Actualidade Internacional

John Wick

Tribuna
31 Outubro 2019
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  • Novembro/19
  • Deco
Existe a possibilidade dos estudos serem fraudulentos referi isso, embora ache pouco provável tendo em conta quem os realizou e as instituições para onde trabalham, não seria a primeira nem a única vez que estudos fossem encomendados para provar determinado ponto de forma fraudulenta, tal como aconteceu com os cigarros, tal como aconteceu com o açucar, em que essas indústrias pagavam para que se fizessem estudos propositadamente enviesados. É uma possibilidade, embora menos provável do que antigamente. Por isso é é fundamental se fazerem mais. E isto não quer dizer que a sociedade não seja estruturalmente racista, quer dizer que não existem evidências científicas de que o seja, não quer dizer que mais estudos possam surgir que concluam o contrário.

Isto não implica que não tenha que haver debate e que as pessoas não tenham que ser ouvidas, bem pelo contrário. O debate é fundamental e neste momento o que se vê é o contrário, com guerras ideológicas dos dois extremos a quererem silenciar o bom senso e a razão. Absolutamente de acordo que têm que acontecer mudanças políticas e sociais, não há volta a dar.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Nem uma resposta sobre o momento histórico em que as coisas mudaram a "favor" dos negros.
Daqui deduzo que ou nunca mudaram ou se fala sem saber da História.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Sempre que és questionado com exemplos do Mundo para a situação americana, a tua resposta é que são situações diferentes.

A questão é que não são, são identicas.

Os afro americanos tem razão nas reinvindicações de igualdade, assim com os hispanicos os asiaticos, os nativos e os brancos.
Não tem é direito a exigirem uma punição a uma etnia a qual hoje em dia a grande maioria os trata com igualdade.
E se no global vivem desfavorecidamente em relação a outras, provavelmente é por outros motivos que não a cor da pele
Outra vez? Tu vais constantemente buscar a História para mostrar outras situações de escravatura, mas esqueces completamente o enquadramento Hitórico.

Mas a consciência de quem escravizava na idade média é igual à minha se eu hoje pegar em 50 pessoas negras, amarelas ou às bolinhas e as escravizar?!?! Isto tem alguma lógica?

Por isso é que é importante perceber em que momento da evolução social ocidental as coisas aconteceram.
 

Porto sentido

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22 Julho 2018
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  • André Villas-Boas
  • Campeão Nacional 19/20
  • Taça de Portugal 19/20
Nem uma resposta sobre o momento histórico em que as coisas mudaram a "favor" dos negros.
Daqui deduzo que ou nunca mudaram ou se fala sem saber da História.
Não percebi se esta interpelação visa ou não a resposta que dei. Recebi notificação de citação, mas pode ser erro.


Certamente houve momentos de mudança no passado, e certamente continuarão a acontecer momentos de mudança no futuro:
- o fim da guerra da secessão
- o fim da escravatura
- o direito de voto
- os movimentos cívicos contra a segregação
- a marcha do Dr. MLK
- o fim das leis Jim Crow
- a eleição dos primeiros representantes políticos, sociais e comunitários (mayors, de congressistas e senadores, representantes locais, sheriffs e chefes de polícia...)
- o sucesso empresarial de empresas de capital "blackowned"
- o sucesso desportivo de inúmeros atletas negros, tais como Jesse Owens nos jogos Nazis!✊ - eu queria por um punho negro, mas os Smilies são racistas!, Karl Lewis e o meu favorito MJ🏀!!!!!
- a participação cívica e poder crescente de organizações como o ACLU, ou o Southern Poverty Center, ou de figuras como os Rev. Al Sharpton, Jesse Jackson, Oprah

- ah, e um tipo chamado Obama 🇰🇪 🇺🇲


Concluindo, está tudo na mesma. 🤷‍♂️

A sociedade moderna tem que ser demolida, a história tem que ser reescrita e depois... ah depois, aí sim, vamos viver todos felizes em kumbaya e hakunamata para todo o sempre, seguindo os ditames woke e ultra-liberals, livres das micro-agressões da vida!
 

Cheue

12 Maio 2016
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População negra "continua a ser fortemente discriminada" em França -- estudo oficial

As conclusões constam do Relatório Anual da Comissão Nacional Consultiva dos Direitos Humanos (CNCDH), entregue hoje ao primeiro-ministro francês, Edouard Philippe
...

