A estratégia já foi mencionada em alguns artigos. Também se fala que a estratégia estará também relacionada com a questão da gigantesca dívida externa que eles têm.
Na minha modesta opinião existe igualmente a componente política e a questão da política do caos económico porque isso favorece o surgimento dos extremos políticos. E está visto que o principal adversário que se pretende destruir é a União Europeia (para além da china, mas aí a questão é diferente) tentando a todo o custo enfiar marionetas de extrema direita no poder. Mas também concordo contigo que nada disto seja uma política que não tenha uma ideologia e um planeamento. Resta é saber como irá correr.. Para a classe média não me parece que a curto prazo as coisas sejam fáceis..
Trump e o seu grupelho pretende algo e ameaça estar disposto a sacrificar, no imediato, empresas e cidadãos norte-americanos ao previsível aumento de preços, erosão dos mercados e poupanças, aumento do desemprego... Forçar a indústria alemã, francesa, japonesa, coreana, etc., ... a deslocalizar alguma produção para os Estados Unidos? Incentivar o retorno da produção norte-americana na diáspora ao país (veja-se como foram atingidos os países do sudeste asiático, incluindo os aliados e até Taiwan, cuja empresa de vanguarda encontra-se já em solo americano)? Persuadir os bancos centrais europeus, asiáticos, ... a diminuir as suas reversas de dólares, procurando a sua depreciação e a valorização das moedas estrangeiras? Negociar com os credores de dívida americana a extensão das suas maturidades e diminuição dos juros? Criar um novo sistema cambial que torne as exportações norte-americanas mais competitivas e melhore a balança comercial do país?...
O momento será de apreensão, para mais olhando as lideranças europeias. Saberão identificar correctamente todos os possíveis planos da administração Trump e elaborar, para qualquer cenário, uma resposta correspondente? Ou será que, considerando o peso do mercado americano nas economias europeias, a União submeter-se-á a um acordo com os americanos? Com dois polos dominantes, conseguirá a Europa ter agência própria ou limitar-se-á ao alinhamento com um dos poderes maiores? Considerando o desempenho da liderança comunitária na questão da Ucrânia... enfim, é compreensível que haja alguma inquietação.
Há coisas interessantes, quase que paradoxais. Os Estados Unidos, campeões do mercado livre e da não interferência do Estado, admitem que a desregulação promovida pelos próprios não produz resultados óptimos. Que, ao fim e ao cabo, torna-se necessário intervir, regular, subsidiar, taxar... e quem melhor que o Estado para corrigir o mercado? A China autoritária, imagine-se, com o seu poder centralizado e iniciativa económica estatal, consegue ser mais racional e eficiente que a esmagadora maioria dos mercados livres, senão mesmo a totalidade. São tiros de canhão atrás de tiros de canhão nos dogmas políticos e económicos estabelecidos. Não será estranha a inexistência de um único prémio nobel da economia chinês após o maior milagre económico da história mundial? Conseguiram-no sem teoria?
Será que os europeus, e restantes aliados, alguma vez pensaram que as bases militares norte-americanas, instaladas nos seus territórios, poderiam ser um problema?