Isso de um "bom plantel" tem muito que se lhe diga. Até porque ter ou não um bom plantel também depende muito do treinador, na minha opinião.
Um bom plantel, na minha ótica, é um plantel que tem 2 opções de qualidade para cada posição. Um muito bom e um bom para cada lugar, no mínimo. Ou seja, no máximo um bom plantel tem 25 ou 26 jogadores. Logo por aí, nós não temos um bom plantel, porque está mal construído, não está equilibrado. E isso começa pelo treinador.
Depois, há outra coisa que se prende diretamente com a mesma questão. Para teres 2 jogadores capazes em cada posição, antes tens de saber que modelos táticos vais usar. Não estou a falar das dinâmicas internas que variam de jogo para jogo ou consoante o intérprete, mas tens de ter uma noção de que posições queres preencher. Por exemplo, não precisas de ter 4 extremos se só vais utilizar 2 modelos táticos e um deles (ou os 2) não tem extremos. Por isso é que não sou grande fã de ver jogadores a rodarem muito de posição. Prefiro que cada um saiba exatamente o que tem de fazer e se especialize nisso. Isso também é uma opção tática, que depende do treinador. A polivalência é sempre muito útil, mas deve ser um recurso a evitar, usado apenas em casos de necessidade.
Resumindo, eu acho que não temos um bom plantel, porque 1) a qualidade está mal distribuída, umas posições com excesso de opções, outras com falta delas; 2) o treinador não soube escolher e filtrar os jogadores que interessavam devidamente; 3) não existe uma "tática-base" devidamente definida, parece que andamos a experimentar várias coisas ao mesmo tempo. Lembro, por exemplo, o Mourinho anunciar publicamente, no início da época, que o Porto ia utilizar 2 modelos: o 4-3-3 3 o 4-4-2 losango, consoante os jogos. A partir daqui, já há uma base para definir os jogadores que encaixam ou não, os que servem ou não para esse modelo de jogo.
Porém, como andamos ao sabor da corrente e o treinador ainda não parece sabe muito bem o que quer, qualquer um pode servir, daí termos o plantel extenso e inadequado que temos. Claro que, em algumas posições específicas, pode falar-se de falta de qualidade individual. Mas até isso depende muito do planeamento feito por quem comanda.