 

slowboy

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18 Julho 2006
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  • José Maria Pedroto
Tu é que disseste que a pessoa em questão tinha que pedir desculpas. Ora, se esses governos não estavam mandatados pela vontade democrática do povo
1 - Não vejo onde é que nós, individualmente, temos que pedir desculpa pelo que quer que seja. Falamos de decisões de uma monarquia e de um regime ditatorial que muita gente ainda tem saudades em Portugal.

2 - Como se viu, e dos primeiros passos de uma democracia ainda jovem (com efetiva representatividade), foi abolir esse mesmo sistema de colónias, portanto não vejo onde é que isso é comparável como a situação norte americana onde para além da escravatura (que por si só originou uma guerra civil no interior do próprio país) existiu segregação racial e uma violação gritante dos direitos de uma parte da população que ainda persistem nos dias de hoje..

Ps 1 - Nos bairros sociais não vivem só pretos. Se lá fores és capaz de descobrir isso.
PS: 2 - Interessante seria saber, e tendo em conta a tua aparente ideologia política, qual o teu pensamento sobre a descolonização e os moldes em que foi efetuada em Portugal. Mas isso não é relevante para a questão em causa.
Ainda bem que limpámos todos os nossos pecados no 25 de abril, senão estávamos lixados com a nossa história como país.
Aparentemente os USA são uma democracia madura há 200 e tal anos. A população geral americana elegia os representantes no século 19 na américa (ou na europa)? E os estados que só pertenceram aos USA pós guerra civil ou mesmo no século 20? Estão excluidos disto tudo e entraram limpos nos USA ou herdam os pecados dos outros estados por associação?

Existe uma despropocionalidade nos bairros sociais portugueses entre brancos e minorias. Ou vais fazer de conta que não?
 

Branco

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2 Julho 2007
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  • Junho/18
Não percebi se esta interpelação visa ou não a resposta que dei. Recebi notificação de citação, mas pode ser erro.


Certamente houve momentos de mudança no passado, e certamente continuarão a acontecer momentos de mudança no futuro:
- o fim da guerra da secessão
- o fim da escravatura
- o direito de voto
- os movimentos cívicos contra a segregação
- a marcha do Dr. MLK
- o fim das leis Jim Crow
- a eleição dos primeiros representantes políticos, sociais e comunitários (mayors, de congressistas e senadores, representantes locais, sheriffs e chefes de polícia...)
- o sucesso empresarial de empresas de capital "blackowned"
- o sucesso desportivo de inúmeros atletas negros, tais como Jesse Owens nos jogos Nazis!✊ - eu queria por um punho negro, mas os Smilies são racistas!, Karl Lewis e o meu favorito MJ🏀!!!!!
- a participação cívica e poder crescente de organizações como o ACLU, ou o Southern Poverty Center, ou de figuras como os Rev. Al Sharpton, Jesse Jackson, Oprah

- ah, e um tipo chamado Obama 🇰🇪 🇺🇲


Concluindo, está tudo na mesma. 🤷‍♂️

A sociedade moderna tem que ser demolida, a história tem que ser reescrita e depois... ah depois, aí sim, vamos viver todos felizes em kumbaya e hakunamata para todo o sempre, seguindo os ditames woke e ultra-liberals, livres das micro-agressões da vida!
Obviamente que existe considerável evolução nos direitos e oportunidades da comunidade negra dos EUA nas últimas décadas, só quem é cego não vê isso, o que não existiu foi capacidade pela maioria dessa comunidade em aproveitar essa realidade por factores internos.

- Familias monoparentais
- Falta de interesse na escolarização
- A escolarização (ao nivel do ensino superior) existente demasiado concentrada nas humanidades e não em cursos com saida profissional
- Glamorização da violência em muitos dos produtos culturais oriundos dessa comunidade
- Concentração populacional em feudos monopartidários em que ganham sempre os mesmos, e a politica local dentro desse contexto promove a corrupção e incompetência, e consequentemente tornam-se zonas de exclusão social
- etc

