Vamos ignorar a influência da política externa dos EUA na crise política da América Latina em todos os países que recusaram indexar a sua economia ao dólar e deixar os americanos terem acesso às reservas de petróleo (e em alguns casos, ouro e bauxite)?
O movimento comunista de influência soviética surge durante a Guerra Fria como resposta aos ditadores colocados pelos EUA que criaram ainda mais convulsões sociais numa zona já extremamente pobre, desregulada e volátil. A Argentina teve o Videla, mas tantos casos há: Fulgencio, Somoza, Stroessner, Pinochet, Banzer, a ditadura militar do Brasil, os constantes golpes no Equador, República Dominicana, ocupações do Haiti e da Nicarágua (e os famosos Contras).
Há um livro do Philippe Girard sobre a evolução do Haiti, que podia ser transcrito para quase todos os países da zona da mesma forma, pois todos sofreram os mesmos cataclismos. Mostra o impacto que a colonização, a escravatura, o extermínio, a independência e subsequentes ocupações, territoriais ou políticas, tem sobre a cultura de um povo e a sua relação com o exterior.
Estou de acordo que foi mais fácil para as colónias britânicas estabelecerem boas relações com os EUA, até porque a sua independência é posterior e já haviam relações construídas. Espanha e Portugal não só tiveram entradas muito mais violentas, como saíram da zona muito mais cedo, deixando para trás países riquíssimos de recursos, mas pobres estruturalmente e selvagens de mentalidade.
A África mostra que ser colónia britânica não é garantia de nada. Alguns das sociedades mais pobres, violentas e instáveis do continente foram ocupadas pelos britânicos até há bem pouco tempo.