única pessoa. Há as democracias que o são no papel, mas não o são em forma.
 
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Mike_Walsh

Tribuna
4 Janeiro 2024
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Está há cerca de 30 anos na agenda. Os sociopatas e criminosos que fabricaram e continuam a fabricar o consentimento para estas guerras passeiam-se de fato e gravata pelo senado americano, comentam em frente às camaras nos órgãos de propaganda oficiosa do deep state americano, fazem astronómicas quantidades de dinheiro através das corporações do complexo militar-industrial americano.

Só não esperavam encontrar as dificuldades que encontraram no Iraque. De resto só falta o Irão, os restantes 6 países da lista estão mergulhados no caos e entregues à barbárie.

O mesmo se passa em relação à Ucrânia. Há mais de 30 anos, desde a administração de Bill Clinton, que os americanos queriam usar a Ucrânia numa guerra proxy contra a Rússia.

Para já ainda é cedo, como era cedo aquando da invasão do Iraque. Há sempre um período inicial em que se acha sempre que os EUA têm um motivo nobre para iniciar uma guerra. Digo mais, se fossem os Democratas a estar no poder nos EUA e se Israel não estivesse diretamente envolvido no genocídio dos palestinianos, a esmagadora maioria dos que estão contra uma guerra com o Irão, estariam a favor.

Sabes que concordo com quase tudo o que escreves.
Mas é nestas merdas que te perdes, neste ódio doentio à política externa americana, embora completamente justificável, que chega ao ponto que dizer que foram eles que provocaram a guerra da Ucrânia com a Rússia. Como dizias com a tua conta anterior, foi uma armadilha e o Putin caiu como um patinho.
Coitadinho do Putin, tão inocente que ele é. Como se ele e a Rússia fossem muito diferentes dos americanos.
Condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e ao mesmo tempo defender Israel é uma hipocrisia que nem merece comentários, sobretudo depois do genocídio que está em curso.
Mas como te disse na tua conta anterior, defender os palestinianos e ao mesmo tempo defender a Rússia não é muito diferente. E não, não te chamei comunista. O que disse foi que usavas os mesmos argumentos do PCP.
Há o outro doente por Israel, que bloqueei há muito, que chega ao ponto de se assanhar todo contra quem crítica a circuncisão forçada das crianças (mutilação genital masculina) só porque é uma tradição dos israelitas (curiosamente, dos muçulmanos também).
Não queiras ser igual a ele. És muito melhor.
 
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Ruben1893

Neste clube,é impossível pensar que não é possível
24 Julho 2019
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  • Reinaldo Teles
  • Alfredo Quintana
  • Fernando "Bibota" Gomes
  • André Villas-Boas
Nunca fui à China mas eu duvido que a vida de um gajo com algum guito seja muito diferente entre a China e qualquer país ocidental
Mesmo que aquilo seja uma ditadura

Mas posso estar enganado
 

Moradona

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18 Maio 2025
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Sabes que concordo com quase tudo o que escreves.
Mas é nestas merdas que te perdes, neste ódio doentio aos americanos, que chega ao ponto que dizer que foram eles que provocaram a guerra com a Rússia. Como dizias com a tua conta anterior, foi uma armadilha e o Putin caiu como um patinho.
Coitadinho do Putin, tão inocente que ele é. Como se ele e a Rússia fossem muito diferentes dos americanos.
Condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e ao mesmo tempo defender Israel é uma hipocrisia que nem merece comentários, sobretudo depois do genocídio que está em curso.
Mas como te disse na tua conta anterior, defender os palestinianos e ao mesmo tempo defender a Rússia não é muito diferente. E não, não te chamei comunista. O que disse foi que usavas os mesmos argumentos do PCP.
Estás redondamente enganado, essa nunca foi a minha opinião sobre a Rússia ou sobre o conflito com a Ucrânia. Nem tenho ódio aos EUA nem a nenhum país.

Os EUA tinham motivos realistas para competir com a União Soviética após o fim da 2ª guerra mundial. Mas não me vais é a ver defender todas as atrocidades que cometeram e os regimes democráticos que eliminaram em prol de uma economia de guerra e da maximização do poder como única superpotência mundial, por ser ideologicamente um liberal ou achar que somos culturalmente superiores.