O único sector onde dou razão às criticas é o da justiça, tanto na vertente policial, como dos tribunais ou das prisões, embora essa discussão seja um pouco mais complexa e em muitos casos é mais o resultado de politicas que dão demasiado importância a uma visão securitária do estado do que propriamente algo com motivações raciais (embora historicamente isso tenha contribuido), sendo que obviamente no entanto dada a situação da comunidade negra dos EUA ao nível da propensão para a criminalidade algo que invariavelmente os vai castigar muito mais que qualquer outro grupo.
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
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  • Hulk
  • Alfredo Quintana
Ainda bem que limpámos todos os nossos pecados no 25 de abril, senão estávamos lixados com a nossa história como país.
Aparentemente os USA são uma democracia madura há 200 e tal anos. A população geral americana elegia os representantes no século 19 na américa (ou na europa)? E os estados que só pertenceram aos USA pós guerra civil ou mesmo no século 20? Estão excluidos disto tudo e entraram limpos nos USA ou herdam os pecados dos outros estados por associação?

Existe uma despropocionalidade nos bairros sociais portugueses entre brancos e minorias. Ou vais fazer de conta que não?
Ninguém limpou pecados nenhuns. Até porque ninguém consegue um passado sem pecados. Apenas te demonstrei que o teu exemplo nada tinha de correlação com o que estávamos a discutir. Portugal atual não tem que se desculpar pelos atos de uma ditadura. E se não entendes a diferença que representaram as colónias, com tudo o que sucedeu, com o facto de que aquela população africana ficou a viver no mesmo local, com uma nova forma de escravatura, continuando a ser segregada/morta/injustiçada mesmo com o fim da escravatura, sem o estatuto de terem uma real independência, à semelhança daquilo que tiveram as pessoas que viviam nos países que se libertaram desse jugo colonial (que para bem e para o mal tiveram que se safar com o pouco que lhes deixaram ficar depois de décadas de roubo), então não posso ajudar-te. Pessoas que construíram a riqueza de um país, de graça e debaixo de um chicote, e que tiveram que continuar a viver nele com perto de 0% dessa riqueza que ajudaram a criar. Mas tu nunca vais entender isto.
Pior do que isso, algumas pessoas acreditam que esta forma de sobrevivência do mais forte, mesmo que com a destruição de outras populações é a maneira correta de se entender a vida. Não é o meu caso.

Há pouco deixei um vídeo do James Baldwin que pode ajudar mais, se te quiseres dar ao trabalho de ver. Tens os 2 lados da barricada.

Quanto aos dados dos bairros sociais, não tenho os dados reais, talvez alguém possa ajudar. Uma coisa te digo, na realidade que conheço, no norte, estará certamente mais pessoas brancas do que minorias.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Obviamente que existe considerável evolução nos direitos e oportunidades da comunidade negra dos EUA nas últimas décadas, só quem é cego não vê isso, o que não existiu foi capacidade pela maioria dessa comunidade em aproveitar essa realidade por factores internos.

- Familias monoparentais
- Falta de interesse na escolarização
- A escolarização (ao nivel do ensino superior) existente demasiado concentrada nas humanidades e não em cursos com saida profissional
- Glamorização da violência em muitos dos produtos culturais oriundos dessa comunidade
- Concentração populacional em feudos monopartidários em que ganham sempre os mesmos, e a politica local dentro desse contexto promove a corrupção e incompetência, e consequentemente tornam-se zonas de exclusão social
- etc

O único sector onde dou razão às criticas é o da justiça, tanto na vertente policial, como dos tribunais ou das prisões, embora essa discussão seja um pouco mais complexa e em muitos casos é mais o resultado de politicas que dão demasiado importância a uma visão securitária do estado do que propriamente algo com motivações raciais (embora historicamente isso tenha contribuido), sendo que obviamente no entanto dada a situação da comunidade negra dos EUA ao nível da propensão para a criminalidade algo que invariavelmente os vai castigar muito mais que qualquer outro grupo.
Isto ou é de mim ou não sei... lêem coisas que não se escreveram.

1º - Quando é que alguém disse que não ouve evolução?!?

2º - E Evolução significa estar tudo bem? A segregação foi uma evolução em relação à escravatura. Era suposto os negros agradecerem?

3º - Eu só perguntei uma coisa. Em que data, ou momento Histórico é que era suposto "eu negro que nasci e vivo nos EUA" dizer, "porreiro vivo num país onde sou tratado de forma igual aos outros e não corro um maior do que os outros de levar na boca da polícia só por causa do meu tom de pele". Em que momento é que os negros deixaram de ter razões para se queixar de ser discriminados nos EUA? Uma data, um década, qualquer coisa?
Nada nem uma resposta.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Ainda bem que limpámos todos os nossos pecados no 25 de abril, senão estávamos lixados com a nossa história como país.
Aparentemente os USA são uma democracia madura há 200 e tal anos. A população geral americana elegia os representantes no século 19 na américa (ou na europa)? E os estados que só pertenceram aos USA pós guerra civil ou mesmo no século 20? Estão excluidos disto tudo e entraram limpos nos USA ou herdam os pecados dos outros estados por associação?

