Essa do "eu não sou cantor sou um compositor" eu já ouviSe algum dia houver um MeToo em Portugal, o gajo vai ser dos primeiros a ir de vela.
Basicamente, ele estava a ter algumas questões com direitos autorais na altura e contratou o meu patrono para o fazer. Ora, não era nada de complicado, e num caso normal ele deixava-me fazer as coisas sozinho, mas como era o Ruca preferiu acompanhar o caso comigo.
Acontece que o corno - que sim, anda sempre com óculos, mesmo no quotidiano - não olhava para mim quando eu falava para ele ou ele falava para mim. O meu patrono tentava convencê-lo de que tinha competência e o cabrão só dizia que não queria estagiários metidos ao barulho. Eventualmente lá cedeu, mas quem tomou conta essencialmente da questão foi o meu patrono.
Entretanto, o gajo foi insuportável. É daqueles tipos que não percebe a ponta de um corno, mas pensa que percebe mais do que os especialistas e tenta demonstrá-lo. Além disso, gosta muito de gabar-se. Ficaram-me estas frases:
«Sabem, eu também sou doutor, tirei x e fiz especialização y em sei lá o quê na música»
«Tenho o melhor álbum da música portuguesa de sempre»
«As mulheres, de um modo geral, acham-me irresistível»
«Não sou cantor, sou compositor»
«Intelectualmente, não há nenhum músico em Portugal que me supere»
A melhor foi quando mandou um músico de estúdio, um verdadeiro profissional que provavelmente havia contratado, trazer-lhe um café. Enfim, corno.
É mantra.
Musica, Musicologia, Etnomusicologia e História da Música tem doutoramento, mas as pessoas não passam a ser Doutores de Música, não é comum alguém afirmar isso.
Assim como Artes Performativas e Imagem tem...
No Politécnico do Porto penso.