Pinto da Costa será sempre eterno.
O que deu ao FC Porto não é nem nunca poderá ser menorizado. O património material, o legado desportivo, a cultura que estabeleceu, a força com que lutou e os sonhos que tornou possível são algo que formarão para sempre parte do carácter do nosso clube. Pinto da Costa deu a sua vida ao FC Porto e com o seu sucesso colocou no mapa do país a identidade portuense e os seus anseios. No mapa da Europa e do mundo o nome de Portugal.
Não, não era um homem perfeito. Pinto da Costa terá o seu lado sombrio. Mesmo tendo consciência de que os caminhos condenáveis que trilhou não foram inventados por ele (ao contrário do que muitos adversário apregoam) é impossível dizer que Pinto da Costa não tenha jogado duro e, sem rodeios, com quase toda a certeza jogou feio. Mas jogou duro num campo inclinado para o status quo dos clubes lisboetas num país que não queria ver o Porto a vencer. Com lucidez e o enquadramento devido teremos também que dizer (sem querer desculpabilizar o que quer que seja) que navegou num mar que não era imaculado muitos anos antes de ele assumir quaisquer funções.
Mas goste-se ou não do Homem e goste-se ou não da gestão da última década é e será impossível não recordar com afeto o humor, inteligência e acutilância com que defendeu as nossas cores por mais de quatro décadas. Para os portistas mais novos que têm mais em mente um Pinto da Costa envelhecido e com o desgaste dos últimos anos de insucesso é difícil explicar a 'graça natural' dele e o que significava para todos os portistas a sua presença no clube nos anos 80, 90 e início de século. Nos seus rasgos mais sagazes Pinto da Costa era uma figura mística. A roçar o divino. Infelizmente acredito também ter sido esse estatuto de quasi-divindade que acabou por ser o fermento para uma incapacidade de autocrítica e, numa fase mais tardia da sua presidência, o facto de não ter sabido sair no melhor tempo.
A seu devido tempo e sem estar ao sabor das nossas últimas turbulências internas ninguém poderá deixar de colocar Pinto da Costa no topo do panteão Portista como homem que, não tendo fundado o clube, fundou o sentimento de SER PORTO como o conhecemos.
Obrigado Presidente, obrigado por tudo