Vou-me meter na conversa. Percebo que emocionalmente ou eticamente seja difícil de aceitar isso de "deixar morrer" os emigrantes no mar (sobretudo quando muito deles são deslocados de guerras fomentadas por nós, europeus!)
Só que esta questão das migrações não pode ser avaliada pelos sentimentos. Infelizmente, tem de ser avaliada duma forma friamente racional. Porquê? Pensa. África é um continente em processo de explosão demográfica acelerada (graças à "bondade" e estupidez do homem branco, que desde os anos 60, em vez de oferecer aos africanos contraceptivos, lhes ofereceu comida), e nos últimos 25 anos quase duplicou a sua população, de 700 M em meados dos anos 90 para 1320 M hoje. Um crescimento brutal e completamente insustentável. E agora pensa: quantos desses 1230 M de africanos não gostariam de vir para a Europa? Eu diria que a maioria deles. E é óbvio que a Europa não pode receber centenas de milhões de emigrantes. Logo, tem de dissuadir a sua vinda. Se a UE se prontificasse a salvar todos os que quisessem vir, o Mediterrâneo rapidamente se enchia de barcos de emigrantes. É cruel, mas é assim.
Se um pobre te vier bater à porta, tu como és boa pessoa dás-lhes uma esmola. Se ele começar a aparecer todos os dias, já torces o nariz. E se ele aparecer com a família toda, chamas a polícia, porque ninguém tira o pão da boca dos seus filhos para o dar a desconhecidos. Podes achar que está errado, que é injusto, etc., mas não podes fazer nada. Tu, a menos que sejas muito rico, não podes sustentar uma família de estranhos. A UE, mesmo sendo muito rica, não tem emprego nem meios para sustentar os 100 ou 200 ou 500 M de aficanos que se pudessem partiriam para a Europa amanhã mesmo. Além de que a chegada desses milhões de emigrantes seria milho para os partidos de extrema-direita. Se o Antonio Costa dissesse hoje OK vamos ser solidários e receber 500 000 africanos, no dia seguinte tinhas motins nas ruas e o gajo do Chega a liderar as sondagens para primeir-ministro.