Existe uma despropocionalidade nos bairros sociais portugueses entre brancos e minorias. Ou vais fazer de conta que não?
Acho que da minha parte estás a ver os meus comentários da situação americana ao contrário.
Falando por mim tenho um fascínio pelo país. Eu não acho os EUA um demónio, cresci influenciado pela cultura americana e fui lá algumas vezes, a cidades diferentes e adorei todas. Acho precisamente que os EUA foram na história recente um motor na evolução dos direitos civis. E é precisamente por isso que acho que se não for lá que por exemplo os negros se tornaram cidadãos de pleno direito (que não são, desculpa mas não são) não será em mais lado nenhum.
Não uso os EUA como contraponto negativo a nenhum outro país, uso como bandeira para o resto do mundo.

É uma concepção completamente errada que quem é de esquerda, detesta os Estados Unidos. À parte de retóricas partidárias isso é um mito. Por exemplo, tenho guardada uma reportagem antiga de um viagem do Saramago aos Estados Unidos que é basicamente uma ode à cultura americana.
 

Branco

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2 Julho 2007
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  • Junho/18
Isto ou é de mim ou não sei... lêem coisas que não se escreveram.

1º - Quando é que alguém disse que não ouve evolução?!?

2º - E Evolução significa estar tudo bem? A segregação foi uma evolução em relação à escravatura. Era suposto os negros agradecerem?

3º - Eu só perguntei uma coisa. Em que data, ou momento Histórico é que era suposto "eu negro que nasci e vivo nos EUA" dizer, "porreiro vivo num país onde sou tratado de forma igual aos outros e não corro um maior do que os outros de levar na boca da polícia só por causa do meu tom de pele". Em que momento é que os negros deixaram de ter razões para se queixar de ser discriminados nos EUA? Uma data, um década, qualquer coisa?
Nada nem uma resposta.
Ao nível do racismo institucional deixaram de ter razões depois dos EUA terem passado os direitos civis, ao nível do racismo a um nível mais pessoal é algo que se tem diluido ao longo dos 50 anos seguintes, e neste momento já existe uma diferença considerável em relação a esse ponto de partida.

A questão é que nunca será zero, e não digo isto só para o que essa comunidade sofre mas para o global entre diferentes comunidades, porque expressões de comportamento anti social existirão sempre a alguma dimensão (quer sejam racismo ou várias outras) e utopias são fantasias para adultos, as sociedades são compostas por seres humanos e isso reflectirá sempre os defeitos que todos eles (a vários niveis) possuem, por muito evoluidas que sejam.

E depois há uma questão de como a comunidade com as decisões de quem pertence à mesma se define perante as outras, isso também alimenta a imagem que favorece ou não tentativas de caracterização racista, a imagem da comunidade asiática algumas décadas atrás nos EUA era muito pior que a actual, obviamente que o sucesso que entretanto teve alterou esse paradigma, reverter todos aqueles factores que eu apontei no post atrás levarão a uma aceleração do combate ao que resta do preconceito racial.

E para isso acontecer precisa de existir um debate interno dentro da comunidade negra dos EUA, um dos grandes problemas da sua história recente é que ficou orfã logo depois da passagem dos direitos civis do único lider que na minha opinião possuia a capacidade de exercer o tipo de liderança necessária para começar esse processo, e tudo ficou parado no tempo e à mercê de demagogos que estão mais interessados em manter o status quo para ganho pessoal.

Quando passas de um MLK para um Al Sharpton (ou os muitos race grifters similares) é como passar de cavalo para burro, o primeiro tinha uma visão humanista de raça que ultrapassava quaisquer conceitos identitários, a ideia que tinha para os EUA era pós racial, o outro é um burlão que usa a raça como forma de manter o seu poder politico e para enriquecimento pessoal e essa é uma realidade presente em muitos lideres da comunidade negra das últimas décadas, incentivam a radicalização e evitam qualquer tipo de exigência pessoal na comunidade, o racismo das baixas expectativas.