Relativamente à Rússia, eu não os defendo. Condeno a agressão à Ucrânia e sempre defendi que após a invasão, os europeus e os americanos tinham obrigação de os apoiar. Foi uma clara violação ao direito internacional, que infelizmente vale quase nada no xadrez das grandes potências.

Aquilo que eu penso de forma contrária à maioria, é que os EUA sempre tiveram intenção de levar os russos à invasão, não por não gostar dos EUA, mas porque as evidências são tantas que acabei por render a elas, tinha a opinião contrária no início. Mudei.

A suposta revolução de Maidan não foi de tudo um movimento orgânico e interno do povo ucraniano, mas provocado por forças externas, forças americanas, para forçar uma mudança de regime. Quais são as evidências que existem?

- A presença de organizações como a USAID, que apesar de uma pequena parte do seu propósito ser de ajuda humanitária, são um braço da CIA. Isto está em literatura científica. 10.13140/RG.2.2.26345.20329

- A chamada intercetada pelos russos da assistente da secretaria de estado Victoria Newland com o embaixador americano na Ucrânia Geoffrey Pyat, em que ambos discutiam quem é que seria o novo primeiro-ministro ucraniano e inclusive usavam linguagem como "Fuck the EU".

- A presença de inúmeros políticos americanos em Maidan no dia da revolução.

- As diversas reuniões entre John McCain e outros membros do staff americano com um partido de extrema-direita ucraniana, que foram quem iniciou os confrontos do dia da revolução.


- E se depois avançarmos uns anos para 2022, a recusa da administração americana para ter reuniões diplomáticas com os russos.


- E pouco tempo depois da invasão russa, houve reuniões diplomáticas entre os ucranianos e os russos, com resultados muito favoráveis para um acordo de paz e a elaboração de um draft com algumas das principais questões acordadas entre os ucranianos e russos. Não com todas as questões importantes, mas várias, naquele que tinha sido um passo significativo para um acordo de paz e o fim da guerra. As reuniões acabaram quando o Boris Johnson, a pedido dos americanos, fez uma viagem relampago a Kiev, dizendo aos ucranianos que era para continuarem a lutar e para abandonarem imediatamente as conversações. Apesar de depois os europeus e os americanos, através dos seus meios de propaganda, terem feito um esforço enorme para desvalorizar isto e considerar desinformação.



Dito isto. Não, não defendo nem em momento nenhum defendi a Rússia e a sua agressão. Precipitaram-se e atacaram o território Ucraniano numa violação clara e óbvia do direito internacional.

Sim, acho que os EUA sempre tiveram a clara intenção de provocar uma agressão e invasão Russa. Há uma série de congressistas americanos a vangloriarem-se de estarem a travar uma guerra com os russos, sem sequer estarem a utilizar cidadãos americanos, afirmando que foi uma estratégia brilhante além de ser muito importante economicamente para os EUA.

Acho que os Ucranianos são vítimas dos interesses de duas potências mundiais.
 
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Moradona

Bancada lateral
18 Maio 2025
540
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Estás redondamente enganado, essa nunca foi a minha opinião sobre a Rússia ou sobre o conflito com a Ucrânia. Nem tenho ódio aos EUA nem a nenhum país.

Os EUA tinham motivos realistas para competir com a União Soviética após o fim da 2ª guerra mundial. Mas não me vais é a ver defender todas as atrocidades que cometeram e os regimes democráticos que eliminaram em prol de uma economia de guerra e da maximização do poder como única superpotência mundial, por ser ideologicamente um liberal ou achar que somos culturalmente superiores.

Relativamente à Rússia, eu não os defendo. Condeno a agressão à Ucrânia e sempre defendi que após a invasão, os europeus e os americanos tinham obrigação de os apoiar. Foi uma clara violação ao direito internacional, que infelizmente vale quase nada no xadrez das grandes potências.

Aquilo que eu penso de forma contrária à maioria, é que os EUA sempre tiveram intenção de levar os russos à invasão, não por não gostar dos EUA, mas porque as evidências são tantas que acabei por render a elas, tinha a opinião contrária no início. Mudei.

A suposta revolução de Maidan não foi de tudo um movimento orgânico e interno do povo ucraniano, mas provocado por forças externas, forças americanas, para forçar uma mudança de regime. Quais são as evidências que existem?

