Ora, mas o objetivo do Montenegro é precisamente evitar falar e esclarecer tudo, nomeadamente numa potencial CPI, porquanto isso iria desgastar muito a sua imagem. Ele prefere ir a eleições do que passar por isso; o risco compensa e evita ficar com a reputação permanentemente danificada. Daí surgir agora um ministro a dizer o seguinte: retiramos a moção de confiança caso o PS desista da CPI.há um PRR para aplicar, habitação para construir, reformas a fazer etc etc ..
se não fossem palhaços não existiam eleições nenhumas.
a começar pelo Montenegro que podia por uma vez que fosse vir falar e esclarecer tudo sem textos decorados, em vez de se armar em vitima ao ponto de ir para eleições, tipo a fazer queixinhas aos portugueses.
Quais são os cenários mais realistas? (A, B e C, sem dúvida, sem ordem de preferência).
A. AD obtém mais votos e mais deputados novamente. Montenegro invoca uma grande vitória, que prova a confiança plena do povo português no seu trabalho.
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B. AD obtém mais votos que o PS, mas menos deputados.
B1. Menos deputados que o PS, porém os mesmos ou até mais do que na eleição anterior (80). Montenegro diz que o povo português reforçou a confiança no governo, e que o facto de ter menos deputados que o PS é irrelevante, pois é uma mera questão formal do sistema eleitoral (por exemplo, Lisboa ou Porto deram mais deputados ao PS, mas o resto do país continua com ele, uma treta assim).
B2. Menos deputados que o PS, com menos de 80 no total. Montenegro mesmo assim usa a questão dos votos como fator principal.
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C. AD obtém menos votos que o PS, mas mais deputados. Montenegro afirma que, no sistema eleitoral português, o fator relevante é o número de deputados, reunindo, portanto, todas as condições para continuar a governar Portugal.
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D. O PS obtém mais votos e deputados que a AD.
D1. Mas os resultados são muito parecidos (1/2 deputados de diferença, e diferença de votos residual). Nesse sentido, Montenegro invoca que o país votou maioritariamente à direita, não fazendo sentido uma governação do PS.
D2. Diferença de votos considerável (+ de 100/200 mil?), com os tais 1 ou 2 deputados de diferença. Montenegro admite diferença de votos, no entanto escuda-se no sistema eleitoral:
D2. Cenário 1: AD + IL é superior a PS + LIVRE + BE + PCP + PAN (?). Montenegro invoca a estratégia de Costa em 2015 e diz-se no direito de continuar a governar, desta feita com um acordo com a IL.
D2. Cenário 2: AD + IL é inferior a Geringonça 2.0. Montenegro refere que, tal como o PS exigiu linhas vermelhas em relação ao Chega, também o PSD as exige quanto ao PCP (e ao BE?). Deste modo, um acordo AD + IL teria mais deputados, pelo que o governo poderia continuar.
D2. Cenário 3: AD + IL é inferior à Geringonça, com PNS a recusar traçar linhas vermelhas ao PCP (e ao BE?). Montenegro afirma que a questão das linhas vermelhas está morta; das duas uma: ou faz um acordo com o Chega, ou força o partido do Ventosga a abster-se na votação ao programa de governo, com base na linha de argumentação "senão o PS volta".
D3. Diferença de votos residual, mas 3 ou mais deputados de diferença. Aplica-se o que foi dito acima.
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E. ÚNICA HIPÓTESE DE GOVERNAÇÃO DE PNS: 5 ou mais deputados de diferença; 100/200 mil votos de diferença; linhas vermelhas ao Chega; PCP, BE, LIVRE e PAN com os mesmos deputados; influência bem-sucedida da opinião pública, no sentido de convencer os portugueses que, da mesma forma que teve responsabilidade com o governo de PSD, também este partido deveria ter com uma nova governação do PS.