Ainda pensei que o Obama fosse ser o novo MLK, no entanto é demasiado politico para isso, ele de certa forma defende a mesma ideia, mas estar dentro do processo politico inevitavelmente vai levar a que tenha dificuldade em se concentrar na questão especifica da comunidade negra porque os EUA não estão só limitados a isso, e depois o próprio Obama nunca foi um politico muito corajoso capaz de correr riscos, essencialmente o risco de chatear tanto à sua direita como à esquerda, e tal como em outros campos para o global do EUA, tudo acabou na mesma para a comunidade negra durante o seu mandato.
 

Porto sentido

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22 Julho 2018
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  • André Villas-Boas
  • Campeão Nacional 19/20
  • Taça de Portugal 19/20
Há pouco deixei um vídeo do James Baldwin que pode ajudar mais, se te quiseres dar ao trabalho de ver. Tens os 2 lados da barricada.
Ainda não tive oportunidade de ver todo, mas desde já te agradeço porque é um conteúdo muito bom e ... atual. Em apenas 10 minutos a correr ouvi argumentos que ainda hoje são repetidos nos media com a mesma validade que eram há ? 40 anos ? atrás.

Gostei do estilo do Baldwin, mas também do branco (não sei o nome), ambos provocadores, mas super dominadores da dialética do discurso. Obrigado!
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Não percebi se esta interpelação visa ou não a resposta que dei. Recebi notificação de citação, mas pode ser erro.


Certamente houve momentos de mudança no passado, e certamente continuarão a acontecer momentos de mudança no futuro:
- o fim da guerra da secessão
- o fim da escravatura
- o direito de voto
- os movimentos cívicos contra a segregação
- a marcha do Dr. MLK
- o fim das leis Jim Crow
- a eleição dos primeiros representantes políticos, sociais e comunitários (mayors, de congressistas e senadores, representantes locais, sheriffs e chefes de polícia...)
- o sucesso empresarial de empresas de capital "blackowned"
- o sucesso desportivo de inúmeros atletas negros, tais como Jesse Owens nos jogos Nazis!✊ - eu queria por um punho negro, mas os Smilies são racistas!, Karl Lewis e o meu favorito MJ🏀!!!!!
- a participação cívica e poder crescente de organizações como o ACLU, ou o Southern Poverty Center, ou de figuras como os Rev. Al Sharpton, Jesse Jackson, Oprah

- ah, e um tipo chamado Obama 🇰🇪 🇺🇲


Concluindo, está tudo na mesma. 🤷‍♂️

A sociedade moderna tem que ser demolida, a história tem que ser reescrita e depois... ah depois, aí sim, vamos viver todos felizes em kumbaya e hakunamata para todo o sempre, seguindo os ditames woke e ultra-liberals, livres das micro-agressões da vida!
E eu disse que está tudo na mesma, exactamente onde?

Voltaste a não responder à minha pergunta. Eu só pedi uma data. Uma data a partir da qual as revoltas deixaram de fazer sentido . Ou era suposto os negros terem deixado de se queixar depois da guerra civil? É que depois disso milhões de negros foram presos por crimes menores ou falsos e obrigados a trabalhos forçados nas mesmas plantações de onde tinham saído.
Ou foi quando o Jesse Owens ganhou as quatro medalhas? Enquanto isso isto era o pão nosso de cada dia: https://en.wikipedia.org/wiki/Lynching_of_Roosevelt_Townes_and_Robert_McDaniels

Não. A evolução dos direitos civis não é motivo para se dormir descansado. É motivo para se continuar enquanto não forem todos tratados de igual forma.

E elencares figuras negras que tiveram sucesso é o quê? Isso diz o quê sobre a vida diária dos negros? É suposto o quê? o George Floyd ficar descansado porque a Oprah tem um programa novo ou porque a vida corre bem ao Lebron? E olha que mesmo o Obama ainda está atravessado na garganta de muitos "não-racistas" que por aí andam.
 

slowboy

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18 Julho 2006
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  • José Maria Pedroto
Apenas te demonstrei que o teu exemplo nada tinha de correlação com o que estávamos a discutir. Portugal atual não tem que se desculpar pelos atos de uma ditadura.
Nos USA durante alguns periodos havia muitos sitios onde pessoas brancas pobres não votavam (impostos e outras restrições para que só alguns votarem). Os senadores só começaram a ser escolhidos pelo povo já no século 20. Aliás já pensaste na logística que era um país do tamanho dos USA votar no século 19? As mulheres começaram a votar de forma universal no século 20 (embora no Wyoming foi em 1869!!). É que o grau democrático dos USA foi evoluindo ao longo do tempo e a um ritmo different em cada estado.