- A presença de organizações como a USAID, que apesar de uma pequena parte do seu propósito ser de ajuda humanitária, são um braço da CIA. Isto está em literatura científica. 10.13140/RG.2.2.26345.20329

- A chamada intercetada pelos russos da assistente da secretaria de estado Victoria Newland com o embaixador americano na Ucrânia Geoffrey Pyat, em que ambos discutiam quem é que seria o novo primeiro-ministro ucraniano e inclusive usavam linguagem como "Fuck the EU".

- A presença de inúmeros políticos americanos em Maidan no dia da revolução.

- As diversas reuniões entre John McCain e outros membros do staff americano com um partido de extrema-direita ucraniana, que foram quem iniciou os confrontos do dia da revolução.


- E se depois avançarmos uns anos para 2022, a recusa da administração americana para ter reuniões diplomáticas com os russos.


- E pouco tempo depois da invasão russa, houve reuniões diplomáticas entre os ucranianos e os russos, com resultados muito favoráveis para um acordo de paz e a elaboração de um draft com algumas das principais questões acordadas entre os ucranianos e russos. Não com todas as questões importantes, mas várias, naquele que tinha sido um passo significativo para um acordo de paz e o fim da guerra. As reuniões acabaram quando o Boris Johnson, a pedido dos americanos, fez uma viagem relampago a Kiev, dizendo aos ucranianos que era para continuarem a lutar e para abandonarem imediatamente as conversações. Apesar de depois os europeus e os americanos, através dos seus meios de propaganda, terem feito um esforço enorme para desvalorizar isto e considerar desinformação.



Dito isto. Não, não defendo nem em momento nenhum defendi a Rússia e a sua agressão. Precipitaram-se e atacaram o território Ucraniano numa violação clara e óbvia do direito internacional.

Sim, acho que os EUA sempre tiveram a clara intenção de provocar uma agressão e invasão Russa. Há uma série de congressistas americanos a vangloriarem-se de estarem a travar uma guerra com os russos, sem sequer estarem a utilizar cidadãos americanos, afirmando que foi uma estratégia brilhante além de ser muito importante economicamente para os EUA.

Acho que os Ucranianos são vítimas dos interesses de duas potências mundiais.
Só acrescentar que não terei problemas em mudar de opinião e voltar a considerar que isto se trata apenas de um desejo russo de voltarem a ser um império e se expandirem para o ocidente. Se me apresentarem mais e melhores evidências, eu mudo de opinião.
 

DeZ

Tribuna Presidencial
9 Março 2012
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4
  • Artur Jorge
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  • José Maria Pedroto
Eu também prefiro viver em democracia, mas não me acho a mim nem à sociedade onde vivo culturalmente superior a alguém ou a outra sociedade com uma evolução distinta da minha a milhares de km de distância.
Portanto não achas que uma sociedade em que as mulheres são tratadas como gado ou se mata pessoas por causa de terem uma determinada orientação sexual está mais atrasada do que outra em que isso não acontece?

Bom saber.
 

Moradona

Bancada lateral
18 Maio 2025
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Portanto não achas que uma sociedade em que as mulheres são tratadas como gado ou se mata pessoas por causa de terem uma determinada orientação sexual está mais atrasada do que outra em que isso não acontece?

Bom saber.
Que disparate, não é nada disso.

As sociedades não partiram todas do mesmo ponto, tiverem as mesmas influências externas e tiveram a mesma sucessão de acontecimentos. Da mesma forma que nós não partimos todos do mesmo ponto, não nascemos todos nas mesmas famílias, não vivemos nos mesmos contextos e como tal não vivemos todos vidas iguais.

Falei atrás sobre isso, inclusivamente o caso particular do Irão, está bem explícito para quem quiser entender.
 

DeZ

Tribuna Presidencial
9 Março 2012
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Que disparate, não é nada disso.

As sociedades não partiram todas do mesmo ponto, tiverem as mesmas influências externas e tiveram a mesma sucessão de acontecimentos. Da mesma forma que nós não partimos todos do mesmo ponto, não nascemos todos nas mesmas famílias, não vivemos nos mesmos contextos e como tal não vivemos todos vidas iguais.

