O que para aqui vai... Gente que nunca viu um refugiado, nunca falou com um, nunca abraçou um, a falar deles como criminosos e como invasores que nos vão perseguir e fazer mal... Quem assim fala revela uma indiferença e uma desumanidade apenas baseada na sua ignorância e no seu preconceito! Por isso falam em invasão, apesar de, provavelmente, nunca terem visto um refugiado na vida. Falam em invasão, apesar de a entrada destes seres humanos ter caído de forma abrupta desde cerca de 2015 (diminuição de cerca de 95%). O que quem fala assim precisava era de conhecer estas pessoas, de ver as condições em que vivem, de falar com elas e ouvir as suas histórias de vida. Do que sofreram para aqui tentar chegar. Dos que perderam pelo caminho... Da forma como foram tratadas fora da Europa e, infelizmente, nalguns sítios dentro da Europa... Uma Europa que se diz protectora e defensora dos Direitos Humanos, mas que fecha os olhos a quem diariamente morre afogada no Mediterrâneo. Fecha os olhos a quem é perseguido nas fronteiras como se fossem animais. Europa que paga a regimes autoritários para travar estas pessoas e as organizar em campos de... de... (não consigo avançar mais) Ou países europeus que financiam bandos de milícias no norte de África para que estes possam cometer atrocidades que nem conseguimos imaginar... Que valor pela vida e pelo sofrimento humanos é atribuído por quem defende isto?... Há vidas que valem mais que outras? Quem pode defender que filhos sejam separados dos pais e agrupados em locais sem nenhumas condições? Eu chamo a isso crueldade e retrocesso civilizacional.
Como digo, só quem desconhece a realidade no terreno e tem desprezo pelo sofrimento humano, se pode sentir confortável por saber que há todos os dias vítimas do seu preconceito. Pensem nisso quando um dia estiverem a banhos numa qualquer praia do Mediterrâneo... entretanto transformado num dos locais onde a Humanidade se afoga a si mesma (And therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.)