Na ditadura portuguesa também chegou a haver "eleições". Votavam os escolhidos.

Só porque os USA foram evoluindo de forma espaçada no tempo e Portugal foi duma assentada. Não faz com que um povo tenha mais culpas que o outro.
 
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Vlk

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3 Junho 2014
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Ao nível do racismo institucional deixaram de ter razões depois dos EUA terem passado os direitos civis, ao nível do racismo a um nível mais pessoal é algo que se tem diluido ao longo dos 50 anos seguintes, e neste momento já existe uma diferença considerável em relação a esse ponto de partida.

A questão é que nunca será zero, e não digo isto só para o que essa comunidade sofre mas para o global entre diferentes comunidades, porque expressões de comportamento anti social existirão sempre a alguma dimensão (quer sejam racismo ou várias outras) e utopias são fantasias para adultos, as sociedades são compostas por seres humanos e isso reflectirá sempre os defeitos que todos eles (a vários niveis) possuem, por muito evoluidas que sejam.

E depois há uma questão de como a comunidade com as decisões de quem pertence à mesma se define perante as outras, isso também alimenta a imagem que favorece ou não tentativas de caracterização racista, a imagem da comunidade asiática algumas décadas atrás nos EUA era muito pior que a actual, obviamente que o sucesso que entretanto teve alterou esse paradigma, reverter todos aqueles factores que eu apontei no post atrás levarão a uma aceleração do combate ao que resta do preconceito racial.
...
Pronto. A primeira questão é que ainda existe uma geração viva que passou pela discriminação institucional e legal e por muitas situações de repressão extremamente violenta, principalmente no sul. Depois tem as gerações descendentes dessa que ainda passaram pelas décadas seguintes de discriminação informal. Informal que não era assim tão informal e durou no mínimo atá aos anos 90. Era uma estratégia definida politicamente a nível superior de continuidade da discriminação racial, como já foi admitido por algumas figuras relevantes.
E aqui surge outro problema, que foi aquilo que se escondeu constantemente década após década, estratégias políticas e policiais que visaram directamente as comunidades negras. O que era conhecido oficialmente sobre a discriminação racial nunca foi bem a verdade. E isso convirás que potencia um grau de desconfiança enorme.
Tudo isto nunca será fácil de ultrapassar se História não for bem contada de uma vez, e qualquer rastilho vai sempre tornar-se explosivo.

......

E para isso acontecer precisa de existir um debate interno dentro da comunidade negra dos EUA, um dos grandes problemas da sua história recente é que ficou orfã logo depois da passagem dos direitos civis do único lider que na minha opinião possuia a capacidade de exercer o tipo de liderança necessária para começar esse processo, e tudo ficou parado no tempo e à mercê de demagogos que estão mais interessados em manter o status quo para ganho pessoal.

Quando passas de um MLK para um Al Sharpton (ou os muitos race grifters similares) é como passar de cavalo para burro, o primeiro tinha uma visão humanista de raça que ultrapassava quaisquer conceitos identitários, a ideia que tinha para os EUA era pós racial, o outro é um burlão que usa a raça como forma de manter o seu poder politico e para enriquecimento pessoal e essa é uma realidade presente em muitos lideres da comunidade negra das últimas décadas, incentivam a radicalização e evitam qualquer tipo de exigência pessoal na comunidade, o racismo das baixas expectativas.

Ainda pensei que o Obama fosse ser o novo MLK, no entanto é demasiado politico para isso, ele de certa forma defende a mesma ideia, mas estar dentro do processo politico inevitavelmente vai levar a que tenha dificuldade em se concentrar na questão especifica da comunidade negra porque os EUA não estão só limitados a isso, e depois o próprio Obama nunca foi um politico muito corajoso capaz de correr riscos, essencialmente o risco de chatear tanto à sua direita como à esquerda, e tal como em outros campos para o global do EUA, tudo acabou na mesma para a comunidade negra durante o seu mandato.
O grande problema aqui é que os líderes negros têm que ser todos impolutos e imaculados. Tudo Gandhis. Do outro lado podes ter animais de toda a espécie, KKK, defensores da segregação, defensores dos linchamentos públicos e incendiários como o Trump, não interessa.
 