Falei atrás sobre isso, inclusivamente o caso particular do Irão, está bem explícito para quem quiser entender.
O que é que interessa o ponto de partida neste argumento? Fala do presente.

Vives numa sociedade bem mais avançada que as do médio oriente no que toca ao respeito pelos diretos humanos, sim. Isto não é matéria de opinião, é factual. Faz-te impressão isso? Não gostas? A vontade de fazer virtue signaling é assim tanta que preferes negar evidências?
 

Costinha

Bancada central
29 Agosto 2016
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Nunca fui à China mas eu duvido que a vida de um gajo com algum guito seja muito diferente entre a China e qualquer país ocidental
Mesmo que aquilo seja uma ditadura

Mas posso estar enganado
É diferente no sentido que tens menos crime e melhor qualidade de vida.
 

Hulk27

Tribuna Presidencial
11 Abril 2012
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Estás redondamente enganado, essa nunca foi a minha opinião sobre a Rússia ou sobre o conflito com a Ucrânia. Nem tenho ódio aos EUA nem a nenhum país.

Os EUA tinham motivos realistas para competir com a União Soviética após o fim da 2ª guerra mundial. Mas não me vais é a ver defender todas as atrocidades que cometeram e os regimes democráticos que eliminaram em prol de uma economia de guerra e da maximização do poder como única superpotência mundial, por ser ideologicamente um liberal ou achar que somos culturalmente superiores.

Relativamente à Rússia, eu não os defendo. Condeno a agressão à Ucrânia e sempre defendi que após a invasão, os europeus e os americanos tinham obrigação de os apoiar. Foi uma clara violação ao direito internacional, que infelizmente vale quase nada no xadrez das grandes potências.

Aquilo que eu penso de forma contrária à maioria, é que os EUA sempre tiveram intenção de levar os russos à invasão, não por não gostar dos EUA, mas porque as evidências são tantas que acabei por render a elas, tinha a opinião contrária no início. Mudei.

A suposta revolução de Maidan não foi de tudo um movimento orgânico e interno do povo ucraniano, mas provocado por forças externas, forças americanas, para forçar uma mudança de regime. Quais são as evidências que existem?

- A presença de organizações como a USAID, que apesar de uma pequena parte do seu propósito ser de ajuda humanitária, são um braço da CIA. Isto está em literatura científica. 10.13140/RG.2.2.26345.20329

- A chamada intercetada pelos russos da assistente da secretaria de estado Victoria Newland com o embaixador americano na Ucrânia Geoffrey Pyat, em que ambos discutiam quem é que seria o novo primeiro-ministro ucraniano e inclusive usavam linguagem como "Fuck the EU".

- A presença de inúmeros políticos americanos em Maidan no dia da revolução.

- As diversas reuniões entre John McCain e outros membros do staff americano com um partido de extrema-direita ucraniana, que foram quem iniciou os confrontos do dia da revolução.


- E se depois avançarmos uns anos para 2022, a recusa da administração americana para ter reuniões diplomáticas com os russos.


- E pouco tempo depois da invasão russa, houve reuniões diplomáticas entre os ucranianos e os russos, com resultados muito favoráveis para um acordo de paz e a elaboração de um draft com algumas das principais questões acordadas entre os ucranianos e russos. Não com todas as questões importantes, mas várias, naquele que tinha sido um passo significativo para um acordo de paz e o fim da guerra. As reuniões acabaram quando o Boris Johnson, a pedido dos americanos, fez uma viagem relampago a Kiev, dizendo aos ucranianos que era para continuarem a lutar e para abandonarem imediatamente as conversações. Apesar de depois os europeus e os americanos, através dos seus meios de propaganda, terem feito um esforço enorme para desvalorizar isto e considerar desinformação.



Dito isto. Não, não defendo nem em momento nenhum defendi a Rússia e a sua agressão. Precipitaram-se e atacaram o território Ucraniano numa violação clara e óbvia do direito internacional.

Sim, acho que os EUA sempre tiveram a clara intenção de provocar uma agressão e invasão Russa. Há uma série de congressistas americanos a vangloriarem-se de estarem a travar uma guerra com os russos, sem sequer estarem a utilizar cidadãos americanos, afirmando que foi uma estratégia brilhante além de ser muito importante economicamente para os EUA.

