Deixa-me tentar responder com elevação à provocação. Responder com proporcionalidade nem significa responder de forma igual, nem de forma soft, nem de forma desumana. Para mim a resposta deve ser dura a uma coisa como ataque do dia 7. Ninguém defende que não deva haver resposta.Qual é a resposta proporcional ao que fizeram no dia 7, em que raptaram violaram e torturaram mulheres e continuam a fazer porque ainda tem reféns, queimaram esfaquearam crianças etc?
Israel aos anos que anda a levar com isto de forma continuada, não há limites? podem entrar por lá a dentro fazer o que fizeram e Israel continuar impávido e sereno a levar?
Mas mesmo que aches que deva ser tão dura quanto está a ser ou ainda mais dura do que está a ser é importante perceber um conceito militar que já era conhecido na China antiga. Se cercares e não deres escapatória ao inimigo este vai lutar até ao fim da forma mais fanática possível. No caso actual o Hamas (ou o que resta dele) sabe que se der os reféns (se houver algum ainda vivo) aí é que Israel os "limpa" de vez.
Infelizmente já estamos num ponto em que já se vai tarde para voltar a ganhar a confiança do Hamas para negociar o retorno dos reféns (a mensagem de Israel é clara: aniquilação total do Hamas seja em que circunstâncias for) e como tal resta o exercício sádico de os matar lentamente. "Bem feito!" dirão alguns, "A culpa é deles e eles mereceram!" dirão outros. Entendo o impulso. Sinceramente entendo, se atacassem Portugal também teria o meu sangue a ferver. Mas o humano não pode ser só uma besta de impulsos. Se os meus impulsos matarem milhões de pessoas inocentes mesmo que o meu impulso tenha uma razão que o justifique a humanidade nos homens tem que se sobrepor à loucura. E sim, o Netanyahu neste momento é um louco.
Israel neste momento não se está a defender (porque o Hamas militarmente não existe) e não está a procurar uma via o retorno dos reféns (pelo que expliquei acima). Está a esmagar lenta e dolorosamente mais de 2 milhões de pessoas sem sequer ter uma finalidade última para além de ficar com o território.
Israel por muito que leve (e leva bastante) dá muito mais do que aquilo que leva. E não é de agora, é de sempre. Se "dar mais e com mais força" resultasse Israel seria um país em paz com os restantes há 70 anos. Nisto tudo eu também culpo os EUA. O apoio não pode ser incondicional.