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John Wick

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Para quem não está muito por dentro do que se está a passar na sociedade americana e acha que estes movimentos woke são apenas brincadeiras infantis e não constituem nenhuma ameaça para o país ou para o mundo, está aqui um relato em primeira mão de alguém que conhece bem e sofreu na pele com o autoritarismo e fascismo destes novos movimentos pós-modernistas que são tudo menos irrelevantes.

Só uma pequena introdução para situar todo o contexto. O Bret Weinstein é um biólogo evolutivo que dava aulas na Universidade de Evergreen College, onde a sua esposa também leccionava. O Bret Weinstein em termos políticos é um liberal progressista, participou em movimentos como o "Occupy", por exemplo. Em 2016, enquanto leccionava uma das suas aulas, foi interrompido por uma multidão de alunos que exigiam a sua demissão e de outros professores por serem "supremacistas brancos" e porque achavam que aquilo que ele leccionava era racista, ou seja, a biologia e em particular a biologia evolutiva. Basicamente o que aconteceu foi que os alunos barricaram-se lá dentro e sequestraram os professores exigindo a sua demissão, o director da faculdade acatou todos os pedidos da multidão de alunos, impediu a entrada da polícia no recinto e os alunos tomaram conta da faculdade. Os alunos que se opuseram àquilo e que filmaram os acontecimentos foram agredidos com tacos de basebol. Tudo isto foi incentivado por uma professora fanática que dava aulas na faculdade e que estava ligada a movimentos woke. Isto é apenas um breve resumo do que se passou e que teve bastante repercussão no país em 2016 e situação com a qual muitos gozaram porque eram só miúdos e não representavam ameaça nenhuma. Na realidade eram miúdos, mas as motivações e quem estava por detrás de tudo aquilo não era apenas um grupo de miúdos.


 
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2 Julho 2007
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O grande problema aqui é que os líderes negros têm que ser todos impolutos e imaculados. Tudo Gandhis. Do outro lado podes ter animais de toda a espécie, KKK, defensores da segregação, defensores dos linchamentos públicos e incendiários como o Trump, não interessa.
Mas aqui pareces te contradizer, se achas que o Trump não leva a lado nenhum ao nível de avanços sociais, porque então depois relativizas que alguém de tendências similares do outro lado também não seja obstáculo a que isso aconteça.

E depois parece-me que pelos problemas que tem será muito mais prejudicial à comunidade negra ter desse tipo de lideres que à comunidade branca, porque uma comunidade que já esteja com a maior parte dos seus problemas resolvidos pode se dar ao luxo de disparates desses, mas uma que tem que muito por onde caminhar até convergir com as restantes estará muito mais dependente de uma liderança eficaz.

Não estou a dizer que a comunidade negra esteja obrigada a ter esse tipo de liderança, só acho é que se não a tiver estará sempre à mercê dos liberais brancos americanos e dos que estes lhes puderem (e estarem dispostos a) dar, e como se tem visto nas últimas décadas a relação dos mesmos com a comunidade negra americana é uma de tokenização, o tal racismo de baixas expectativas que eu referia no meu último post, com politicas «bem intencionadas» que por vezes produzem o resultado oposto.
 
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E eu disse que está tudo na mesma, exactamente onde?

Voltaste a não responder à minha pergunta. Eu só pedi uma data. Uma data a partir da qual as revoltas deixaram de fazer sentido . Ou era suposto os negros terem deixado de se queixar depois da guerra civil? É que depois disso milhões de negros foram presos por crimes menores ou falsos e obrigados a trabalhos forçados nas mesmas plantações de onde tinham saído.
Ou foi quando o Jesse Owens ganhou as quatro medalhas? Enquanto isso isto era o pão nosso de cada dia: https://en.wikipedia.org/wiki/Lynching_of_Roosevelt_Townes_and_Robert_McDaniels

Não. A evolução dos direitos civis não é motivo para se dormir descansado. É motivo para se continuar enquanto não forem todos tratados de igual forma.