Acho que os Ucranianos são vítimas dos interesses de duas potências mundiais.
Para quem percebe da lingua de Molière, as entrevistas do Benoit Paré, ex-observador para a OSCE durante sete anos na Ucrânia, são bastante interessantes.
 

Moradona

Bancada lateral
18 Maio 2025
540
1,223
O que é que interessa o ponto de partida neste argumento? Fala do presente.

Vives numa sociedade bem mais avançada que as do médio oriente no que toca ao respeito pelos diretos humanos, sim. Isto não é matéria de opinião, é factual. Faz-te impressão isso? Não gostas? A vontade de fazer virtue signaling é assim tanta que preferes negar evidências?
Mas alguém negou os problemas que existem?

Não é o ponto de partida que interessa, é o ponto de partida e todo o contexto. As sociedades são sistemas abertos e dinâmicos, sujeitos a influências internas e externas.

É muito fácil para mim chegar aqui e dizer que a minha sociedade é claramente superior à do Uganda ou qualquer outra sociedade africana, mas se não contextualizar estou a cair num erro grave. Porque não posso contextualizar e falar nos períodos de dominação e exploração de sociedades dominantes e coloniais sobre os povos africanos? Que nível de progresso teriam se não tivessem influências externas negativas? Porquê ignorar as relações de dominação e opressão ao longo das civilizações humanas.

Estes princípios não só se aplicam a sociedades como aos próprios indivíduos. Serei eu superior a alguém só porque nasci no seio de uma família rica, com direito à melhor alimentação possível, a uma educação de topo que me permitiu maximizar o meu desenvolvimento? Sou superior a alguém que nasceu numa família pobre, com dificuldades para alimentar os filhos e suprir todas as necessidades biológicas, que frequentou uma escola num meio difícil e que não teve a melhor educação e teve dificuldades de aprendizagem?

O mundo não é estático, é dinâmico e todas os acontecimentos têm uma consequência.
 

Di Charis

Tribuna Presidencial
23 Abril 2012
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A cultura ocidental deriva da herança judaico cristã na sua maioria.
Isto é factual.
Obviamente que na sua forma actual a religão tem influência limitada pelo facto da maioria dos estados ocidentais serem laicos, mas nós fizemos um trajecto de evolução( que foi feio porco e mau) impressionante.
Sobre Gaza já dei para esse peditório.
Tá mais que discutido
Não não é, Roma já tinha séculos de existencia cultural quando adopta o cristianismo no Edito de Milão em 313, Judeus e cristãos eram uma nota de rodapé no império e cultura de Roma que nos influência.

isto é que é factual
 

Mike_Walsh

Tribuna
4 Janeiro 2024
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É tralha obscurantista é. Aliás para mim regimes que não democráticos são todos tralha.
Sejam de índole religiosa ou meramente política. Seja no ocidente, a oriente a norte ou a sul. Sejam apoiados pelos EUA ou combatidos por eles.
Não tem nada a ver com "lavagens culturais".
Simplesmente eu não gosto de regimes ditatoriais. Go figure.
Pensamentos e ideias minhas.
Nada de forçado ou colado a uma qualquer ideologia.


Regimes não precisam de amigos a fazer RP.
Partilho 100 por cento da tua opinião sobre as ditaduras.
Mas há democracias que, a nível externo, fazem muito pior ao mundo do que muitas ditaduras e comportam-se exactamente como essas ditaduras.
Israel é a única democracia do Médio Oriente. Em termos de política externa, é igual ou pior do que as ditaduras que tem em seu redor.
 
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Reações: Edgar Siska

Ruben1893

Neste clube,é impossível pensar que não é possível
24 Julho 2019
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  • Reinaldo Teles
  • Alfredo Quintana
  • Fernando "Bibota" Gomes
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Surgiu-me uma dúvida de quem é leigo nisto e está com preguiça de ir pesquisar a resposta

Os mísseis entre Israel e Irão têm de atravessar o espaço aéreo de outros países para chegarem ao destino, ao contrário do que acontece com Rússia e Ucrânia, que estão lado a lado

Ora, esses países não têm de autorizar terem mísseis a sobrevoar os seus céus? E poderiam recusar?
Loles logo que não caia nenhum pelo caminho, está tudo tranquilo!!!!