E elencares figuras negras que tiveram sucesso é o quê? Isso diz o quê sobre a vida diária dos negros? É suposto o quê? o George Floyd ficar descansado porque a Oprah tem um programa novo ou porque a vida corre bem ao Lebron? E olha que mesmo o Obama ainda está atravessado na garganta de muitos "não-racistas" que por aí andam.
Das tuas intervenções anteriores pareceu-me que tens fortes conhecimentos históricos. Mas a pergunta que fazes é falaciosa, porque não pode ter uma resposta certa, e acho que sabes bem disso.

Querer reduzir uma história a uma data é tão absurdo como ler um texto com um ponto. Uma história tem um porquê, um quando, um onde, um quem, e um como. A história humana tem biliões de histórias. E depois tem milhões de contadores, cada um com uma vivência, um passado e uma intenção.

Evolução significa percorrer um caminho entre um passado geralmente considerado pior para um futuro geralmente considerado melhor. Não tem que significar melhor para toda a gente... nem significa atingir a perfeição. Mas isto devia ser óbvio para quem me acusou de ter um pensamento anti-darwinista vitoriano (penso que te referias à componente social).

Relativamente ao tratamento igual, ele já está previsto em qualquer lei ocidental que proíbe a discriminação negativa e permite alguma discriminação positiva. Não é preciso haver uma lei especial para o George Floyd, é preciso "apenas" que a lei que existe seja efetivamente aplicada, ou seja, que seja feita Justiça. Um ser humano não merece ser condenado sumariamente à morte por asfixia de joelho e por indiferença de quem jurou "To serve and protect". Os autores do crime têm que ser punidos.

Relativamente às histórias de sucesso de proeminentes negros americanos, servem para demonstrar que eles (entre muitos outros!!!) tiveram e aproveitaram a oportunidade para crescer, prosperar, ser poderosos, ser modelos aspiracionais. São motivos de celebração individual e coletiva, não de desdém. Se não tivéssemos estas histórias de vencedores da vida, talvez a narrativa que defendes fosse mais fácil de contar...
 

Branco

Tribuna Presidencial
2 Julho 2007
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  • Junho/18
Para quem não está muito por dentro do que se está a passar na sociedade americana e acha que estes movimentos woke são apenas brincadeiras infantis e não constituem nenhuma ameaça para o país ou para o mundo, está aqui um relato em primeira mão de alguém que conhece bem e sofreu na pele com o autoritarismo e fascismo destes novos movimentos pós-modernistas que são tudo menos irrelevantes.

Só uma pequena introdução para situar todo o contexto. O Bret Weinstein é um biólogo evolutivo que dava aulas na Universidade de Evergreen College, onde a sua esposa também leccionava. O Bret Weinstein em termos políticos é um liberal progressista, participou em movimentos como o "Occupy", por exemplo. Em 2016, enquanto leccionava uma das suas aulas, foi interrompido por uma multidão de alunos que exigiam a sua demissão e de outros professores por serem "supremacistas brancos" e porque achavam que aquilo que ele leccionava era racista, ou seja, a biologia e em particular a biologia evolutiva. Basicamente o que aconteceu foi que os alunos barricaram-se lá dentro e sequestraram os professores exigindo a sua demissão, o director da faculdade acatou todos os pedidos da multidão de alunos, impediu a entrada da polícia no recinto e os alunos tomaram conta da faculdade. Os alunos que se opuseram àquilo e que filmaram os acontecimentos foram agredidos com tacos de basebol. Tudo isto foi incentivado por uma professora fanática que dava aulas na faculdade e que estava ligada a movimentos woke. Isto é apenas um breve resumo do que se passou e que teve bastante repercussão no país em 2016 e situação com a qual muitos gozaram porque eram só miúdos e não representavam ameaça nenhuma. Na realidade eram miúdos, mas as motivações e quem estava por detrás de tudo aquilo não era apenas um grupo de miúdos.



É o resultado da lenta marcha pelas instituições que começou décadas atrás (principalmente em paises anglo saxónicos), e as universidades foram apenas o primeiro espaço público onde isso visivelmente se manifestou, agora já vemos dentro de partidos, nos media e até em empresas de outros sectores, e ainda estamos no inicio do processo.

Isto no fundo é uma corrente de extrema esquerda neo-maoista, que se apropria das causas do dia para se legitimar e avançar a sua ideologia, tanto faz que sejam questões de raça, género, orientação sexual, religião, identificação (transexualidade), ambientalismo e tudo mais que surgir, mas a finalidade é o suposto derrubo do capitalismo e do mundo ocidental que ele entendem como a fonte de todo o mal.
 
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